Tribuna do Norte
A Polícia Civil do Rio Grande do Norte encaminhou à
Justiça o inquérito que investiga a atuação do médio Diego Sampaio na
administração de investimentos de terceiros. Ao todo, 15 pessoas aparecem como
vítimas no inquérito comandado pela Delegacia Especializada na Defesa do
Consumidor. A Polícia pede dilação de prazo para a investigação e também a
quebra do sigilo bancário do médico, que não teve bens rastreados para arcar
com os prejuízos dos investidores. A Polícia apura se a mulher do médico também
tem envolvimento no caso, que teve a própria mãe como vítima.
Diego Sampaio está sendo processado e investigado
por supostas irregularidades no gerenciamento de investimentos de terceiros. O
médico prometia rendimentos de aproximadamente entre 1,25% e 1,5% ao mês, além
de renda variável, na maioria dos casos, e também prometia a devolução imediata
dos valores investidos caso fosse da vontade dos investidores. Porém, uma
enxurrada de ações surgiram contra a atuação do médico e sua empresa que trata
sobre os investimentos. Somente entre as 15 vítimas apontadas no inquérito, o
valor global do possível golpe é de R$ 11.336.759,89. O médico, contudo, sequer
tinha autorização do Banco Central e da comissão de Valores Monetários para
realizar as operações.
“O público-alvo para suas ações criminosas, captando
aquelas com grande poder aquisitivo, da alta sociedade natalense, notadamente,
as da classe médica, tendo em vista que o investigado é médico – oftalmologista
bastante renomado na cidade e assim poder praticar os crimes a ele atribuídos”,
descreveu o delegado.
No inquérito da Polícia Civil, o delegado Stênio
Pimentel ouviu vítimas e reuniu comprovantes dos depósitos bancários, além de
conversas entre as vítimas e Diego Sampaio. As ações judiciais resultaram em
determinações de bloqueios superiores aos R$ 7,4 milhões. Nas contas do médico,
entretanto, só foram encontrados R$ 605,17.
“Ocorre que, mesmo com a repetição das ordens de
bloqueio e com a imposição de outras restrições, não foi possível identificar e
bloquear nem mesmo uma parte dos valores devidos, denotando que a conduta
praticada pelo Noticiado pode ter extrapolado o âmbito cível, caracterizando-se
como penalmente relevante diante da possibilidade de caracterização de vários
crimes”, disse o delegado no inquérito.
Ainda no inquérito, a Polícia Civil aponta também
que Diego Sampaio sonegou imposto de renda. Apesar de ter recebido altos
valores na venda de parte societária de clínica e outros aportes financeiros, o
médico disse que o rendimento total em 2021 foi de R$ 88 mil.
“Verifica-se indícios da prática de crimes fiscais e
de sonegação de impostos, haja vista que, apesar de Diego Sampaio haver
recebido milhões de reais em sua conta pessoa física, declarou apenas uma renda
anual de pouco mais de R$ 80 mil, a título de rendimentos recebidos, todavia,
apresentou, como bens e direitos, investimentos pessoais superiores a R$ 500
mil, além de dívidas superiores a R$ 1,6 milhão, levando-nos a concluir que o
investigado que, além de gostar muito de dinheiro, associados a prática dos
crimes a ele atribuídos, somado a crimes fiscais e de sonegação, tem tentado, a
todo custo, esconder o dinheiro produto do crime e das transações realizadas,
além de prática dos crimes investigados, o que, de fato, justifica a medida ora
buscada”, apontou o delegado.
Pela investigação, o delegado afirma que “não se
pode desconsiderar que há uma aparente atuação de Diego Sampaio no intuito de
ocultar a localização e disposição de valores provenientes de infração penal”,
ainda que os recursos tenham sido convertidos na aquisição de ativos lícitos,
“que pode ensejar uma responsabilização até mesmo pela tentativa”. Por isso, o
delegado pede a quebra dos sigilos para seguir “o caminho do dinheiro”.
Suspeita
Outro fato que está sendo investigado pela Polícia
Civil é a possível participação da mulher de Diego Sampaio nos supostos crimes
e na ocultação dos recursos que o médico conseguiu para supostamente gerenciar
investimentos de terceiros. A Polícia Civil apontou a abertura de duas empresas
em nomes da mulher do médico, em abril e novembro deste ano, que “podem também
estar sendo utilizadas para a movimentação financeira e lavagem do dinheiro
oriundo do crime, razão pela qual se faz necessária também a quebra dos sigilos
bancários”.
No inquérito, o delegado afirma que, pelo desenrolar
dos fato, é possível deduzir que a mulher do médico “tem pleno conhecimento dos
fatos e tem colaborado” para ocultar o dinheiro das vítimas, assim como também
teria supostamente permitido a utilização de sua conta pessoal para as
movimentações financeiras de Diego Sampaio.
O delegado também ressaltou o prejuízo causado à
sogra de Diego Sampaio, de aproximadamente R$ 4,08 milhões, pode ter ocorrido
com a participação da própria filha da vítima, “haja vista que, além de haver
cortado relações pessoais com sua genitora, ainda tem permitido que Diego
Sampaio faça uso de sua conta pessoa física para realização de transações
bancárias”, já que ocorreu a determinação de bloqueio judicial das contas dos
investigados, em consequência de diversas decisões judiciais acostadas aos
autos. Por isso, a Polícia Civil solicitou também a quebra do sigilo bancário
da mulher de Diego Sampaio, que segue casada com o médico.
Até o momento, de acordo com algumas das vítimas, o
médico não apresentou a comprovação da aplicação dos recursos que supostamente
seriam investidos e não disse onde estariam os recursos.
Defesa
A reportagem da Tribuna do Norte entrou em contato
com a defesa do médico e ela disse que só se pronunciaria nos autos.
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