Tribuna do Norte
A superlotação do Hospital Walfredo Gurgel continua.
Até a manhã da última quarta-feira (25), 20 pessoas ocupavam os corredores da
unidade, segundo a Secretaria de Saúde do Estado. O SindSaúde, por sua vez,
informou que 21 pessoas estavam nos corredores do Clóvis Sarinho e outras três
nos das enfermarias. A partir do dia 6 de novembro, o pronto-socorro terá uma
triagem para diminuir o número de internações. A Secretaria não deu mais detalhes
sobre como será feita a triagem.
Segundo profissionais que falaram com a reportagem
sob a condição de anonimato, não há como haver tratamento digno aos pacientes
atualmente, por conta da superlotação. Na perspectiva de uma técnica de
enfermagem, que há 10 anos trabalha no Walfredo, seria preciso construir “pelo
menos três hospitais do mesmo porte” para melhorar a situação. Isso porque
todos os casos de urgência e emergência, sejam de Natal ou outras cidades,
passam pela unidade e precisam ser atendidos. “Todo hospital tem um limite de
entrada e aqui o céu é o limite”, relata. Como consequência da sobrecarga,
continua, muitos pacientes precisam enfrentar uma realidade precária.
Nesta semana, conta a técnica de enfermagem, uma
paciente de 88 anos quebrou o fêmur e foi encaminhada ao Walfredo Gurgel.
Devido à falta de leitos adequados na enfermaria, ela precisou passar mais de
24h em uma maca estreita no corredor. A acompanhante, por sua vez, passou todo
o período de tempo aflita até a idosa conseguir uma cama em uma das
enfermarias. Segundo a profissional de saúde, casos como esse são frequentes e,
em muitas situações, os pacientes também chegam sem itens básicos para
permanecerem internados ou vêm de cidades distantes.
Francisco Davi da Silva, de 82 anos, sofre com
problemas de saúde no estômago e veio de Vila Flor para Natal realizar alguns
exames no Walfredo Gurgel, onde passou dois dias no corredor da unidade. É o
que relata o filho do idoso, Geronimo Davi da Silva, de 42 anos. De acordo com
ele, o pai não pôde realizar os exames imediatamente porque não estava de jejum
e somente na manhã de quarta-feira (25) passou pelos procedimentos e recebeu
alta. Antes disso, conta o acompanhante, Francisco ficou instalado em uma maca
desconfortável e teve dificuldades para dormir.
Soluções
A
abertura do 5º andar do Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel, que promete
auxiliar o desafogamento dos corredores da unidade, depende da tomada de posse
dos 56 novos profissionais convocados pela Secretaria de Saúde Pública do
Estado (Sesap/RN). De acordo com a pasta, as equipes têm até 30 dias para
assumirem os cargos e, após isso, será possível colocar os novos leitos em
funcionamento. Embora exista uma expectativa de melhora na situação enfrentada
pelo Hospital, o Sindicato de Trabalhadores em Saúde do Estado (SindSaúde/RN)
avalia que ainda há uma morosidade no cumprimento da medida e da regionalização
dos serviços da rede de saúde.
O retorno do 5º andar, com 15 novos leitos para
pacientes ortopédicos, foi estabelecido em acordo realizado entre Ministério
Público do Rio Grande do Norte (MPRN) e Sesap, no dia 17 de agosto, durante
audiência de conciliação realizada na 2º Vara da Fazenda Pública da Comarca de
Natal. Na última sexta-feira (20), o MPRN expediu uma nova recomendação para
pressionar o cumprimento pela pasta estadual de saúde. Aliado a isso, exigiu
medidas por parte da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), que também cumpre
sentença visando a ampliação do atendimento ortopédico em Natal. Os casos de
ortopedia são os que mais demandam atendimentos no Walfredo.
Para a coordenadora do SindSaúde/RN, Rosália
Fernandes, mesmo com a abertura dos novos leitos ortopédicos no Walfredo
Gurgel, não será possível resolver os problemas nos corredores. Isso porque ‘há
um desmonte da saúde com um todo’, ou seja, a rede precisa trabalhar na melhora
dos serviços oferecidos em outros hospitais do Estado.
Ainda, segundo ela, a medida só está sendo realizada
após inúmeras denúncias do Sindicato, somado ao trabalho do MPRN, pois há muito
tempo o 5º andar estava fechado e sem perspectiva de reabertura.
Outro ponto destacado pela coordenadora é a falta de
assistência oferecida em Natal. Atualmente, aponta, o Hospital Municipal de
Natal é a única unidade do município a atender casos de ortopedia e, em muitos
casos, eles não realizam a cirurgia no local e são transferidos para o
Walfredo. Em resposta à reportagem da TRIBUNA DO NORTE sobre o cumprimento da
recomendação do MPRN e as medidas que vêm sendo adotadas para ampliar a
assistência ortopédica na capital, a SMS informou ainda não ter um
posicionamento sobre o assunto.
Números
56
novos profissionais
serão chamados pela Sesap
15
novos leitos serão abertos para pacientes ortopédicos
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