Última chance para o PT conquistar alguma capital, o
segundo turno não trouxe boas notícias para o partido até agora, a menos de uma
semana da votação. As pesquisas mostram que a sigla do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva está atrás nas quatro cidades em que tem candidatos próprios —
como é o caso de Natália Bonavides (PT), em Natal. Com exceção de Cuiabá, os
correligionários de Lula penam para herdar os votos que foram do presidente na
eleição de 2022.
Há quatro anos, o partido ficou sem vencer em
capitais pela primeira vez desde que foi fundado. Retomar ao menos uma este ano
é considerado um feito de valor simbólico. Além de Cuiabá, o PT disputa em
Fortaleza, Natal e Porto Alegre. Em todas elas, os postulantes petistas
passaram para o segundo turno já em desvantagem.
Os resultados com mais chances de virada são
registrados nas cidades onde o embate é com o PL de Jair Bolsonaro: Fortaleza e
Cuiabá. Na maior capital do Nordeste, Evandro Leitão está dois pontos atrás do
bolsonarista André Fernandes (PL) — que vem evitando se associar a Bolsonaro na
campanha, dada a rejeição ao ex-presidente.
O resultado é de 45% a 43%, segundo a pesquisa
Datafolha mais recente. Lula chegou a ir a Fortaleza para tentar impulsionar
Leitão, mas a virada ainda não foi captada pelas pesquisas. O candidato tem
apenas 70% dos votos que foram do presidente em 2022, enquanto Fernandes
abocanha 91% dos bolsonaristas, de acordo com o levantamento.
Natal e Cuiabá
Também no Nordeste, o partido de Lula fica atrás em
Natal, no Rio Grande do Norte. Natália Bonavides tem 39%, contra 45% de
Paulinho Freire (União). A petista até encorpou as intenções de voto após o
primeiro turno — ficou com 28,4% dos votos válidos nas urnas, e Paulinho, 44%.
Mas, a exemplo de Leitão, Bonavides pena para herdar um percentual maior de
lulistas: somente 67% declaram voto nela, contra 81% de bolsonaristas que optam
pelo adversário.
Como a margem de erro é de três pontos para mais ou
para menos, o cenário de intenções de voto configura empate no limite da margem
de erro. Se Bonavides estiver com três pontos a mais e Freire, três a menos,
eles ficam iguais. A hipótese, no entanto, é remota, segundo reportagem de O
Globo.
Natal é um exemplo de capital que pertence a um
estado comandado pelo PT, mas onde o partido tem dificuldades para eleger
prefeito. Se em Fortaleza a sigla já esteve à frente da prefeitura mais de uma
vez — foi, inclusive, a primeira capital conquistada pela legenda, em 1985, com
Maria Luíza Fontenele — , em solo natalense nunca se consolidou.
Outra capital com diferença apertada, mas na qual o
PT também está em segundo, é Cuiabá. Apesar de o Centro-Oeste ser um reduto
bolsonarista, Lúdio Cabral (PT), com 41%, tem apenas três pontos a menos que
Abilio Brunini (PL). O resultado configura empate técnico, a despeito da desvantagem
numérica.
Na capital mato-grossense, a esperança reside numa
lógica oposta à aplicada nas cidades nordestinas: é menos investimento no
petismo e mais na rejeição ao adversário, e Cabral faz uma campanha em que não
reforça tanto a vinculação ao partido e a Lula. Os dados corroboram: num
município pouco lulista, o candidato já conta com 84% dos eleitores dele, mais
que os 76% de simpáticos a Bolsonaro que escolhem Brunini.
‘Goleada’ no Sul
Se no Nordeste e no Centro-Oeste os resultados são
apertados, no Sul o PT vem perdendo de lavada. Em Porto Alegre, Rio Grande do
Sul, Maria do Rosário aparece com 30% na Quaest da semana passada. Candidato à
reeleição, Sebastião Melo (MDB) vai a 52%.
Assim como Fortaleza, Porto Alegre foi uma
importante base municipal do PT. Entre 1988 e 2000, venceu todas as quatro
eleições na cidade. De lá para cá, no entanto, perdeu espaço e não voltou a ser
bem-sucedido nas urnas.
Barreira em SP
Além das candidaturas próprias, o partido aparece
atrás em São Paulo, maior cidade do país, onde Boulos, com a vice petista Marta
Suplicy, foi uma grande aposta de Lula, mas atrai hoje meros 65% dos eleitores
do presidente, segundo o Datafolha.
