Obras de requalificação nas praias ajudam a aquecer turismo em Natal

A chegada da alta estação, somada à engorda de Ponta Negra e às obras de requalificação da orla e de equipamentos turísticos de Natal, tem animado os comerciantes da capital, que projetam alta nas vendas e já comemoram a grande circulação de visitantes. Os efeitos da presença de turistas e natalenses nas praias geram impactos positivos para todo o litoral potiguar, com o incremento na venda de passeios, por exemplo. A região de Pipa é a mais procurada, com destaque para as excursões de buggy e em veículos 4×4. Diante do cenário atual, agências já dizem vender quatro vezes mais e projetam aumentar em até 80% o fechamento de novos negócios.

Entre ambulantes e quiosqueiros, o clima também é de otimismo e não apenas em Ponta Negra, na zona Sul da cidade. Quem trabalha na zona Leste, em locais como a Praia do Meio, comemora a chegada em peso dos visitantes e vislumbra um veraneio de boas vendas. A região conta com serviços em andamento para a requalificação de quiosques, construção de praças, quadras e instalação de pista de skate. Na Redinha, na zona Norte, o que tem chamado a atenção dos visitantes é o novo Mercado Público, inaugurado no dia 26 de dezembro de 2024.

Em Ponta Negra, o avanço da obra de engorda permite que os banhistas aproveitem a faixa de areia nas áreas cujos serviços já foram concluídos, sem a preocupação de perder espaço quando a maré sobe. Como resultado, mais visitantes vão ao local e ajudam a incrementar os negócios de quem trabalha na orla. Gerente de um dos quiosques da praia, João Maria Inácio, mais conhecido como Maradona, conta que espera aumentar as vendas em 50% neste verão, graças à alta movimentação registrada. “A gente espera que o cenário só melhore nos próximos 20 dias”, relata.

Juceleide Cardoso, que vende passeios para o litoral, também está animada. Ela espera um aumento de até 80% nas vendas nesta alta estação. “Estamos muito esperançosos com a engorda. Vendemos muito para Pipa e Maracajaú, em especial os passeios de buggy e de 4×4”, conta. Concorrente de Juceleide, Luan Salomão revela que já vende quatro vezes mais do que no período de baixa estação. O segredo, de acordo com ele, é caprichar no trato aos clientes. “Na hora da abordagem, a palavra chave é encantamento. É preciso encantar as pessoas”, ensina.

Apesar das boas perspectivas, os comerciantes de Ponta Negra esperam que haja melhorias estruturais para além da engorda. “Aqui na agência, damos descontos, fazemos combo, nos preocupamos em oferecer o melhor. Agora, o poder público precisa fazer a parte dele. Faltam banheiros e alguns quiosques não funcionam”, afirma Juceleide. “Precisa reformar o calçadão também”, aponta Salomão”. “E não há chuveiros nem estacionamento”, completa Maradona.

A reportagem procurou a Prefeitura do Natal para obter um posicionamento acerca das reclamações. A Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (Semsur), responsável pela administração dos banheiros, informou que “alguns deles estão em reforma. Há unidades já reformadas e em funcionamento. Funcionários da Semsur estão presentes para garantir a limpeza, ordem e higiene”.

Sobre a falta de chuveiros e estacionamento, a Prefeitura explicou que “a nova gestão, que assumiu em 1º de janeiro, está em fase de transição, tomando ciência das demandas e, assim que tiver conhecimento sobre a totalidade dos problemas, vai planejar os serviços necessários a serem executados”.

Abertura de Mercado da Redinha atrai visitantes

Na Redinha, a reabertura do Mercado Público, em 26 de dezembro, animou os comerciantes, que celebram a chegada dos banhistas e a alta de até 100% nas vendas. Com isso, as expectativas para janeiro e os próximo três meses, com o ápice das temperaturas mais quentes, são animadoras. Mas ainda falta infraestrutura, conforme relatos obtidos pela reportagem. A falta de banheiros é o principal problema. Eliano Brito vende iguarias como tapioca, peixe frito e macaxeira. O grande fluxo de pessoas registrado desde dezembro fez as vendas explodirem nos últimos dias.

