O ano de 2024 foi o mais quente da história. É o que
aponta o levantamento do observatório europeu Copernicus, divulgado nesta sexta-feira
(10). O ano passado foi o primeiro a ultrapassar o limite de 1,5ºC de
aquecimento em relação aos níveis pré-industriais (1850-1900) – estipulado pelo
Acordo de Paris. O que isso pode indicar para a nossa saúde?
Segundo estudos apresentados pelo Painel
Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) das Nações Unidas, o
acréscimo a partir de 1,5ºC na temperatura média global pode aumentar o índice
de doenças respiratórias, cardiovasculares e até renais no Brasil. E esse
número vai aumentando até chegar a 4ºC.
Além disso, as mudanças climáticas, segundo o Ministério
da Saúde, podem aumentar o nível de estresse e problemas de saúde mental em
geral na população.
Um outro estudo da Universidade de São Paulo (USP) e
da Monash University, na Austrália, revelou que 7,4% de todas as
hospitalizações por doença renal podem ser atribuídas ao aumento na
temperatura. Para chegar a esse resultado, foram analisadas 2.726.886
hospitalizações por doenças renais registradas durante o período de estudo
(2000 a 2015).
Frio extremo também pode ser nocivo, mas
calor é ainda pior
6% das mortes em cidades da América Latina são
ocasionadas por extremos (temperaturas altas ou baixas demais). É o que aponta
um estudo com a participação da pesquisadora brasileira Waleska Teixeira
Caiaffa, do Departamento de Medicina Preventiva e Social da Faculdade de
Medicina da UFMG, que analisou a relação entre a temperatura a mortalidade em
326 cidades de nove países da América Latina descobriu que 6% das mortes são
ocasionadas por extremos (tanto baixa, quanto alta).
Crianças e mulheres grávidas são as mais
prejudicadas
Crianças brasileiras enfrentam atualmente cinco
vezes mais dias de calor extremo em comparação àquelas da década de 1970.
O levantamento compara dados dos anos 1970 e do
período de 2020 a 2024, apontando um aumento significativo nos dias com
temperaturas superiores a 35°C. Na década de 1970, a média era de 4,9 dias por
ano; já em 2020, esse número saltou para 26,6 dias.
Segundo o estudo, o calor excessivo provoca estresse
térmico, colocando em risco a saúde e o bem-estar, não apenas das crianças, mas
também de mulheres grávidas. Entre os impactos estão a desnutrição infantil e
uma maior vulnerabilidade a doenças como malária e dengue.
O relatório também destaca o aumento de ondas de
calor, caracterizadas por três ou mais dias consecutivos com temperaturas
máximas 10% acima da média local. Esses eventos climáticos extremos, como
enchentes, secas e queimadas, afetam com mais intensidade crianças e
adolescentes, que sofrem as consequências por períodos mais longos
O que fazer?
Veja as recomendações para clima quente
e seco, de acordo com o percentual de umidade.
Entre 30% a 20%
- Evitar
exercícios físicos ao ar livre entre as 11h e 15h;
- Umidificar
o ambiente através de vaporizantes, toalhas molhadas, recipientes com
água;
- Sempre
que possível permanecer em locais protegidos do sol;
- Beber
bastante água.
Entre 20% a 12%
- Observar
as recomendações do estado de atenção;
- Não
fazer exercícios físicos e trabalho ao ar livre entre 10h e 16h;
- Evitar
aglomerações em ambientes fechados;
- Usar
soro fisiológico nos olhos e narinas.
Abaixo dos 12%
- Observar
as recomendações do estado de atenção;
- Interromper
qualquer atividade ao ar livre entre às 10h e 16h como aulas de educação
física, coleta de lixo, entrega de correspondências, entre outras;
- Determinar
a suspensão de atividades que exijam aglomerações de pessoas em recintos
fechados como aulas, cinemas, entre as 10h e 16h;
- Durante
as tardes, manter com umidade os ambientes internos, principalmente,
quarto de crianças.
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