Governo Lula descobre que preço alto da comida não é
fake news e se perde na busca por solução
Dois mil e vinte seis já começou, presidente mandou
dar um jeito já, e a turma não sabe por onde começar
O governo Lula parece ter descoberto que o preço da
comida está pela hora da morte. Donde este barata-voa. Desespero. Alguém da
rapaziada palaciana deve ter ido ao mercado e constatado: não é fake news. O
alimento está caríssimo, o cidadão pagando mais – de uma semana para outra –
pelo mesmo produto.
É a corrosão do salário. O que faz humor e voto. A
ficha de súbito caindo; para abalar a arrogância dos esnobes que se jactavam de
uma autossuficiência do aumento artificial do PIB, como se isso – o voo de
galinha insustentável – bastasse para o sujeito que, com algum a mais no bolso,
vê seus dinheiros evaporarem na feira. O que faz humor e voto. (E ainda não
estamos falando do represamento, por estourar, do preço dos combustíveis.)
Dois mil e vinte seis já começou, Lula mandou dar um
jeito já, e a turma não sabe por onde começar. Um perigo.
Essa rapaziada do governo popular não pisa no mesmo
chão que o trabalhador – e então o susto. Alguém foi ao açougue, voltou
correndo e bateu ao presidente: “que mané picanha. Não dá nem para comprar
alcatra.”
Chama o marqueteiro! Desespero. O tempo é curto, se só
se pensa em eleição. Há limites para o que se possa fazer – organicamente –
pelo preço dos alimentos; muitos limites, se se precisa comprar mais autonomia
para que o voo de galinha engane, por águia, até 26.
O corpo expansionista do governo joga contra – e
começou o segundo tempo do mandato. A jorração artificial de bilhões na
economia para estimular o consumo, sem que haja produção à altura, está no
fundamento do problema. E ninguém ouviu algum dos desesperados falar em corte
de despesas.
Chama o marqueteiro! (Deveria assustar mais o tanto
de expectativa que vai depositada no homem.) Dois mil e vinte cinco será – você
ouviu Lula dizer – o ano da grande colheita. (Nada a ver com a projetada
excelente safra de grãos.) Essa também fora a promessa para 2024. Talvez seja o
caso de se avaliar a possibilidade de que aquilo que foi plantado não ter
vingado.
Com o perdão de Caminha: em se plantando, nem tudo
dá. Isso na hipótese de que algo tenha sido semeado. A turma afirma que sim,
que plantou, que vai ainda brotar. Por via das dúvidas: chama o marqueteiro!
Antes do marqueteiro veio o desesperado Rui Costa.
Dois mil e vinte seis já começou, Lula mandou dar um jeito – e a turma acha que
sabe por onde começar. Um perigo. O presidente mandou não inventar. O ministro
da Casa Civil obedece; não inventa. Requenta. O que já não deu certo. O DNA se
impõe.
Costa e o seu “conjunto de intervenções” para baixar
o preço da comida – que ele pede para ser chamado de “conjunto de medidas”.
Agora vai. Lula quer solução fora da caixa, para efeito urgente. A rapaziada
não lhe faltará com ideias.
Carlos Andreazza - Estadão
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