“A praia está ficando lotada, então, nossa expectativa é de muitas vendas, com aumento de 100% na saída dos produtos”, pontua. Alguns pontos, no entanto, eu acho que pode melhorar, como a construção de banheiros. Como eu moro aqui perto, acabo levando os banhistas para usar o banheiro lá de casa e isso não é correto. Quando acontece algum evento, colocam banheiros químicos, mas é uma medida insuficiente”, afirma o vendedor. Álvaro Guedes, ambulante na Redinha há 15 anos, compartilha da mesma queixa. “A procura pela praia melhorou muito com a abertura do Mercado, mas faltam ajustes, como a construção de banheiros”, diz.

Ele ressalta, no entanto, que a necessidade de ajustes não afasta os visitantes, os quais têm procurado a praia em peso após a inauguração do Mercado. Maria Dora Alice, que possui um mercadinho e um restaurante bem ao lado do Mercado da Redinha, celebra a reabertura do equipamento. Na quinta-feira (2), ela abriu os dois estabelecimentos apenas para fazer a limpeza, já que os últimos dias foram de muito trabalho, em razão da grande circulação de pessoas na praia. “O movimento está tão intenso que fechei o restaurante para poder dar conta do recado, afinal, preciso reabastecer e fazer a limpeza do local”, fala.

“A abertura do Mercado está sendo excelente para nós”, afirma ela, que cita, a exemplo dos colegas comerciantes, a falta de banheiros como um gargalo para a região. “Sem dúvida, é uma ajuste que precisa ser feito”, indica. Sobre a reclamação dos comerciantes, a Semsur respondeu que “a área da Redinha conta com banheiros públicos no Mercado, funcionando normalmente. Nos finais de semana (sexta, sábado e domingo), três banheiros químicos são disponibilizados. Todos são supervisionados por funcionários da Semsur”.

Na Praia do Meio, a grande movimentação anima os comerciantes, a exemplo do que ocorre em outros locais da orla da cidade. “Espero aumentar as vendas em 300% em média. Realmente, tem muita gente vindo para cá”, disse Nildo Souza, conhecido como Jogador. “Graças a Deus, tenho voltado para casa com o isopor vazio. Não tenho do que reclamar e, com as obras que estão sendo feitas, creio que tudo vai melhorar bastante”, comemora Ana Carla, que vende sobremesa na praia.

Natalenses aproveitam dias de sol na orla

Para muita gente, os primeiros dias do ano são a época ideal para desfrutar com a família e os amigos, tendo a praia como destino. Foi o que fez a costureira Taise Catarina, de 36 anos, na quinta-feira (2). “Vou aproveitar o banho de mar e comer um peixinho”, disse ela, que veio de São Gonçalo do Amarante, na Grande Natal, com a mãe, o padrasto e a filha para curtir a Redinha. Quem também decidiu aproveitar o banho de mar no segundo dia de 2025 na região foi a técnica de enfermagem Maria dos Prazeres, de 64 anos.

“Estou com uma amiga e minha sobrinha. Já que passei Natal e Ano Novo em casa, aproveitei o dia para tomar um sol na praia”, revelou. O economista Diego Gomes, de 33 anos, levou toda a família para a Redinha na intenção de conhecer o Mercado Público. Ele, a esposa, a mãe, o pai e a filhinha de cinco meses chegaram à praia por volta das 9h, decididos a aguardar a abertura do equipamento, mas se surpreendeu ao saber que o local só funciona ao meio dia.

“Moramos em Cidade Satélite [zona Sul de Natal], então, eu conheço o Mercado só de passagem, pela calçada. Já que está fechado, a gente vai ficar aqui na barraca até a hora de abir. Não vai ter problema algum, porque a paisagem aqui é muito bonita”, comentou o economista. Sobre a questão, a Prefeitura respondeu que, assim como os demais problemas fruto de questionamento da reportagem, deve planejar as soluções após tomar ciência da demanda, uma vez finalizado o processo de transição em curso.

Na sexta-feira (3), às vésperas do final de semana prolongado em razão do feriado de Reis em Natal, na segunda-feira (6), o cenário, mas uma vez, foi de praias cheias. “Trouxe minha cunhada e minha sobrinha. Viemos para cá, por causa da tranquilidade”, comentou Margot Brito, que escolheu a Praia do Meio para relaxar. O operador de máquinas Matheus Carvalho, por sua vez, escolheu Ponta Negra para levar a namorada. “Vim ver como está ficando o espaço com a engorda. Vi que está ótimo. Estamos todos de férias, então, demos início à temporada de praia”, disse.