A Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) vai abrir em abril
mais um turno da linha de produção de vacinas contra covid-19 na
unidade de imunobiológicos de Biomanguinhos, elevando a capacidade diária de
produção para 1,2 milhão de doses, afirmou o diretor da unidade, Maurício Zuma.
Até o momento, Biomanguinhos vem atuando com duas
linhas para a produção da vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford com o
laboratório AstraZeneca, mas só uma delas com dois turnos. A segunda linha
ganhará um segundo turno neste mês.
“Com esse novo turno, após testes na máquina,
certamente vamos passar a capacidade para algo como 1,2 milhão, fácil, ao final
de abril”, disse Zuma. “Mais à frente vamos tentar também aumentar o tamanho do
lote. Hoje, cada turno produz um lote médio de cerca de 300 mil doses… aos
poucos pretendemos elevar o tamanho do lote para 320 mil. Mas isso tem que ser
feito com segurança, qualidade e sem aventuras.”
A Fiocruz bateu na semana passada seu recorde diário
de produção do imunizante ao alcançar 900 mil doses, segundo Zuma. A inclusão
de mais um turno na segunda linha poderá agregar mais 300 mil doses.
A vacina da Fiocruz é responsável atualmente por
apenas 20% do total de doses aplicadas no Brasil, enquanto a chinesa CoronaVac,
envasada pelo Instituto Butantan, representa os outros 80%.
A meta da Fiocruz é entregar até julho desse ano 100,4
milhões de doses de vacinas produzidas com IFA (Insumo Farmacêutico Ativo)
importados da China, e depois mais 110 milhões de doses até o final do ano com
o insumo produzido pela própria fundação. Uma possível demora na entrega dos
insumos, mediante a enorme procura internacional, podem afetar a produção, de
acordo com Zuma.
“Estamos com receio de suprimento de insumos, tem
gente dizendo que está com problema para embarcar insumos e materiais usados em
produção”, disse Zuma, acrescentando, porém, que “no curto prazo não há risco
de faltar”.
O atraso na chegada dos insumos no começo do ano
retardou o início da produção do imunizante na Fiocruz. Os envios depois foram
normalizados, garantindo toda a produção prevista para abril.
IFA nacional
O planejamento da Fiocruz aponta para maio o início da
produção local do IFA. De acordo com Zuma, o processo de produção de um lote de
IFA leva em média 45 dias e são necessários mais 25 dias para ser envasado e
para passar pelo controle de qualidade. Os primeiros lotes de vacina com IFA
nacional só devem estar disponíveis em meados de outubro.
“As instalações estão em fase final de adequação e em
abril a gente quer ter tudo pronto para haver certificação e inspeção da Anvisa,
que dever vir aqui na última semana de abril para esse trabalho e nos conceder
as condições técnico-operacionais, e em maio comece a produção dos lotes de
pré-validação“, afirmou Zuma.
“Só com essa autorização da Anvisa a gente pode
manipular um agente biológico dentro de um laboratório… a vacina já deve estar
com primeiro lote pronto em julho, mas aí entra a questão regulatória, lotes de
consistência e outras regras”, adicionou.
Com o calendário apertado para entregar 110 milhões de
doses no segundo semestre com IFA próprio, a Fiocruz poderá ter que importar
mais vacinas prontas e novos lotes de IFA, reconheceu o diretor de
Biomanguinhos. “Nosso foco é garantir 110 milhões, e como vai ser estamos
trabalhando”, disse.
A Fiocruz já havia antecipado em fevereiro que antevia
percalços para produzir vacinas com o IFA próprio e que tinha aberto negociação
com a AstraZeneca para importar mais doses ou insumos.
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