domingo, 22 de outubro de 2023

Empresário fala em entrevista sobre a sua experiência na venda de carros no País



Recém-inaugurada, a Duducar Veículos propõe um novo conceito na maneira de comercializar carros, com uma experiência imersiva que vai muito além de uma concessionária. O negócio é iniciativa da dupla Ronaldo e Ricardo Azevedo, filhos de Roque Araújo Azevedo – o Dudu, que deu nome ao posto de combustível que se tornou um verdadeiro ponto de encontro da Grande Natal. A Duducar foi inaugurada no último dia 16 de agosto, data em que Dudu completaria 98 anos, e fica localizada no antigo posto “do carro pendurado na caixa d’água”. A Mercendes-Benz 230, amarela, de 1972, deu lugar a uma Troller laranja, mantendo a tradição do Posto Dudu. A Mercendes-Benz, inclusive, é a estrela da nova e está exposta na frente do empreendimento, que também tem um museu, com itens raros da cultura automobilística, além de salas para negociação, playground, espaço kids, bicicletário e um amplo mostruário de veículos novos e seminovos. A reportagem da TRIBUNA DO NORTE conversou com Ronaldo Azevedo, que explicou o conceito inovador da Duducar, lembrou a trajetória empreendedora do pai e falou sobre a paixão por carros antigos. Confira:

Antes de chegar na Duducar, como começou essa história até o Posto do Dudu e de onde surgiu essa paixão por carro?
Tudo nasce com meu pai. Nascido em São Paulo Potengi, desde criança, ele já tinha um carrinho na feira e transportava quilo e com 17 anos ele resolveu vir para Natal, para a cidade grande, e aqui ele trabalhou de motorista particular de algumas famílias, depois conseguiu comprar o primeiro carro dele e daí ele foi crescendo. Comprando um outro carro, um outro carro, depois ele formou uma frota de carros de praça que depois passou a ser chamada de táxi, depois teve posto de gasolina, um pequeno posto aqui em Natal, antes do Posto do Dudu. Teve ônibus, teve a primeira locadora de automóveis do Estado, e depois nós fundamos aqui o Posto Dudu. Encerramos a atividade aqui de posto há cinco anos e nós resolvemos fazer essa loja. Em relação ao posto, que todo mundo conhece, virou ponto de referência, ele foi aberto em 1988, nós fizemos o mais moderno posto do Estado.

O intervalo entre encerramento do posto e abertura da loja foi de preparação?
De muita preparação, sem pressa, para sair tudo perfeito, por isso, a Duducar oferece uma experiência única de venda de carros no País, uma experiência diferenciada. Aqui foi tudo tão diferenciado que nós retardamos a abertura porque fizemos questão de inaugurar essa loja na data do aniversário do meu pai: 16 de agosto. Ele estaria completando 98 anos. Foi uma coisa muito marcante a gente resgatar esse espaço e esse sonho homenageando nossos pais.

Pode nos dizer que diferenciais são esses?
O cliente que vem na Duducar tem uma nova experiência porque ele fica surpreso com o respeito e a qualidade do nosso estoque. Temos aqui um ambiente hoje que recebe até quem não vem comprar carro porque temos um espaço que conta um pouco da história automotiva e da história dos nossos pais, Dudu e Maria. Meu pai tinha uma paixão muito grande por carros e por antiguidades e fizemos essa homenagem. Investimos muito na decoração, no design. Todos os dias nós recebemos visitas de pessoas, inclusive com caravanas de colégio, com os alunos fazendo gincanas, tirando foto, conhecendo a loja. É engraçado porque muitos perguntam como o carro foi parar lá em cima. Temos recebido visitas de empresário do ramo automotivo de outros estados também para conhecer a loja e se inspirar nesse modelo. A gente está plenamente satisfeito por ter feito esse investimento, preservando a história e oferecendo uma loja diferente. Temos um café, espaço kids, espaço pet e um lugar retrô, com um fusca que era do meu pai, nós o reformamos e colocamos lá junto com lambretas, itens de colecionadores, tudo antigo e original.

