O governo do Rio Grande do Norte publicou neste sábado
(27), no Diário Oficial, o novo decreto com restrições para
reduzir aglomerações e a pressão por leitos críticos de UTI para Covid-19.
Toque de recolher em todo o estado, suspensão de aulas
presenciais, missas e cultos, fechamento de parques, estão entre as medidas. O
decreto tem validade até 10 de março e traz ainda uma série de recomendações
aos municípios.
Confira as medidas:
- Toque
de recolher que proíbe a circulação de pessoas em todo o estado, entre 22h
e 5h. O texto afirma que as forças de segurança deverão promover operações
constantes com o objetivo de garantir a aplicação da medida (confira
o detalhamento abaixo);
- Suspensão
das aulas presenciais a partir de 1º de março nas unidades das redes
pública estadual e privada de ensino, incluindo instituições de ensino
superior, "devendo manter o ensino remoto". Porém, as escolas e
instituições de ensino fundamental das séries iniciais e do ensino
infantil poderão funcionar em sistema híbrido ou por meio remoto, conforme
a escolha dos pais ou responsáveis.
- Suspensão
de atividades em parques públicos, centros de artesanato, circos, parques
de diversões, museus, bibliotecas, teatros, cinemas e demais equipamentos
culturais a partir de 1º de março;
- Suspensão
de eventos corporativos, técnicos, científicos, esportivos, convenções, shows
ou qualquer outra modalidade de evento de massa, inclusive locais privado,
como os condomínios edilícios a partir de 1º de março;
- Suspensão
de atividades recreativas em clubes sociais e esportivos a partir de 1º de
março;
- Suspensão
do funcionamento do Centro de Convenções de Natal;
- Suspensão
de atividades coletivas de qualquer natureza como cultos, missas e
congêneres em igrejas, espaços religiosos, lojas maçônicas e
estabelecimentos similares a partir de 1º de março. Os locais poderão
ficar abertos exclusivamente para orações e atendimentos individuais,
respeitado distanciamento de 1,5 metro entre as pessoas e limitação de uma
pessoa para cada cinco metros quadrados de área, com, no máximo, 20
pessoas no recinto;
- Proibição
do transporte de passageiros em pé no Sistema de Transporte Coletivo
Rodoviário Intermunicipal.
Toque de recolher
O toque de recolher restringe a circulação de pessoas
nas ruas das 22h às 5h. Dessa forma, as pessoas ficam proibidas de
circular pelas ruas dentro desse horário, salvo em caso de alguns serviços:
- serviços
públicos essenciais (como segurança, saúde, entre outros)
- farmácias;
- indústrias;
- postos
de combustíveis;
- hospitais
e demais unidades de saúde e de serviços odontológicos e veterinários de
emergência;
- laboratórios
de análises clínicas;
- segurança
privada;
- imprensa,
meios de comunicação e telecomunicação em geral;
- funerárias;
- exercício
da advocacia na defesa da liberdade individual;
- serviços
de alimentação, exclusivamente para delivery;
- serviços
de transporte coletivo urbano.
Trabalhadores que estão indo de casa para o trabalho
ou do trabalho para casa também podem circular.
Recomendações aos municípios
O decreto do governo do estado traz ainda uma série de
recomendações aos municípios como o fechamento, nos finais de semana e
feriados, de acessos às praias, lagoas, cachoeiras, balneários, clubes, rios e
similares.
Confira todas as recomendações aos
municípios:
- Proibição
de funcionamento de bares e restaurantes, de segunda-feira a sexta-feira,
das 22h às 06h. A venda e o consumo de bebidas alcoólicas em locais
públicos também deve ser proibido nesse período.
- Suspensão,
durante os finais de semana e feriados, do funcionamento de restaurantes,
lanchonetes, barracas de praia, praças de alimentação, praças de food
truck, bares e similares, exceto para entrega ou no formato em que o
consumidor pega o produto e leva para casa;
- Suspensão
das aulas presenciais nas escolas da rede pública municipal de ensino, com
possibilidade de adoção do sistema híbrido ou por meio remoto para as
escolas e instituições de ensino fundamental das séries iniciais e do
ensino infantil;
- Suspensão,
nos finais de semana e feriados, do acessos às praias, lagoas,
cachoeiras, balneários, clubes, rios e similares, bem como piscinas,
inclusive aquelas em locais de uso coletivo;
- Reorganização
das feiras livres, de modo a assegurar o distanciamento social;
- Os
municípios devem disciplinar o funcionamento do transporte coletivo urbano,
para evitar aglomerações e demanda concentrada em determinados horários.
- Realização
de campanhas de divulgação e esclarecimento da atual situação da
pandemia, inclusive da superlotação da rede hospitalar, bem como da
necessidade de adoção de medidas sanitárias, como uso de máscaras e
distanciamento social.
Pandemia
De acordo com o Regula RN, plataforma que monitora em
tempo real as internações no estado, o Rio Grande do Norte tem 89,4% dos leitos
críticos ocupados, sendo a Grande Natal a região que mais preocupa, com
90.1%. A consulta foi realizada neste sábado (27) às 09h.
Na quinta-feira (25), a governadora
admitiu que o sistema de saúde da Grande Natal colapsou e pediu
aos prefeitos dos municípios medidas mais rígidas para evitar que isso se
espalhe pelas demais regiões e se agrave ainda mais na Região Metropolitana.
O boletim da Secretaria de Estado da Saúde Pública
(Sesap) desta sexta-feira (26) indica que o RN tem 415 pessoas internadas
em leitos críticos no estado, um a menos do que na quinta-feira (25), quando
o estado bateu novo recorde de internações desde o início da pandemia.
O número mais alto atingido na primeira onda havia sido de 363 pessoas, em 28
de junho.
Somados ao internados em leitos clínicos, atualmente
são 761 pacientes - o maior número já registrado. O boletim indica ainda
que 100% dos leitos críticos da rede privada em todo o estado estão ocupados.
Não há mais vagas.
Exemplo disso é que alguns pacientes não têm
conseguido sequer ser internados. Na quinta-feira, uma
idosa de 93 anos precisou ser intubada dentro da ambulância depois
de ficar cinco horas sem receber atendimento em um hospital particular.
Sem vagas na Grande Natal, os pacientes
estão sendo transferidos de avião para o interior do estado. Pelo
menos sete já foram internados em leitos em Caicó, Mossoró e Pau dos Ferros. Ao
todo, somados às transferências por ambulâncias, 31 pessoas foram reguladas nos
últimos dias da Grande Natal para o interior pela falta de vagas.
Além disso, há um crescimento
de 60% na internação de pessoas abaixo dos 60 anos de idade.
Atualmente, quase metade dos internados em leitos críticos não são idosos.
A superlotação dos hospitais na Grande Natal também se
reflete nas Unidades
de Pronto Atendimento (UPAs), que já operam acima dos 100% de ocupação.
Pelo cenário, a Secretaria Municipal de Saúde de Natal decidiu tornar todos
os 30
leitos clínicos do Hospital dos Pescadores exclusivos para pacientes com
Covid-19.
O anúncio das restrições no Rio Grande do Norte
segue na esteira do que vem ocorrendo em outras regiões do país, como na
capital de São
Paulo; em Araraquara,
no interior paulista; na Bahia;
no Paraná;
e Rio
Grande do Sul.
Na manhã desta sexta-feira (26), o Governo do RN
publicou uma portaria recomendando a suspensão
do atendimento presencial externo nos órgãos e entidades da administração
pública estadual direta e indireta por conta do agravamento da
pandemia no estado.
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