Falta de laboratórios de informática e ciências,
ausência de quadras, além da inexistência de bibliotecas e salas de leitura.
Essas são algumas das carências em escolas do Rio Grande do Norte constatadas
pelo Anuário Brasileiro da Educação Básica 2024, divulgado nesta quarta-feira
(13), com um raio-x de uma série de questões da educação básica potiguar e
brasileira. O documento avalia as escolas potiguares de maneira geral, sejam
estaduais, municipais ou federais.
A publicação reúne dados públicos sobre educação
brasileira do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do
Ministério da Educação, além de análises das informações.
Segundo o relatório, de 2.694 escolas das três redes
existentes no Estado, 80,2% não possuem quadras de esportes; 43,5% não possuem
bibliotecas e/ou salas de leitura; 92,2% não possuem laboratório de ciências e
71,1% não contam com laboratório de informática em suas estruturas. Outro ponto
que chama a atenção é a ausência de internet em 6,5% dessas escolas. O
relatório não divulga os números absolutos nem as escolas com deficiências.
Na avaliação da especialista e doutora em Educação
sobre práticas pedagógicas exitosas, Cláudia Santa Rosa, as carências de
espaços de aprendizagem e equipamentos nas escolas potiguares “são
significativas” e “em muito respondem pela baixa qualidade de ensino que o RN
ostenta nas estatísticas educacionais”. Vale lembrar que o Estado atingiu, pela
segunda vez consecutiva, a pior nota do Brasil no ensino médio público da rede
estadual, com 3,2. O número é 0,9 ponto abaixo da média nacional. O resultado
do Índice de Desenvolvimento de Educação Básica (Ideb) de 2023 também aponta a
educação pública potiguar do Ensino Fundamental Anos Finais (6º ao 9º ano) com
a menor nota nacional.
“Biblioteca e sala de leitura são o básico, mas
metade das escolas não dispõe desse espaço, assim como laboratório de ciências
que praticamente não existe. Para uma geração do digital oferecemos mais de 70%
das escolas analógicas, sem contar nem mesmo com um laboratório de informática.
A internet que cobre mais de 90% das escolas, destina-se ao trabalho
burocrático. Menos de 20% das escolas conta com quadra de esportes” avalia a
especialista.
Ela cita ainda que a falta de infraestrutura nas
unidades escolares em todo o RN dificulta a atração das crianças e jovens “em
manterem o encantamento pelo ato de estudar. Como vemos, a maioria se reduz as
salas de aula”, aponta.
A reportagem da TRIBUNA DO NORTE tentou contato com a
União União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação no RN (Undime-RN)
para repercutir o relatório, mas foi informada da impossibilidade de entrevista
por questões de agenda. A TN também enviou questionamentos à Secretaria de
Estado da Educação e da Cultura do RN (SEEC-RN), mas não obteve retorno até o
fechamento desta edição.
Professores têm formação inadequada
Um em cada três professores de escolas públicas não
tem a formação adequada para a disciplina que leciona. Considerando tanto as
escolas públicas quanto as privadas, 12,8% dos docentes não possuem sequer
graduação. Os dados são do Anuário Brasileiro da Educação Básica, lançado nesta
quarta-feira (13) pela organização Todos Pela Educação, a Fundação Santillana e
Editora Moderna.
Ainda segundo o anuário, ao todo, 68% dos
professores da rede pública têm formação adequada na disciplina da qual dão
aula na educação infantil e no ensino médio. Nos anos iniciais do ensino
fundamental, do 1º ao 5ºº ano, essa porcentagem sobe para 79%. Mas, nos anos finais,
do 6º ao 9º ano, cai para 59% dos docentes formados nas áreas em que lecionam.
“A escola contar com uma boa infraestrutura, com os
equipamentos, materiais e insumos necessários para garantir o direito à
aprendizagem só se completa com um corpo docente devidamente preparado. O
Anuário revelou que o Brasil ainda amarga um terço dos seus professores sem a
licenciatura na área que atua. Somando-se a outras mazelas é fácil
compreendermos os resultados precários que alcançamos. São muitas frentes que o
país precisa dedicar atenções se quiser vencer o atraso. Cada ente precisa
assumir as suas responsabilidades”, avalia a especialista em educação, Cláudia
Santa Rosa.
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