As exportações de melão e melancia para o mercado
europeu devem sofrer revés de 16,6% na atual safra, que começou em agosto
passado e segue até abril. A projeção é do Comitê Executivo de Fruticultura do
Rio Grande do Norte (Coex/RN), que estima o envio de 300 mil toneladas
para a Europa até o próximo mês. Na safra 2021/2022 foram escoadas para o
continente aproximadamente 360 mil toneladas. Superinflação no
continente europeu, limitações de mercado e aumento dos custos de logística são
os principais fatores que impactaram na redução, conforme fontes ouvidas pela
TRIBUNA DO NORTE.
Na Agrícola Famosa, maior produtora e exportadora de
frutas do Estado, o cenário ruim fez com que a empresa recuasse na projeção de
crescimento – de 10% - anunciada em setembro do ano passado. “Nós não teremos
redução das exportações, mas também não iremos crescer. Por conta do mercado
europeu, a gente não conseguiu atingir essa meta, mas conseguimos manter o
volume da safra passada”, afirma Carlo Porro, CEO da Agrícola Famosa.
De acordo com ele, até abril a empresa deverá enviar
para a Europa 9 mil contêineres de frutas, o equivalente a 180 mil toneladas. O
preço do frete marítimo, pontua, é o principal fator de desencadeamento das
dificuldades enfrentadas pela empresa para o envio da produção. “A safra tem
sido bem difícil em razão do custo logístico, que aumentou muito, além dos
custos de produção em geral”, diz ele. Porro cita ainda os problemas de consumo
na Europa, decorrentes da recessão que vive o continente, como causas da baixa
demanda. Para Fábio Queiroga, presidente do Coex, crise na Europa,
superinflação e guerra colaboram para os resultados negativos.
“Com a guerra, existe uma incapacidade de enviar
frutas para a Rússia e o Leste Europeu. É uma região que está sofrendo
com os fortes impactos da inflação também. Tudo isso contribuiu para que os
volumes caminhassem para uma redução”, explica Queiroga. Para a próxima safra,
que começa em agosto, a previsão para o Estado é de que os dados se mantenham
próximos das projeções da safra atual. “A expectativa é manter números
semelhantes, porque a situação não mudou nada na Europa e as negociações para
as vendas começam agora”, comenta Queiroga.
Luiz Roberto Barcellos, diretor institucional da
Associação Brasileira dos Exportadores de Frutas (Abrafrutas), concorda: “Ainda
não há elementos que nos deixem otimistas. O preço do frete marítimo talvez
melhore, mas a Europa continua com recessão e guerra”, pondera. O CEO da
Agrícola Famosa, Carlo Porro, diz que já está em negociações para a próxima
safra. Segundo ele, o preço do frete está em queda e deve trazer um pouco de
alívio para o setor.
“Os preços [do frete] estão baixando no mundo todo e
isso vai nos tornar mais competitivos”, sublinha Porro. Com a mudança de
cenário, ele diz que mantém para a próxima safra a perspectiva de crescimento
de 10% ou a manutenção das exportações atuais e descarta a possibilidade de
queda nos números. “É muito cedo para fazer projeções, mas certamente ela não
será de redução. Será, pelo menos, de manutenção”, assegura Carlo Porro.
Exportação geral teve alta de 26,4% em
janeiro passado
No recorte para janeiro, as exportações gerais do
Rio Grande do Norte, compostas por diversos produtos, registaram alta de 26,4%,
incluindo o diesel marinho – e de 19,1% sem considerar a venda do combustível.
Os dados são do Centro Internacional de Negócios (CIN) da Federação das
Indústrias do RN (Fiern), com base no levantamento do Ministério da Indústria,
Comércio Exterior e Serviços.
Análise, que compara os meses de janeiro de 2023 com
igual período do ano passado, indica que, o primeiro mês deste ano, movimentou
US$ 76,1 milhões contra US$ 60,2 milhões no mesmo mês de 2022, levando em conta
a inclusão da exportação de diesel marinho. Sem fuel oil, os números são os
seguintes: US$ 44,1 milhões em janeiro de 2022, ante US$ 52,5 milhões no mês
passado. As frutas e nozes não oleaginosas, frescas ou secas, tiveram alta de
29,2% nas exportações. No mês passado foram negociados US$ 29,2 milhões.
Em 2022, as exportações gerais do RN tiveram alta de
43,2% em 2022 em comparação com 2021, puxadas pelo fuel oil (diesel marinho).
No ano passado, as vendas de produtos para o exterior somaram US$ 736,8
milhões, ante US$ 514,8 milhões em 2021. Sem o fuel oil, o crescimento é de
22,4% (de US$ 332,1 milhões em 2021, as vendas foram a US$ 406,6 milhões no ano
passado).
Luiz Henrique Guedes, responsável técnico do CIN,
explica que, apesar da perspectiva de redução das exportações de frutas, vários
outros produtos tiveram bom desempenho ao longo do ano. “São componentes de
vários produtos que performaram bem, como o sal. O açúcar também teve grande
crescimento depois de vários anos com exportações bem menores”, diz. Conforme o
levantamento, as vendas de sal para o exterior cresceram 271,1% (com US$ 45,9
milhões em vendas em 2022, contra US$ 12,3 milhões em 2021).
O açúcar, por sua vez, teve aumento de 149,5%
(US$ 27,2 milhões em vendas em 2022, contra US$ 10,9 milhões em 2021). Os
principais destinos de exportação do RN em 2022 foram Singapura, com US$ 330,8
milhões), para onde foram enviados o diesel marinho, além de Estados Unidos
(US$ 96,5 milhões) para onde foram enviados peixes, sal, outros produtos
animais, pedras preciosas, lagostas, balas.
Agro responde por 34% das exportações
Mesmo com a expectativa de redução, as exportações oriundas do agronegócio potiguar, capitaneadas por melões, melancias e pescados, representaram mais de um terço do total exportado pelo RN em 2022. Dos US$ 736,8 milhões enviados ao exterior no ano passado pelo Estado, US$ 254,1 milhões (34,5%) foram oriundos do campo. Excetuado o petróleo bruto (líder absoluto da pauta, com mais de US$ 330 milhões exportados em 2022, equivalentes a 44,7% da pauta total), as exportações potiguares ficam em US$ 406,6 milhões e a relevância do setor agropecuário dispara, passando a representar 62,5% dos envios.
Entre os itens que mais se destacam na “Pauta de
Exportações do Agronegócio”, estão o melão, com US$ 97,6 milhões exportados
(13,2% do total); a melancia, com cerca de US$ 44 milhões (5,97%); e os peixes
em geral, com US$ 26,2 milhões (3,56%). A pauta do agronegócio do Rio Grande do
Norte também se destaca no cenário nordestino. Tomadas apenas as exportações de
frutas e pescados, o Estado ocupa o segundo lugar da região em exportações
efetivadas no ano passado, com US$ 177,3 milhões atrás apenas do Ceará (que
emplacou US$ 181,3 milhões) e à frente de Estados como Bahia e Pernambuco.
De acordo com o Governo do Estado, os principais
produtos do agronegócio potiguar vêm aumentando o próprio volume exportados ao
longo dos anos. A melancia, por exemplo, cresceu em quatro anos 193%. Já os
peixes tiveram um incremento de 116,5%. Mas o maior aumento individual se deu
na lagosta, item do qual o RN teve um crescimento de 948%.
“Os números ratificam a percepção que sempre tivemos
da assertividade do investimento realizado pelo Governo do Estado no apoio ao
agronegócio potiguar. O peso destes itens em nossa pauta dá uma dimensão exata
do potencial de geração de ocupação e renda que a atividade tem no Rio Grande
do Norte, além de injetar mais de R$ 1 bilhão na economia do RN”, afirma o
titular da Secretaria Estadual da Agricultura, da Pecuária e da Pesca
(Sape/RN), Guilherme Saldanha.
Exportações do RN
360 mil toneladas é o volume aproximado da safra de
melão e melancia 2021/2022
300 mil toneladas é o volume estimado para a safra
de melão e melancia 2022/2023
43,2% é o crescimento das exportações gerais do RN
em 2022
26,4% é o crescimento das exportações gerais do RN
em janeiro de 2023

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