O número de pessoas aguardando por uma cirurgia eletiva no Rio Grande do Norte ainda é alto. Dos R$ 3,38 milhões liberados pelo Ministério da Saúde para a redução das filas, o Estado e os municípios executaram R$ 2 milhões. Ao todo, dos 6.676 procedimentos inicialmente previstos, cerca de 40% foram realizados. Isso significa que pelo menos 4 mil pessoas ainda estavam aguardando por um procedimento. As estimativas foram levantadas pelo Conselho de Secretarias Municipais (Cosems-RN), com dados do Ministério da Saúde relativos ao mês de julho, e cedidos à TRIBUNA DO NORTE pela assessora técnica do Cosems-RN, Terezinha Rego.
De acordo com ela, as cirurgias tiveram início entre
o final de maio e o início de junho. Além dos hospitais administrados pelo
Estado, aproximadamente dez municípios se comprometeram na realização das
cirurgias, dentre os quais estão Santa Cruz, Parnamirim, Guamaré, Angicos,
Macau, Mossoró, Caicó e Natal. Embora o planejamento esteja sendo executado
“dentro do esperado”, a assessora técnica adverte que a dificuldade na
localização de alguns pacientes que aguardam há muito tempo por um procedimento
e a compra de materiais são alguns problemas relatados por alguns
municípios.
“Algumas cirurgias já concluímos praticamente tudo
que estava programado, porque programamos aquelas que tinham maior número de
filas e demanda. A capacidade dos nossos hospitais ainda é baixa para
aumentar [a realização de procedimentos] porque vem a questão do centro
cirúrgico e a equipe, mas está saindo bem dentro do esperado”, complementa.
Entre os procedimentos que estão sendo executados estão as cirurgias de
vesícula, catarata e histerectomia. No caso deste último, adverte, um dos
principais desafios tem sido a falta de hospitais para realizá-lo e a garantia
de UTI’s para alguns pacientes pós cirurgia.
Os R$ 3,38 milhões integram os R$103,5 milhões
liberados a partir de março deste ano aos estados e correspondem a um terço dos
R$ 10 milhões prometidos pelo Ministério da Saúde ao Rio Grande do Norte. Os
recursos estão previstos no Programa Nacional de Redução das Filas e o
desafogamento da lista de pacientes em espera acontece conforme um plano
estadual submetido à pasta. Em junho deste ano, 27.492 aguardavam por um
procedimento cirúrgico no estado. O programa para redução das filas não
alcançou todos os procedimentos represados no RN.
De acordo com o último relatório sobre a execução
dos estados, referente ao período de março a junho deste ano, o Rio Grande do
Norte apresentava 19,49% de execução física (por procedimento e agregado) e 20,
7% de execução financeira. “Nessa liberação dele, o Rio Grande do Norte está em
torno de 20%, mas a gente fez um acompanhamento por meio do nosso Conselho. A nossa
presidente [Maria Eliza Garcia] formou um grupo junto com a Sesap e nossos
apoiadores para viabilizar o mais rápido [a redução] dessas filas. Então,
dessas 6.000 cirurgias, a gente realizou em torno de 40%”, esclarece Terezinha
Rego.
No comparado a outros estados do Nordeste, conforme
o relatório do Ministério da Saúde, o Estado aparece em quarto lugar em relação
a execução física, ficando atrás apenas da Bahia (34,33%), Piauí (32,07%) e
Maranhão (20,36%). No que se refere a execução financeira, ele ocupa a 5º
posição entre os menores percentuais. Os dados são do Sistema de
Informação Ambulatorial (SIA) e Sistema de Informação Hospitalar (SIH) e foram
extraídos pelo Departamento de Regulação Assistencial e Controle (DRAC).
Os recursos do Plano Nacional de redução de filas,
segundo Terezinha Rego, foram distribuídos de acordo com a capacidade de
realização de procedimentos de cada município. O levantamento das cidades aptas
foi feito durante a primeira etapa do plano estadual, em paralelo a outros estágios
como a identificação dos hospitais, tanto de gestão estadual quanto municipal,
e dos pacientes. “A cada dois meses, o Ministério faz uma avaliação [do
plano] conosco. Muitas vezes, os municípios até fazem a cirurgia, mas não
colocam no sistema. Por isso, através do Cosems-RN, estamos chegando perto de
cada município na busca de saber quais são as dificuldades”, destaca.
A assessora técnica assegura que no dia 20 de
setembro será realizada uma reunião entre Cosems-RN e Sesap para avaliar quais
municípios ainda estão com recursos parados, quais dificuldades estão sendo
enfrentadas e quais recursos poderão ser remanejados para outras cidades que já
estejam efetivando o cumprimento do plano de redução das filas. Aliado a isso,
o encontro também vai discutir sobre os novos procedimentos que deverão ser
incluídos no planejamento, pauta que também vendo sendo estudada junto ao
Ministério da Saúde.
A TRIBUNA DO NORTE procurou a Sesap e o Ministério
da Saúde para esclarecer em qual ponto se encontra o plano de redução de filas
do estado, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição.
Leitos
Os atendimentos e cirurgias ortopédicas da rede
pública de saúde ganharam um importante reforço nesta segunda-feira (4).
A Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap) entregou 20 novos leitos
exclusivos para ortopedia no Hospital Deoclécio Marques de Lucena, em
Parnamirim. A nova estrutura, que já começou a receber pacientes no início da
manhã, amplia a capacidade de atendimentos e de realização de cirurgias de alta
complexidade, auxiliando a desafogar o Hospital Monsenhor Walfredo
Gurgel.
Os novos leitos fazem parte do plano de expansão
apresentado pela Sesap ao Ministério Público e ao judiciário para esvaziar os
corredores do Walfredo Gurgel. A próxima etapa é abrir o 5° andar do Walfredo,
com mais 15 leitos, dentro dos próximos dois meses, com a contratação de cerca
de 50 profissionais.
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