Na capital paulista, o candidato da esquerda não
consegue passar dos 33% — percentual registrado no Datafolha por duas semanas
seguidas, assim como na Quaest de quarta-feira passada. O prefeito Ricardo
Nunes (MDB) até perdeu votos na esteira do apagão que deixou mais de 3 milhões
de paulistanos sem energia, mas Boulos não cresceu. O emedebista pontua 51%.
Mesmo não sendo do PT, Boulos entrou na campanha via
articulação de Lula, que driblou a recalcitrante objeção de setores do partido
a não lançar um nome da própria legenda. O investimento foi não só político,
mas também financeiro: somando os dois turnos, o candidato do PSOL recebeu R$
45 milhões do diretório nacional petista.
Justiça penaliza Natália por fake news
A Justiça Eleitoral condenou a candidata Natália
Bonavides (PT), da coligação Natal Merece Mais, por impulsionamento negativo
contra o candidato à Prefeitura de Natal, Paulinho Freire. Em outra decisão
sobre o mesmo tema, o juiz Gustavo Marinho Nogueira Fernandes, da 3ª Zona
Eleitoral, também concedeu direito de resposta a Paulinho Freire devido às
informações citadas em um vídeo publicado pela candidata nas redes sociais.
Na sentença sobre o impulsionamento negativo, o
magistrado destacou se tratar de “um conteúdo direcionado especialmente a
atingir a candidatura adversária, pela associação deste grupo político com a
prática de crimes”. O magistrado também pontuou que houve priorização paga de
conteúdo veiculado na internet com o intuito de criticar ou incutir a ideia de
não-voto ao candidato adversário.
Com a sentença, foi estabelecida uma multa de R$
10.000,00 (dez mil reais) devido ao conteúdo impulsionado, à repercussão e ao
benefício que a candidatura pode ter obtido com a propaganda eleitoral
irregular.
Em outra decisão sobre o mesmo tema, o magistrado
Gustavo Fernandes pontuou que o vídeo publicado por Natália Bonavides não se
limitou ao direito de informar e criticar, passando para a veiculação de
afirmações ofensivas à honra, sem comprovação. Ficou “demonstrada a natureza
difamatória da veiculação e que o vídeo possui o potencial de induzir o eleitor
a erro, afetando a imagem do candidato Paulinho Freire”.
O juiz da 03ª Zona Eleitoral/RN, Gustavo Marinho
Nogueira Fernandes, disse que “relativamente à análise da postagem em comento,
constituída por vídeo publicado na rede social da representada, denota-se que
há, de fato, um conteúdo com alto teor negativo direcionado especialmente a
atingir a candidatura adversária, notadamente pela associação deste grupo
político com a prática de crimes”.
Mais adiante, na sentenã o juiz pontuou que “nesse
sentido, plenamente possível reconhecer que a situação aqui narrada se enquadra
numa hipótese de propaganda eleitoral negativa, tendo em vista que restou
inequivocamente comprovada a ocorrência de priorização paga de conteúdo
veiculado na internet com o intuito de criticar, prejudicar ou incutir a ideia
de não-voto ao candidato adversário”.
Neste caso, foi concedido o direito de resposta,
devendo o conteúdo ser impulsionado e veiculado por no mínimo seis dias. A mensagem
deve ser postada em caráter público, sem restrição de visualização.
RESPOSTA
A candidata Natália Bonavides (PT) perdeu o recurso
que pedia a suspensão do direito de resposta concedido pela Justiça Eleitoral a
Paulinho Freire. A decisão foi confirmada pelo juíz federal Fábio Oliveira,
nesta segunda-feira (21).
Natália foi condenada por impulsionamento negativo
contra o adversário. Na mesma decisão da 3ª Zona Eleitoral, foi concedido
direito de resposta a Paulinho Freire devido às inverdades citadas em vídeo
publicado pela candidata do PT nas redes sociais.
Na sentença sobre impulsionamento negativo, a
Justiça Eleitoral destacou se tratar de “um conteúdo com alto teor negativo
direcionado especialmente a atingir a candidatura adversária, notadamente pela associação
deste grupo político com a prática de crimes”. O conteúdo veiculado na internet
com o intuito de criticar e difamar ainda teve impulsionamento ilegal para
prejudicar ou incutir a ideia de não-voto ao candidato adversário.
Com a decisão, Natália pagará multa no valor de R$
10 mil, em razão da gravidade do conteúdo impulsionado e da ampla repercussão e
ainda terá que publicar o direito de resposta de Paulinho.
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