A queda acentuada da aprovação do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, que chegou a 24% de acordo com o Datafolha, surpreendeu
uma ala do governo. Ministros dizem sob reserva que uma redução era esperada,
mas o patamar tão baixo pegou muitos no contrapé.
Segundo o instituto de pesquisas, Lula nunca havia
registrado taxa tão baixa, considerando seus três mandatos. A maior queda entre
uma pesquisa e outra foi entre os próprios eleitores do presidente. Nesse
segmento, houve redução de 20 pontos percentuais, contra corte de 11 pontos na
média geral.
Um auxiliar presidencial diz que isso aponta para
tempos difíceis à frente. Isso porque o governo precisará de “cabeça fria” e
“serenidade” para navegar num ambiente adverso contando com recursos escassos.
Outro ministro diz que, como a pesquisa é o retrato
de um momento, ela não é uma sentença, mas os dados passam importante recado ao
governo. Para ele, o Datafolha deixa claro que uma parcela da população está
assustada e, por isso, o governo precisa “parar de errar”.
Na visão de aliados de Lula, o resultado da sondagem
reflete a crise do Pix, a alta da inflação e os erros de comunicação no ano
passado que levaram nervosismo ao mercado.
Por esse motivo, outra ala do governo fala que já
era possível antecipar a deterioração na aprovação do presidente. Um ministro
lembra que o efeito desses escorregões na popularidade de Lula já vinha sendo
apontado por pesquisas anteriores, como Quaest.
A diferença é que o Datafolha, em vez de falar
somente em aprovação e desaprovação do governo, classifica-o em “ótimo e bom,
“regular” e “ruim e péssimo”, o que deixa mais claro como o apoio ao presidente
minguou.
O fato de a maior parte dos eleitores ter migrado
para o grupo dos que avaliam o governo como “regular” e não ter encorpado logo
de caro o índice de desaprovação foi comemorado. Aliados de Lula dizem que isso
facilita a recuperação e há espaço de manobra razoável nos próximos meses. Um
deles diz que a rejeição a Lula não está “cristalizada”, o que aponta um
caminho para a melhora nos números.
De acordo com um auxiliar presidencial, o “pior já
passou” e as sondagens recentes encomendadas pelo Palácio do Planalto já
indicam, inclusive, alguma reação na avaliação da população.
O Globo

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