Sete em cada dez brasileiros e brasileiras não
apenas aprovam programas de transferência de renda, como o Bolsa Família, mas
creem que eles deveriam ser ampliados.
O dado faz parte de pesquisa do Datafolha de
avaliação do governo Lula dois anos após a posse.
No total, 71% dos entrevistados disseram ser
favoráveis à expansão. Foram 16% os que defendem a redução, enquanto 10%
gostariam de vê-los extintos. Três por cento não opinaram. A margem de erro é
de dois pontos percentuais.
A pesquisa ouviu 2.002 pessoas em idade superior a
16 anos residentes em 113 municípios de todas as regiões do país. As entrevistas
foram feitas entre 12 e 13 de dezembro.
O principal programa de transferência de renda do
governo federal é o Bolsa Família, que atende 20,7 milhões de famílias em 5.570
cidades. O número total de pessoas beneficiadas diretamente pela iniciativa é
de 54,3 milhões.
O valor mínimo pago é de R$ 600, com adicionais de
R$ 150 a cada criança até seis anos e R$ 50 para gestantes, crianças e
adolescentes entre 7 e 18 anos. O custo para o governo com este programa, neste
ano, é estimado em R$ 168 bilhões.
Também há outros benefícios para a população de
baixa renda, como auxílio gás, benefício de prestação continuada e tarifa
social de energia elétrica, por exemplo.
A maior defesa dos programas de transferência de
renda, segundo o Datafolha, vem das mulheres (75% das entrevistadas), entre as
pessoas entre 16 e 24 anos (81%), as que têm renda até dois salários mínimos
(78%), moradores do Nordeste (78%), eleitores que aprovam o governo Lula (82%)
e recebem o Bolsa Família (87%).
O apoio mais significativo à redução dos programas
está entre as pessoas de maior escolaridade (24% dos entrevistados) e que
reprovam a gestão de Lula (23%).
Em abril deste ano, o presidente disse não desejar
que o brasileiro seja “eternamente” dependente do Bolsa Família. Ele almeja, afirmou,
o aumento da classe média:
“A gente não quer um país de gente muito rica e de
gente muito pobre. Se possível, a gente quer um país em que você tenha uma
classe média sustentável, que tenha um padrão de vida digno, com escola, com
cultura, com salário. Que as pessoas possam ir jantar no final de semana num
restaurante, almoçar. Que as pessoas possam fazer uma viagem. É esse país que
nós sonhamos.”
Se comparados os números entre os que declararam
voto em Lula ou Jair Bolsonaro na eleição presidencial de 2022, os que apoiaram
o petista são mais favoráveis à ampliação dos programas de transferência de
renda.
Dos eleitores de Lula entrevistados pelo Datafolha,
81% defendem a extensão. Entre os bolsonaristas, são 56%. Enquanto 12% dos
apoiadores do atual presidente acreditam que os programas deveriam ser
reduzidos e 5%, extintos, os índices entre os defensores de Bolsonaro são 22% e
17%, respectivamente.
São números semelhantes quando a pergunta é qual o
partido de preferência: dos que declararam ser o PT, sigla do governo, 82%
defendem a ampliação, 10% a redução e 5% a fim do programa (2% disseram não ter
opinião). Nos simpatizantes do PL de Bolsonaro, 54% querem a expansão, 24% a
redução e 21%, o fim do Bolsa Família.
São 22% os que declararam receber o benefício ou
morar alguém que recebe. Eram 24% em dezembro do ano passado. O maior índice já
registrado pelo Datafolha foi 28% em setembro de 2022
O Bolsa Família está no centro de discussão sobre o
recém-regulamentado das bets no Brasil. Dados divulgados pelo Banco Central em
setembro deste ano mostram que beneficiários do programa gastaram cerca de R$ 3
bilhões em apostas apenas em agosto. Embora o número tenha sido contestado,
abriu debate sobre o assunto.
Integrantes do governo federal querem que medidas
sejam adotadas para impedir os inscritos no Bolsa Família de usarem o dinheiro
para apostar. O STF (Supremo Tribunal Federal) determinou que medidas sejam
adotadas.
A maioria dos brasileiros (67%) também considera a
sua renda familiar insuficiente, sendo que 42% avaliam faltar dinheiro para
chegar ao fim de cada mês. Os que afirmam passar por grandes dificuldades
financeiras são 25%, o maior número já registrado em pesquisas do Datafolha
para esta questão.
Em comparação com as duas últimas pesquisas
realizadas sobre o tema, a taxa dos que avaliam a própria renda familiar como
insuficiente cresceu. Eram 37% em dezembro de 2022 e 39% no final de 2023.
Foram 22% que avaliaram terem exatamente o dinheiro
que precisam para sobreviver, enquanto 4% disseram ter mais do que o
suficiente.
Folha de São Paulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário