Valor Econômico
A China aprovou no final de agosto a
vacina contra o Coronavírus da fabricante Sinovac para uso
emergencial em profissionais de saúde, sujeitos a maior risco para contaminação
da Covid-19.
Chamada de CoronaVac, a vacina chinesa está em fase 3
de testes clínicos, inclusive sendo testada com cerca de 9.000 voluntários no
Brasil. O governo de São Paulo fez um acordo com a farmacêutica Sinovac para
transferência de tecnologia e produção da vacina junto com o Instituto Butantan
no país.
A informação sobre a aprovação na China foi divulgada
no último dia 28 de agosto pela agência de notícias Reuters em Pequim, que
ouviu uma fonte próxima à farmacêutica.
Os resultados das fases 1 e 2 da vacina já mostraram
bons resultados, com uma proteção acima de 97% após 28 dias. Foram avaliadas
148 pessoas entre 18 e 59 anos na fase 1 e mais 600 pessoas na fase 2. Os
efeitos adversos reportados foram brandos. Não houve nenhum efeito colateral
grave que pudesse indicar uma possível falha na segurança da vacina.
O estudo randomizado e duplo-cego contou com duas
doses do imunizante, uma no primeiro dia de testes e outra 14 dias após. A
quantidade de anticorpos no organismo foi medida 14 dias após cada dose.
Uma boa notícia é que a vacina induziu à produção de
anticorpos neutralizantes, cuja função é justamente impedir a entrada do vírus
nas células, sugerindo que a vacina pode ser eficaz em conter a infecção, não
apenas o desenvolvimento da doença.
Os autores, no entanto, afirmam ser necessário
aguardar os resultados da fase 3 para ter certeza da eficácia do imunizante.
A CoronaVac é feita a partir de vírus inativados. A
ideia é modificar o Sars-CoV-2 tornando-o não infectante. Os cientistas inserem
o coronavírus em células Vero –linhagem de células comumente utilizadas em
culturas microbiológicas, sintetizadas a partir de células isoladas dos rins de
uma espécie de macaco na década de 60 e usadas até hoje– para multiplica-lo em
laboratório. A partir daí, o vírus é inativado e incorporado na vacina.
A produção de vacina com o vírus total inativado é
semelhante à utilizada para a produção da vacina da raiva. Esse tipo de vacina,
porém, necessita de grandes testes de segurança. A fase 3 que está em andamento
no Brasil deve prosseguir por, no mínimo, seis meses.
Segundo o diretor do Instituto Butantan Dimas Tadeu
Covas, caso os resultados da fase 3 sejam favoráveis a intenção é começar a
vacinação já em janeiro.
O Butantan, que pretende produzir 120 milhões de doses
até 2021, enfrentará um obstáculo logístico: a CoronaVac necessita de duas
doses para imunização. Ou seja, o total produzido poderá atender 60 milhões de
pessoas, menos de 1/3 da população do país.
Além da Sinovac, outras duas grandes farmacêuticas
chinesas já possuem vacinas com uso restrito aprovado. A primeira a receber a
aprovação foi a CanSino em julho, cuja vacina, feita a partir de adenovírus,
tecnologia similar à da vacina da Oxford e AstraZeneca, foi aprovada para uso
em militares no país.
A gigante farmacêutica estatal Sinopharm, por meio do
Grupo Nacional Chinês de Biotecnologia (CNBG, na sigla em inglês), também
anunciou que teve autorização para o uso emergencial de uma de suas candidatas
à vacina contra o coronavírus em estudo, segundo divulgou em redes sociais no
último domingo (30).
A CNBG tem duas candidatas à vacina em fase 3 de
ensaios, mas não divulgou qual das duas teve o uso aprovado.
Segundo a agência Xinhua, o governo chinês tem
aprovado vacinas para uso emergencial como medida de bloquear possíveis novos
surtos de covid-19 durante o outono e inverno. O governo, no entanto, não
divulgou maiores informações sobre como essas vacinações ocorrerão e a
quantidade de pessoas a ser vacinada.

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