O homem mais rico do mundo e atual chefe do
Departamento de Eficiência Governamental dos Estados Unidos compartilhou na plataforma
X, uma de suas empresas, uma publicação que pede o impeachment do presidente
brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva. Um dos principais aliados de Donald
Trump no retorno à Casa Branca, o magnata retuitou, em seu perfil pessoal, uma
postagem com fotos dos protestos pela queda de Dilma Rousseff em 2016.
O post do bilionário somava mais de 22 milhões de
visualizações na manhã deste sábado. “Wow”, escreveu ele, ao compartilhar a
publicação.
A postagem original, do autor identificado como
Mario Nawfal, também foi compartilhada por aliados do ex-presidente Jair
Bolsonaro, num momento em que a oposição tenta mobilizar parte do público e
inflar a participação do que projeta ser uma “onda nacional de protestos”.
O senador Flávio Bolsonaro reproduziu em seu perfil
o compartilhamento de Musk e escreveu que “o resgate do Brasil já começou”. O
deputado federal Eduardo Bolsonaro também replicou a reação do bilionário em
suas redes sociais.
A publicação à qual reagiu Musk diz que as
manifestações contra Lula vão ocorrer em 120 cidades do país no próximo dia 16.
O autor original do post aponta que “o movimento está ganhando atração pelo
Brasil graças aos crescentes sinais de oposição ao governo [Lula]”.
Postagens como a de Mario Nawfal passaram a circular
mais ativamente no X desde a divulgação dos resultados da mais recente pesquisa
Datafolha, que expressou um tombo na popularidade de Lula. A atual gestão
atingiu o menor índice de avaliação positiva de todos os mandatos do petista na
série histórica do levantamento, num movimento puxado por segmentos que formam
a base de sustentação do presidente.
De acordo com nova pesquisa do instituto divulgada
na sexta-feira, o percentual do eleitorado que considera que Lula 3 é ótimo ou
bom caiu 11 pontos percentuais em apenas dois meses, de 35% para 24%. No grupo
que declara ter votado em Lula no segundo turno das eleições de 2022, a queda é
ainda maior, de 20 pontos. No quadro geral da população, a avaliação negativa
do governo (ruim ou péssima) também é recorde.
O Datafolha ouviu 2.007 eleitores entre 10 e 11 de
fevereiro para a nova pesquisa, que tem margem de erro de dois pontos
percentuais, para mais ou menos.
A publicação compartilhada por Elon Musk marca um
novo passo no atrito entre o bilionário e as autoridades brasileiras. No ano
passado, o X chegou a ficar suspenso durante meses no país, por ordem do
ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, que cobrava de Musk o
respeito a decisões judiciais e o pagamento de multas pelo descumprimento
delas. Após semanas de ataques ao que considerou ser uma atuação autocrática do
ministro, Musk cedeu, e o acesso dos usuários brasileiros foi restabelecido.
Lula defende a regulação universal das plataformas
digitais e acusa Musk de não respeitar as constituições dos países. A
primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, também se envolveu em um episódio
polêmico ao xingar Elon Musk durante um evento sobre combate à desinformação,
em novembro do ano passado.
Mais recentemente, o bilionário disse no X, em tom
conspiracionista e sem apresentar quaisquer provas, que o governo Joe Biden
financiou a vitória de Lula contra Jair Bolsonaro em 2022. A declaração foi
feita em resposta ao senador republicano Mike Lee (Utah), que se reunira nesta
quarta-feira com o deputado federal brasileiro Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
O posicionamento de Elon Musk ocorre dias após
Eduardo Bolsonaro aterrissar em Washington para se reunir com congressistas
aliados de Trump, incluindo Lee, em busca de informações que corroborem a
narrativa bolsonarista de que os EUA agiram em favor de Lula em 2022.
A viagem de Eduardo também faz parte de uma
estratégia para criar um clima favorável para pautar a anistia aos golpistas do
8 de janeiro no Congresso, projeto que em última instância pode favorecer Jair
Bolsonaro e reabilitá-lo eleitoralmente para 2026.
O Globo

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