Com a obra da engorda da praia de Ponta
Negra quase concluída, ampliando em 100 metros a faixa de areia,
cresce a expectativa de uma requalificação completa na orla urbana, capaz de
transformar o principal cartão-postal de Natal.
A reportagem do AGORA RN constatou que, embora o avanço na
faixa de areia represente um marco histórico, ainda existem muitos desafios que
comprometem a experiência de turistas, visitantes e moradores.
Entre os problemas mais críticos está a falta de banheiros públicos em
funcionamento. Os poucos banheiros existentes permanecem fechados ou em
condições precárias, gerando constantes reclamações.
O italiano Marino Dormenico, de 84 anos, que visita Natal regularmente com a
família para fugir do inverno europeu, destacou a questão: “Aqui na praia tem
que fazer banheiro. Todo mundo na praia… A Itália é cheia de praia, de turismo,
mas lá tem banheiro. Tem que fazer isso.”
Daniele Cristina, de 19 anos, do Mato Grosso do Sul, reforçou o problema da
higiene dos banheiros: “Eu achei muito bom que teve a engorda da praia,
aumentou bastante a parte da areia, mas o banheiro eu acho que poderia melhorar
um pouquinho, na questão de higiene também. A maioria está muito sujo, com um
odor também não muito agradável.”
Outro ponto sensível é a condição do calçadão. Buracos ainda estão presentes,
especialmente em trechos de madeira, onde pedras foram improvisadas como
sinalização. Além disso, o acesso ao calçadão e à praia sofre com escadas
irregulares e improvisadas, feitas de sacos de areia e cordas, comprometendo a
segurança.
A limpeza, embora reforçada pela presença de agentes da Urbana, ainda é um
problema visível. Apesar das lixeiras distribuídas ao longo da orla, sacolas de
lixo acumuladas no chão prejudicam o visual. Marino Dormenico também comentou
sobre a organização da praia: “Tem muita loja, tem restaurantes, tem serviço,
mas aqui falta banheiro e precisa cuidar mais da limpeza”.
A ausência de fiscalização é outro ponto
preocupante. Não há presença de agentes da Secretaria Municipal de Meio
Ambiente e Urbanismo (Semurb), conforme relataram comerciantes, e a falta de
fiscalização de trânsito pela Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (STTU)
resulta em estacionamentos desordenados.
No calçadão, ambulantes dividem espaço com pedestres. Embora a maioria esteja
em carrinhos e em movimento, o excesso de vendedores muitas vezes dificulta a
circulação em horários de maior movimento.
Apesar dos desafios, a praia apresenta pontos
positivos que garantem uma boa experiência a seus visitantes. O policiamento é
eficiente, com viaturas passando regularmente pela orla e oferecendo sensação
de segurança. Eduardo Cardoso, de 43 anos, da Bahia, que está em Natal pela
segunda vez, elogiou a hospitalidade local: “A praia, de certa forma, é um
paraíso. O Nordeste brasileiro faz com que a gente nem saia daqui. Não temos
nada para reclamar, só agradecer”.
Os bombeiros também estão presentes, transitando em
viaturas pela areia, prontos para atender emergências. A sinalização da orla é
adequada, com placas informativas e lixeiras estrategicamente posicionadas.
Outro destaque são os quiosques, que apresentam boa estrutura, sem danos
visíveis ou reclamações dos responsáveis. Daniele Cristina também aprovou o
calçadão: “No geral, aqui no calçadão está muito bom, gostei bastante”.
Eduardo Cardoso reforçou a admiração pela beleza natural e a estrutura da
praia: “A avaliação é boa. Hoje à noite vamos avaliar a iluminação, mas até
agora, estou maravilhado e querendo ficar mais alguns dias aqui.”
A engorda de Ponta Negra representa um avanço histórico, recuperando a faixa de
areia e ampliando o espaço para moradores e turistas aproveitarem a praia.
Adelmo Medeiros, de 51 anos, do Rio de Janeiro, reconheceu o esforço: “Eu acho
legal o calçadão, estou gostando. A engorda é um avanço interessante, mas não
consegui observar muito ainda porque estou chegando agora”.
No entanto, sem a solução dos desafios estruturais e operacionais, o impacto
total dessa obra poderá ser comprometido. A requalificação da orla exige um
esforço conjunto entre autoridades e comerciantes para garantir que a nova
Ponta Negra seja, de fato, um símbolo de modernização e acolhimento.
Enquanto os problemas persistirem, o potencial dessa obra histórica continuará
subaproveitado. Como disse Marino Dormenico, que visita Natal há mais de 10
anos: “Antigamente era melhor, mas agora vamos ver esse trabalho que fizeram.
Só espero que resolvam os problemas para ficar ainda melhor”.
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