A empresa de frutas que teve
a carga confiscada com 265kg de cocaína, prestes a ser embarcada via Porto de
Natal no último sábado (20) e interceptada por autoridades federais, disse que
o contêiner contaminado teve o lacre rompido antes de chegar ao porto. Para o
Grupo Argo, que aparece em imagens com as cargas de manga com os pacotes de
drogas, a empresa “foi vítima da ação da quadrilha” e está à disposição das
autoridades para colaborar com as investigações. A droga apreendida tem valor
estimado em R$ 58 milhões.
A apreensão da carga foi
feita no último sábado pela Receita Federal e Polícia Federal, numa
fiscalização feita pelos órgãos. De acordo com a Argo, a empresa segue um
protocolo e procedimento interno que inclui o lacre da carga após o
carregamento e temperatura e trajeto “monitorados durante todo o percurso ao
porto; filmagem e controle de embalagem e carregamento das cargas”.
“Estes procedimentos ajudaram
a Polícia Federal e a Receita Federal a identificarem que o contêiner em
questão teve seu lacre rompido antes de chegar ao Porto e acenderam a suspeita.
Infelizmente, várias empresas do segmento de frutas têm sido vítimas de atuação
semelhante. Em alguns casos, os contêineres são violados dentro do próprio
porto”, diz a empresa.
“Além do prejuízo financeiro
e comercial decorrente da não exportação da mercadoria, há ainda os danos
causados pela imagem das empresas exportadoras, bem como para o setor de
fruticultura de exportação. O Grupo Argo está a inteira disposição das
autoridades para colaborar com as investigações policiais e demais órgãos
envolvidos, aguardando o desfecho do caso”, diz a empresa.
Esta foi a segunda apreensão
feita pelas autoridades federais no Porto de Natal em 2021. Em junho, 550
quilos de cocaína foram apreendidas durante uma inspeção das autoridades
federais no Porto de Natal, que nos últimos anos têm sido utilizado
frequentemente para escoamento de cocaína para países da Europa, em especial
Bélgica, Espanha e Holanda. A exportação da droga segue acontecendo mesmo um
ano depois da instalação do scanner nas dependëncias do Porto.
“O scanner está funcionando e
está sendo utilizado para todas as cargas que estão embarcadas para Natal.
Todos os contêineres que saem pelo nosso porto são scaneados. Ele consegue
fazer 15 análises por hora, nessa faixa”, explica o Chefe da Equipe de
Vigilância e Repressão, o Auditor-Fiscal Maurício Santos, responsável pela
execução das operações em entrevista à TRIBUNA DO NORTE na última segunda-feira
(22).
“Naturalmente o scanner tem
suas vantagens, incontáveis, mas num universo grande de cargas, o scanner em
algumas vezes não é tão preciso. Só o scanner por si só não resolve, é mais uma
ferramenta que auxilia nessa detecção. Dependendo dessa carga pode ser que ele
tenha uma facilidade maior que a outra. Depende do tipo de carga exportada que
pode trazer alguma dificuldade”, acrescenta.
Em nota enviada à imprensa, a
Companhia Docas Do Rio Grande do Norte (Codern), que administra o Porto de
Natal, disse que “a apreensão [do último final de semana] demonstra, mais uma
vez, que a intensificação das ações de vigilância na área portuária, sempre em
parceria e com o apoio irrestrito da Companhia Docas do Rio Grande do Norte (Codern),
vem surtindo efeito”.
Desde outubro do ano passado,
segundo a Codern, está em uso o scanner de contêineres no Porto de Natal. O
equipamento foi instalado em outubro de 2020, em um procedimento que envolveu
negociações com agentes públicos e a iniciativa própria do armador CMA/ CGM, da
empresa operadora portuária, Progeco, e fruticultores do Estado. O custo mensal
varia entre R$ 350 mil e R$ 400 mil. O contrato inicial iria até setembro deste
ano, mas, segundo a Codern, foi renovado.
Em virtude das apreensões e
alegando falta de segurança portuária, a CMA-CGM chegou a anunciar a suspensão
das operações no Porto de Natal no começo de março de 2019, após apreensão de
quase 3,2 toneladas de cocaína dentro de contêineres, nos dias 12 e 13 de
fevereiro. As operações voltaram no dia 08 de abril.
Valor
As apreensões de cocaína no
Porto de Natal geraram, em 2021, um prejuízo de pelo menos R$ 178 milhões ao
tráfico internacional. Ao todo, foram apreendidos 815 quilos da droga saindo do
Porto em direção à Roterdã, na Holanda. No último sábado (20), 265 quilos foram
apreendidos numa carga, em caixas de manga. A quantidade é avaliada em R$ 58
milhões, segundo estimativa da Receita Federal.
O prejuízo ao crime
organizado aumenta para R$ 440 milhões quando se somam apreensões de 1.198
quilos na Holanda e na Bélgica, mas que passaram por Natal, ao longo do ano,
após alertas emitido pela Receita Federal à aduana europeia. O cálculo feito
pela TRIBUNA DO NORTE pega como base as estimativas sobre os valores da droga
no mercado disponibilizados pela Receita e Polícia Federal.
Em 2021, outras quatro cargas
foram apreendidas, três delas, segundo a Receita Federal, resultados de
interceptações das autoridades aduaneiras da Holanda e Bélgica. As cargas eram
de 398 (março, na Holanda); 550 quilos (abril, na Holanda), 250 quilos (junho,
na Bélgica). Em junho, 550 quilos de cocaína foram apreendidas durante
uma inspeção das autoridades federais no Porto de Natal. Portanto, 765 quilos
foram interceptados antes de embarcar em Natal e outros 1.198 quilos após o
embarque. As quantidades constam no mais recente boletim da Receita Federal com
o histórico de apreensões, envido à TRIBUNA.
Codern
Em nota, a Codern (Companhia
Docas Do Rio Grande do Norte) deu o seu posicionamento:
"A declaração do Grupo
Argo de que “em alguns casos, os contêineres são violados dentro do próprio
porto” é leviana e irresponsável, portanto, o meio jurídico será acionado para
as providências cabíveis.
A CODERN sempre apoiou as
investigações e cumpre todos os procedimentos e protocolos de segurança,
inclusive, com a presença permanente da Polícia Federal e Receita Federal.
Desde outubro de 2020, o
scanner de contêineres também está em funcionamento no Porto de Natal, como
medida fundamental para o reforço da Segurança Portuária."
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