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sábado, 12 de setembro de 2020

Sindicato dos Médicos do RN aciona Justiça para impedir transferência de leitos do Hospital Ruy Pereira

 


O Sindicato dos Médicos do Rio Grande do Norte (Sinmed-RN) e a Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV-RN) acionaram a Justiça para interromper o processo de transferência de leitos e pacientes do Hospital Estadual Ruy Pereira para o Hospital da Polícia Militar, que vai receber a partir deste mês os casos cirúrgicos e de UTI - o Hospital João Machado receberá os casos clínicos.

Essa transferência acontece após decisão judicial, resultado de um acordo entre a Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap), Ministério Público Estadual e Federal e Conselho Regional de Medicina.

Para o médico Gutenberg Gurgel, presidente da Sociedade Brasileira de Angiologia, uma das autoras da ação, os outros hospitais não têm a estrutura adequada para atender a demanda vascular e ortopédica no Estado. Com a saída dos leitos, os médicos temem pelo fechamento da unidade.

"A gente não pode pactuar com o fechamento de um hospital desse porte, que tem três salas de cirurgia disponíveis para cirurgia vascular e de repente você é encaminhado para um hospital com uma sala de cirurgia disponível para cirurgia vascular e ainda vai desmobilizar toda a equipe", falou Gutenberg Gurgel.

O hospital foi inaugurado em 2010 e é referência em cirurgias vasculares e em tratamento para pessoas diabéticas. Desde o início do ano, 20 dos 80 leitos clínicos e de UTI já foram transferidos para outras unidades. De acordo com o secretário de saúde do estado, Cipriano Maia, o prédio onde funciona hoje o Hospital Ruy Pereira foi condenado pelo Corpo de Bombeiros e Vigilância Sanitária.

"Em novembro e dezembro do ano passado nós recebemos uma notificação daVigilância Sanitária Municipal interditando o Ruy Pereira, porque ele não tinha mais condições de funcionamento. É um prédio construído nos anos 70 que não se adequa mais às exigências de funcionamento de um hospital ao que hoje e exigido pelas normas sanitárias da Anvisa", falou o titular da pasta.

Em janeiro deste ano, durante uma visita, o Sindicato dos Médicos constatou carência de leitos no hospital, dificuldades no abastecimento de medicamentos e materiais, além de problemas estruturais do prédio. Eles alegam que por causa dessa falta de estrutura o hospital hoje não consegue realizar todos os procedimentos que teria condições.

"Esse hospital, se der condições, tem condições de tratar os pacientes. O que a gente vê é que nos últimos anos a unidade tem sofrido uma desmobilização progressivamente", alegou o médico Gutenberg Gurgel, presidente da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular.

Pacientes se preocupam

Para quem depende desse serviço, a mudança gera receios, como é o caso Carlos da Silva, que é diabético e precisa de uma cirurgia no dedo do pé. O aposentado explicou que já passou por várias unidades hospitalares até chegar no Ruy Pereira, onde ele tem esperança de realizar logo o procedimento cirúrgico.

"Minha situação é crítica porque essa cirurgia era pra ter sido feita há um mês atrás. Todos os médicos que eu fui disseram: 'É urgente!'. Fui para um canto e outro até chegar aqui. Vim ao médico para me encaminhar pra fazer a cirurgia. Acho que as autoridades tem que se manifestar e dar uma injeção de ânimo para essa saúde funcionar", disse.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Angiologia, atualmente 120 pessoas aguardam por uma cirurgia vascular no estado. O secretário de saúde do estado afirmou que a transferência de leitos não vai prejudicar esse tipo de atendimento. O objetivo, segundo ele, é qualificar e ampliar o serviço no estado.

"Reorganizar o cuidado ao paciente para que ele seja atendido mais oportunamente e mais precocemente próximo a onde ele mora e antes de ter complicações. Temos também nesse processo de reorganização, a parceria com o Hospital Universitário Onofre Lopes, que faz a parte dos diagnósticos de arteriografias e arterioplastias, que é de tratamento e a gente quer qualificar isso pra aumentar essa oferta”, falou Cipriano.

 

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