As divergências sobre a permissão ou não para
funcionamento das aulas presenciais nas escolas de Natal dividiram opiniões de
pais e instituições. Um decreto
publicado pelo governo do estado determinou suspensão das aulas no
ensino fundamental 2, no ensino médio e no ensino superior a partir desta segunda
(1º). Porém o decreto
municipal publicado no mesmo dia autorizou a continuidade das aulas na
capital.
Segundo o governo, as medidas visam reduzir o nível de
contágio e a pressão por leitos no estado. A
rede pública opera com mais de 90% de ocupação das UTIs para
pacientes com Covid-19, enquanto a rede privada já está em 100%. De acordo com
o decreto, as medidas valem até pelo menos 10 de março. Já a prefeitura
considerou que as instituições podem funcionar desde que mantenham os protocolos
de segurança já adotados.
Diante da situação, o sindicado das escolas privadas
recomendou que as instituições seguissem o decreto estadual, mas considerou que
a decisão cabe a cada instituição. Algumas das escolas decidiram manter as
aulas. Diante da situação, o secretário de Educação do Rio Grande do Norte,
Getúlio Marques, afirmou que abriu diálogo com as instituições, mas aquelas que
não obedecerem o decreto poderão ser multada em valores que variam de R$ 20 a
R$ 50 mil.
"Estamos dialogando, mas depois vamos notificar a
multar. Educação é um direito de todos, mas não adianta ter educação se não tem
vida. Estamos banalizando a situação. Temos que entender que estamos em uma
situação de contingência, uma situação de guerra", afirmou o secretário.
A engenheira de segurança Alessandra Araújo tem dois
filhos matriculados em uma escola particular da capital. Na última sexta-feira
ela recebeu o comunicado da instituição de que as aulas presenciais foram
suspensas pelos próximos 10 dias.
Consciente da situação atual da pandemia no estado,
ela diz que já esperava a decisão. Depois desse período de suspensão, a escola
vai deixar a cargo dos pais a escolha se os alunos voltam ao ensino presencial
ou não.
"Com o que a gente tem visto no estado, a
preocupação com o número de leitos que já não existem mais, a gente acatou com
tranquilidade. Não só as crianças estão expostas, mas todos os profissionais,
os professores e os demais. Com isso a gente tenta cumprir da melhor maneira
para tentar diminuir essa contaminação. Se depois os protocolos estiverem sendo
cumpridos e tivermos uma folga na situação, eu acho válido que os meninos
voltem", afirmou.
Município autoriza aulas
Apesar do decreto estadual, o município autorizou a
abertura e funcionamento das escolas privadas da capital, desde que se
mantenham a segurança sanitária de alunos e funcionários e ofereçam também a
opção de ensino remoto. Foi o caso de uma escola no bairro da Lagoa Nova, que
decidiu permanecer aberta. Para a instituição, manter as aulas presenciais é
uma escolha dos pais, de mandarem ou não os filhos.
"Nós esperamos tanto o município quanto o estado
se manifestarem e o município se manifestou dizendo que as escolas poderiam
funcionar, o que a gente acha que é coerente já que o índice de
transmissibilidade é quase insignificante nas escolas e nós vamos seguir o
decreto do município", afirmou Ana Flávia Azevedo - diretora pedagógica do
CEI. "O que a gente entende é que o ensino híbrido dá essa possibilidade
aos pais, na hora que eu mantenho a escola aberta em todos os níveis de
ensino", afirmou.
Sindicato
O presidente do sindicato das escolas afirmou que
diante do impasse, o sindicato decidiu seguir a recomendação do estado e emitiu
um comunicado às instituições, mas deixou claro que a decisão final é de cada
escola. "O sindicato não é de Natal, representa as escolas do Rio Grande
do Norte e estamos olhando o contexto como um todo. Aquela escola que deva
achar que está tudo bem, é responsabilidade dela", afirmou Alexandre
Marinho.
Já as faculdades procuradas disseram que ainda estudam
de vão suspender ou não as aulas. Em Natal, a UNP afirmou que vai suspender as
aulas práticas, que eram as únicas que estavam acontecendo em formato
presencial.
MPs recomendam medidas mais duras
Neste sábado (27), os Ministérios
Públicos Estadual, Federal e do Trabalho recomendaram, entre outras medidas, a
suspensão das aulas na rede pública e privada de ensino em todo o
Rio Grande do Norte por 14 dias, adotando-se o regime de ensino on-line, e
condicionando o retorno presencial a uma nova avaliação da situação
epidemiológica.
"As Prefeituras de todos os municípios potiguares
devem se abster de praticar quaisquer atos, inclusive edição de normas, que
possam flexibilizar medidas restritivas estabelecidas pelo Governo
Estadual", informaram as instituições em nota conjunta.

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