Portal 96 FM
Um bebê indígena venezuelano da etnia Warao de 11
meses morreu no último domingo (23) em Mossoró/RN, após um quadro de
desnutrição grave. A informação foi confirmada pela professora Eliane Anselmo,
Antropóloga da UERN que acompanha o grupo de refugiados na cidade.
Segundo Eliane, o menino que pesava quatro quilos
havia dado entrada na UPA do Bairro Santo Antônio, na última sexta-feira (21)
no início da noite, com um quadro de diarreia e desnutrição. Ele foi
encaminhado para a UTI pediátrica do Hospital Wilson Rosado, onde estava
internado. No domingo, o quadro se agravou, e a criança veio a óbito.
Na certidão de óbito da criança consta que ela teve
lesão renal aguda, sepse de foco indefinido, choque séptico. “A pediatra
explicou que os rins paralisaram e depois o coração”, disse a professora ao TCM
Notícia.
Segundo Eliane Anselmo, o bebê, assim como os outros
refugiados venezuelanos que vivem em Mossoró se encontram em situação
insalubre. No abrigo provisório onde estão alojadas as 15 famílias falta
comida, só há energia pela noite e as condições dos banheiros são precárias,
com fossa estourada.
“O grupo passa fome. Só tem energia durante a noite,
sofrem o dia todo com o calor. Muitas crianças com problemas de pele, assim
como a criança que morreu. Passam dias sem água quando falta no bairro”.
Para a antropóloga, a morte da criança teve
influência da condição na qual os Warao estão vivendo. “Não tem como
desvincular a saúde do bem estar, da alimentação e de condições mínimas de
moradia, com a água e energia elétrica”.
O Ministério Público do Rio Grande do Norte e a
Defensoria Pública já entraram com ação contra o município de Mossoró, para que
seja providenciado um abrigo adequado para os refugiados e que seja prestada
também a atenção social necessária ao grupo.
“O Ministério Público e a Defensoria Pública já
visitaram o abrigo e tiveram ciência das condições precárias de vida do grupo
na cidade. São duas ações em curso na Justiça Federal contra o município de
Mossoró, para prestar assistência aos Warao”, diz a professora.
Segundo Eliane, após a notícia da morte da criança,
representantes da assistência social do Município realizaram visita no abrigo
nesta terça-feira (25), “mas não apresentaram nenhuma solução concreta” para a
situação.
O TCM Notícia entrou em contato com a assessoria de
comunicação da Prefeitura para saber quais ações de assistência são desenvolvidas
contudo até o momento da publicação da matéria nenhuma resposta foi
encaminhada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário