Tribuna do Norte
Os empréstimos consignados de servidores estaduais
foram suspensos mais uma vez após atrasos nos repasses por parte do Governo do
Estado, mesmo com o desconto nos contracheques. É o segundo mês consecutivo que
o problema acontece, muito embora já tenha ocorrido eventualmente nos últimos
dois anos. O problema, segundo nota enviada pela Secretaria Estadual de
Planejamento dessa vez estaria no fluxo de caixa devido a redução na
arrecadação do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) dos
combustíveis, energia elétrica e comunicações, aprovada pelo Congresso por meio
da Lei Complementar 194. Não há prazo para a regularização do pagamento.
As reclamações chegaram ao Sindicato dos
Trabalhadores do Serviço Público da Administração Direta do Estado (Sinsp/RN)
por meio dos servidores que não conseguiram realizar empréstimo no Banco. “Nós
mesmos do Sinsp fomos até o banco para saber se os funcionários do Estado
poderiam realizar o consignado, e nos foi informado que, por falta de repasse
do governo, o empréstimo consignado segue suspenso. A atual suspensão ocorre há
mais de 15 dias, de acordo com informações de funcionários do Banco do Brasil”,
disse a Secretária-geral do sindicato Maria José Justino.
Nesse tipo de empréstimo, as parcelas do crédito
consignado são debitadas diretamente da folha de pagamento do servidor, em vez
de serem descontadas em sua conta corrente. Em outra modalidade dentro do
consignado, é oferecido o cartão de crédito, pelo qual é descontado um
percentual do valor na folha, parte fixa, além de parcelas extras do que foi
comprado com o cartão.
Em tese, o valor descontado deveria ir diretamente
para a instituição financeira. Quando isso não ocorre, os trabalhadores passam
por transtornos porque correm o risco de ficar com seus nomes negativados
quando os bancos começam a cobrar o que já deveria estar pago.
“Os servidores são cobrados pelas instituições
bancárias, mesmo com as parcelas já tendo sido retiradas dos seus salários,
correndo o risco de terem o nome inserido no SPC e Serasa. A segunda
consequência é a suspensão para que novos empréstimos sejam realizados,
impossibilitando o crédito aos servidores do Estado”, informou Maria José
Justino.
Em agosto, o dinheiro também deixou de ser enviado
na data certa e somente ao final do mês o Governo anunciou que estava
concluindo a segunda e última parcela do repasse para o Banco do Brasil,
informando que, ao todo, foram R$ 48 milhões depositados na conta da
instituição financeira, sendo R$ 22 milhões transferidos no dia 31,
possibilitando a retomada da viabilidade de contrair empréstimos por parte dos
servidores.
Dessa vez, a Secretaria de Planejamento do Estado
(Seplan/RN) não prevê data para regularizar a situação e argumenta que há
dificuldades neste sentido desde que a alíquota do ICMS sobre combustíveis,
energia e comunicações foi reduzida. “Desde que se reduziu o ICMS pela nova
política dos combustíveis, o Governo tem procurado resolver o problema do fluxo
de caixa. No mês passado, houve o mesmo problema, mas foi rapidamente resolvido
junto ao Banco do Brasil. Nesse mês, já foi pago uma parte e estamos em
negociação para quitar o resto o mais breve possível”, informou a pasta.
De acordo com a Seplan/RN, nos últimos três anos
foram raros os atrasos que ocorreram e alegou que chegou a fazer repasses não
realizados pela gestão passada. “Pagamos R$ 120 milhões de dívidas de
consignados da outra gestão”, disse a Secretaria.
O Governo liberou em agosto de 2019 a operação pelo
Banco do Brasil com carência de seis meses. O valor das parcelas precisa estar
dentro da margem consignável. Parte do empréstimo é debitado na folha de
pagamento do funcionário.
O Sinsp denuncia que, desde 2020, registra atrasos
nos repasses, de modo que leva à suspensão da operação dos servidores com os
bancos.
Em novembro de 2021, além do Banco do Brasil, a
Caixa Econômica Federal, outra instituição bancária que realiza a operação,
interrompeu o empréstimo consignado para servidores do Estado devido o mesmo
problema. Havia três meses atrasados, segundo o sindicato. A situação só foi
regularizada no mês seguinte.
“O sindicato orienta que todos os servidores que
recebem cobrança dos seus empréstimos consignados, guardem a carta ou o print
da cobrança e entrem em contato com o sindicato, para que, junto a nossa
assessoria jurídica, possamos tomar as providências legais. Temos que deixar
claro que não repassar aos bancos as parcelas dos empréstimos consignados dos
servidores é uma apropriação indébita, que caracteriza pedalada fiscal por
parte do governo do Estado”, alertou a Secretária-geral do sindicato Maria José
Justino.
O Banco do Brasil só deve voltar a fazer o
consignado depois que o pagamento for regularizado.
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