E como o senhor enxerga esse mercado?
O mercado automotivo sempre viveu de altos e baixos. Ora muito aquecido, desaquece, volta, mas tem se mostrado um negócio, como um todo, excelente. Estamos plenamente satisfeitos com a atividade. O mercado automotivo vem passando por profundas transformações. Uma transformação muito grande que é a chegada dos carros elétricos e híbridos, que é uma realidade. Está se vendendo aqui no Rio Grande do Norte muito acima do que se esperava. As pessoas que não acreditavam, hoje estão optando pela essa nova fase dos carros elétricos e essas novas montadoras que estão chegando, principalmente da China, estão transformando o mercado e ainda com a particularidade de que elas estão conseguindo manter os preços dos carros novos dos concorrentes e fazendo até com que os concorrentes baixem os preços para poder tentar competir com o mercado chinês. Isso é uma realidade que está posta no mercado, a indústria automobilística que não se adaptar a essa nova realidade do carro elétrico/híbrido tende a sair do mercado. Aqui na loja nós já temos duas estações para carro elétrico e vamos instalar mais duas no próximo mês. Hoje, a única deficiência que ainda tem no mercado de carro elétrico, que o consumidor ainda se restringe, é a questão de poucos pontos para abastecimento, mas logo isso vai ser superado à medida que o modelo se popularizar e, pelo que temos observado, estamos caminhando para isso.

Quando o cliente vem a loja, ele procura algum negócio específico? Como é esse relacionamento?
Muita gente tem vindo aqui e tem fechado muitos negócios. Os clientes têm buscado bastante o seminovo, na faixa de dois, três anos de uso, que já tem uma diferença grande do preço de um 0 km, mas a gente tem percebido uma procura por novos também. O pessoal tem reclamado muito da taxa de juros. Hoje, os bancos estão mais restritivos na análise de crédito e a taxa de juros está maior, então muita gente adia essa troca do carro ou da compra do carro esperando a baixa dos juros. O mercado financeiro é muito atrelado ao mercado automotivo: se os juros baixos, aumenta consideravelmente a venda de automóvel, consequentemente a arrecadação de impostos, já que a indústria automobilística começa a produzir mais e vender mais.

Associado ao irmão Ricardo, o sr. gerencia a Duducar depois da experiência com o Posto Dudu, herdado do seu pai. Quais são os desafios de manter um negócio familiar?
A empresa familiar hoje é um negócio complicado por conta das mudanças de gerações, mas eu diria que o principal é você saber separar a sua vida particular do negócio, sabendo que dentro da empresa você precisa tratar o seu parente como sócio. Se você souber conduzir isso, de que dentro da empresa somos sócios e fora disso nós somos irmãos, entende que o foco na empresa é o sucesso empresarial, é possível administrar sem problemas. Para quem está querendo empreender no ramo hoje, a orientação que eu deixaria é que para você se aventurar no ramo empresarial é preciso, acima de tudo, ser ousado, inovar e estar atento às tendências do mercado porque as mudanças são muito rápidas.

O carro na caixa d’água se tornou marca registrada do Posto Dudu, a ponto da retirada do veículo, no ano passado, viralizar nas redes sociais e causar surpresa em quem passava na região. Como foi para o sr. perceber isso?
Foi engraçado porque nós mesmos nos surpreendemos com a situação. O carro amarelo permaneceu lá por 12 anos e quando retiramos para fazer manutenção isso gerou uma certa “polêmica” porque as pessoas começaram a perguntar sobre o carro, dizendo que tinha que botar o carro de volta. É um referencial, tô cansado de ouvir gente dizendo que está passando pelo Posto Dudu para indicar que está chegando em Natal ou em Parnamirim, por exemplo. Muita gente vinha para tirar foto e foi aí que nós entendemos a importância dessa loucura, que é um carro pendurada numa caixa d’água. Diante disso, após a retirada, nós resolvemos colocar um Troller no lugar para que não perdesse essa característica e o carro original, a Mercendes-Benz, nós recuperamos e hoje está no salão da Duducar. Foi uma ousadia muito grande na época porque era um carro da coleção do meu pai, que gostava muito de coisas antigas.

CURIOSIDADE
Intitulado de “posto mais conhecido do mundo” nas redes sociais, o Posto Dudu tinha, de 2010 a 2022, na sua imponente caixa d’água às margens da BR-101, a famosa Mercendes-Benz 230, amarela, uma relíquia de 1972. A motivação para colocar o carro antigo no lugar partiu de um sonho tido pelo empresário Ronaldo Azevedo. Um sonho mesmo, enquanto dormia, conta. “Estávamos reformando o posto e revestimos essa caixa d’água. Tiramos o letreiro para recuperação. Um dia, sonhei com meu pai me indagando o que iria fazer na caixa d’água. Fiquei intrigado, pensei em bolar algo diferente e me veio a ideia de colocar o veículo ali”, lembra. O pai de Ronaldo e Ricardo faleceu em 2005.

 

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