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sábado, 22 de fevereiro de 2025

Secretário de Fazenda do RN defende cortes para reduzir gasto com pessoal



O secretário da Fazenda do Rio Grande do Norte, Carlos Eduardo Xavier, afirmou que o Estado precisará reduzir despesas para retornar ao limite prudencial de gastos com pessoal. Em entrevista ao AGORA RN, Cadu explicou que o comprometimento atual das receitas do RN com folha de pagamento ultrapassa o limite legal, atingindo 58%, o que representa cerca de R$ 1,4 bilhão em gastos anuais. “O Rio Grande do Norte está acima desse limite há mais de 20 anos”, afirmou o secretário, destacando que o problema é estrutural e não recente.

Cadu relembrou que em 2019, quando o governo Fátima Bezerra (PT) assumiu, o comprometimento com pessoal era de 66%, e após medidas de contenção, chegou a 53% em julho de 2022. “A gente vinha caminhando para chegar no limite prudencial, que é 49%, mas a partir dali houve uma inversão nessa curva”, explicou.

Ele atribuiu o retrocesso a fatores como a redução da alíquota do ICMS sobre combustíveis, determinada pela Lei Complementar 192 e 194 em 2022, e o aumento das despesas com a implantação do piso do magistério e reajustes salariais para categorias como segurança pública e saúde.

“Foi uma tempestade perfeita: queda brusca de receita e aumento de despesas”, resumiu o secretário. O corte no ICMS, especialmente sobre combustíveis, que são a principal base arrecadatória dos estados, impactou diretamente as finanças estaduais. Para conter o desequilíbrio, o governo aumentou a alíquota do ICMS para 20%, mas Xavier reconhece que isso não é suficiente para resolver o problema estrutural. “A nossa missão é chegar em dezembro de 2025 com um percentual menor do que a gente tinha em 2024”, afirmou.

Outro desafio citado pelo secretário são os repasses constitucionais aos poderes e órgãos autônomos, conhecidos como duodécimos. Segundo Xavier, o Estado repassa valores fixos mensais ao Judiciário, Ministério Público, Defensoria Pública e Assembleia Legislativa, mas há um problema com as sobras desses repasses.

“Os poderes estão consumindo todo o orçamento para não ter que devolver. Estão pagando atrasados, criando penduricalhos, e isso pressiona ainda mais as finanças do Estado”, criticou. Ele explicou que, por força de uma emenda constitucional, o duodécimo dos poderes aumentou 14,15% neste ano, enquanto áreas essenciais como saúde tiveram um crescimento orçamentário de apenas 5%.

Os bloqueios judiciais também são um ponto crítico nas contas estaduais. Segundo Xavier, o Estado sofre sequestros mensais de aproximadamente R$ 80 milhões em decisões judiciais. “É mais do que o que a gente financia para a saúde por mês”, afirmou. Esses bloqueios afetam diretamente o pagamento de fornecedores e serviços essenciais. O secretário destacou que a saúde pública, por exemplo, recebe entre R$ 40 e R$ 45 milhões mensais, quando o ideal seria entre R$ 70 e R$ 80 milhões. “Por isso faltam remédios, insumos e profissionais em hospitais”, explicou.

A situação também impacta o pagamento a fornecedores terceirizados. O secretário reconheceu atrasos que chegam a 180 dias e explicou que está buscando acordos para regularizar parcialmente os débitos. “A gente conseguiu dar uma organização administrativa ao Estado, mas a questão dos fornecedores ainda é nosso calcanhar de Aquiles”, admitiu. Ele disse que o governo pretende utilizar a maior parcela anual do Fundo de Participação dos Estados (FPE), recebida nesta segunda-feira, para aliviar parte dos atrasos.

Xavier também falou sobre o impacto das decisões fiscais nacionais no Rio Grande do Norte. Ele destacou que estados com maior dependência do ICMS sobre combustíveis, como o RN, Ceará e Paraíba, foram mais prejudicados pela redução nas alíquotas em 2022. “Estados como Mato Grosso e Goiás, que vivem o boom do agronegócio, têm menos dependência do ICMS dos combustíveis”, explicou. Para equilibrar as contas, o secretário defendeu uma reforma tributária que reduza a carga sobre o consumo e aumente a tributação sobre patrimônio e renda. “O problema é que no Brasil a carga tributária é quase toda concentrada no consumo”, criticou.

Outro tema abordado foi a energia eólica. O Rio Grande do Norte é o maior produtor de energia eólica do país, mas não se beneficia diretamente disso em termos de arrecadação. “A gente produz cerca de 6 gigawatts e consome apenas 1. O excedente vai para o sistema nacional, mas a tributação do ICMS é feita no consumo, não na origem”, explicou. Ele defendeu uma revisão das regras para permitir que estados produtores se beneficiem mais dessa arrecadação.

Xavier também comentou sobre a necessidade de melhorar o financiamento da saúde pública, citando que o maior problema enfrentado hoje no sistema estadual é o alto número de acidentes de moto. “Os hospitais estão lotados de acidentados de moto. É o maior gargalo da saúde pública hoje”, afirmou. Ele defendeu campanhas de conscientização e maior fiscalização para reduzir o número de acidentes.

Sobre o futuro político do Estado, Xavier não comentou diretamente as eleições de 2026, mas disse que qualquer governo precisará enfrentar o desafio de reduzir o comprometimento das receitas com pessoal e equilibrar as contas públicas. “Não é uma questão do governo Fátima ou do próximo governo. É o Rio Grande do Norte que precisa se reorganizar financeiramente para voltar a investir em áreas essenciais”, concluiu.

 

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