Três em cada dez homens nunca fizeram nem pretendem
fazer o exame de toque retal, mostra um estudo do hospital A.A.Camargo Cancer
Center feito em parceria com a Nexus. A mesma pesquisa aponta ainda que 44% dos
entrevistados não têm conhecimento sobre prevenção ao câncer de próstata. Hoje,
dia 17 de novembro é o Dia Mundial de Combate ao Câncer de Próstata, que dá
origem à campanha Novembro Azul.
Segundo a SBU (Sociedade Brasileira de Urologia), no
último ano a doença matou, em média, 47 homens por dia no Brasil. O exame de
toque é uma das formas de descobrir se o paciente tem ou não o câncer de
próstata.
Professor titular da USP (Universidade de São Paulo)
e vice-presidente da SBU, Rodolfo Reis diz que o teste faz parte do protocolo
de exame físico para rastreio da doença. “Além de ser mais acessível, é por
onde muitas vezes detectamos a presença de nódulos”, afirma o especialista.
Outro teste usado para rastreio da doença é o PSA,
um exame de sangue. De acordo com médicos, os dois devem ser realizados
conjuntamente, como complementares.
Líder do Centro de Referência em Tumores Urológicos
do A.C.Camargo, Stênio Zequi diz que o protocolo de testes precisa ser individualizado
e, embora o exame de toque já tenha sido mais popular, ainda é importante
porque é mais barato e acessível.
“É um exame indolor que avalia o tamanho da
glândula, dimensões e limites. Durante o processo, o médico vê se encontra
alguma irregularidade ou alguma área endurecida que possa sugerir um câncer”,
explica Zequi.
Hoje, o acompanhamento para rastreio do câncer de
próstata é indicado para homens com mais de 50 anos. Se o indivíduo tem algum
histórico da doença na família, deve começar um pouco mais cedo, aos 45 anos.
Dentre os entrevistados mais jovens, com idades
entre 16 e 24 anos, 49% disseram que nunca fizeram nem pretendem fazer o exame
de toque retal. De acordo com Reis, a explicação para isso pode estar
relacionada à distância que esse público têm do problema.
“Os homens de 18 a 30 anos raramente vão procurar um
urologista porque a doença para essa faixa etária ainda é distante”, diz o
médico.
A pesquisa apontou também que 60% dos entrevistados
entendem que o exame de toque é necessário independentemente de sintomas para
câncer de próstata, e 64% dizem que o médico deve ser consultado mesmo que o
paciente não apresente sinais da doença.
O levantamento mostrou ainda que mais da metade dos
homens entrevistados (53%) diz acreditar que o câncer de próstata é uma doença
típica de homens mais velhos. E de fato é, segundo Zequi.
“A grande maioria dos pacientes com câncer de
próstata tem mesmo mais de 50 anos”, afirma Zequi, fazendo a ressalva de que já
atendeu pacientes mais novos com a doença.
Dos entrevistados para a pesquisa, 44% disseram não
ter conhecimento sobre quais são os métodos de prevenção da doença. O
vice-presidente da SBU explica que não existem exames preventivos para esse
tipo de câncer, mas afirma que o diagnóstico precoce é essencial para um
tratamento mais efetivo.
O câncer de próstata, de acordo com o especialista,
está relacionado a fatores genéticos, e isso explica por que aqueles com casos
da doença na família devem começar o rastreio antes. Reis, da SBU, acrescenta
que até mesmo quem tem parentes mulheres com histórico de câncer de mama devem
procurar auxílio médico antes dos 50.
Os entrevistados também foram questionados sobre
mitos e verdades em relação ao câncer de próstata, e 68% disseram acreditar que
homens que tiveram ou têm problemas no órgão tem mais risco de desenvolver
disfunção erétil.
O levantamento ouviu 966 homens com idade a partir
de 16 anos em todos os estados brasileiros. A margem de erro da pesquisa é de 3
pontos percentuais, e o intervalo de confiança é de 95%. As entrevistas foram
realizadas entre os dias 18 e 24 de setembro deste ano.
Folhapress
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