A forte retomada da construção civil aguardada ansiosamente pelos empresários em 2021, pelo menos no RN, esqueceu de combinar com a pandemia.
Em Natal, obras em execução tanto nos âmbitos da Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (Caern) quanto do Governo Cidadão, com recursos do Banco Mundial, são objetos sistemáticos de pedidos de realinhamento de preços para manterem seu equilíbrio econômico e financeiro.
Já as obras de incorporação, que são os lançamentos de unidades habitacionais, estão paradas aguardando pelo Plano Diretor da Capital, que finalmente deve chegar à Câmara Municipal agora em junho, depois de um longo e tenebroso inverno.
Na base desse problema, segundo Marcus Antônio Aguiar Filho, Vice-Presidente para Mercado Imobiliário do Sinduscon-RN, está o desequilíbrio das relações contratuais na construção civil diante dos aumentos dos insumos, impactando diretamente nas obras públicas e privadas.
Dados da Fundação Getúlio Vargas mostram que os preços dos materiais de construção subiram 19,60% no ano passado. Segundo a entidade, alguns insumos tiveram aumentos acima de 50% no mesmo período.
Para a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) é a “maior alta registrada em todo o período pós Plano Real”.
“Para se ter uma idéia, várias obras públicas estão rompendo seus contratos, pois o valor dos insumos inviabiliza a execução, uma vez que a variação desses deles é muito superior aos reajustes que estavam sendo previstos”, explicou Aguiar ao Agora RN.
Lembrou que, a partir de junho do ano passado, houve uma disparada no consumo de materiais de construção, principalmente por pessoas que estavam fazendo reformas, ampliações e novas construções, coincidindo com o aumento dos preços de insumos usados pelo setor no mercado internacional.
“O dólar ficou alto e várias commodities começaram a faltar no mundo, como o aço, o alumínio e cobre. O resultado é o que estamos vivendo agora”, resumiu Aguiar.
Ainda de acordo com o VP do Sinduscon-RN, o aumento no número de contratações na construção civil registrado no segundo semestre do ano passado pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) foi pontual.
“Deveu-se a investimentos localizados feitos pelo governo estadual e prefeitura em algumas obras iniciadas recentemente. São justamente as empresas responsáveis por essa obras que estão solicitando aos entes públicos a revisão do valor dos seus contratos por conta do aumento não previstos nos insumos”, afirmou Marcus Aguiar.
E concluiu: “A expectativa em 2020 de que todos iriam para a casa, haveria uma paralisação temporária dos serviços, eliminando com a possibilidade de contaminação e a atividade voltaria ao normal – não aconteceu”.
Preocupada com essa situação, a Câmara Brasileira da Indústria da Construção vem realizando encontros virtuais para debater o desequilíbrio das relações contratuais na construção civil diante dos aumentos dos insumos.
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