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segunda-feira, 14 de setembro de 2020

Pau dos Ferros continua na lista de municípios em situação de emergência por causa da seca

 


É no armazém ao lado da casa, no Sítio Extrema, zona rural de Pau dos Ferros, que o agricultor Raimundo Benevides guarda parte dos grãos colhidos este ano. O milho e o feijão ficam estocados em silos e tonéis bem vedados para evitar que estraguem com o tempo. A colheita de 2020 rendeu sete sacas de 60 kg cada, fruto da boa chuva na região. "Este ano foi muito bom para nós. Não tenho do que reclamar porque foram muitos anos de seca", comemora o agricultor.

A fartura no campo é contemplada diariamente do lado de fora da propriedade. Dois pequenos açudes reapareceram e garantem água para o rebanho bovino e permitem o plantio de capim nas áreas alagadas. Mas, mesmo com o bom inverno, Seu Raimundo conta que houve perdas na lavoura de milho. Algumas plantas não conseguiram se desenvolver porque faltou chuva. "Em abril, quando o milho deveria tomar mais água, parou de chover por uns 20 dias e isso atrapalhou o crescimento", conta Raimundo.

De acordo com o secretário de desenvolvimento rural de Pau dos Ferros, Rodrigo Araújo, as perdas nas lavouras de milho chegaram a 70% este ano, causadas principalmente pelos pequenos períodos de estiagem durante a quadra chuvosa. "Muitos agricultores não tiveram suas colheitas na totalidade. Os períodos de 15 a 20 dias sem chuvas, dentro do próprio inverno, prejudicam determinadas plantações como o milho", pontua o secretário.

A perda na lavoura foi um dos motivos levados em consideração para que o município de Pau dos Ferros continuasse em situação de emergência por causa da seca. O decreto de emergência foi renovado por mais seis meses, no último dia 8 de setembro. A publicação foi divulgada no Diário Oficial do Estado. A boa notícia é que a lista de municípios em situação de emergência diminuiu de 132 para 18 cidades, se comparada com o decreto anterior.

Segundo a Emparn, órgão que monitora as chuvas no Rio Grande do Norte, o estado registrou chuvas acima da média em todas as regiões este ano. Em Pau dos Ferros, choveu mais de 1 mil milímetros. O reflexo do bom inverno pode ser percebido na barragem do município que está atualmente com cerca de 30% da capacidade total. No mesmo período do ano passado, o reservatório que é utilizado para abastecimento da cidade estava seco. Mesmo com a recarga significativa, o período chuvoso não foi suficiente para recuperar por completo os anos da estiagem prolongada.

"Estamos finalizando um ciclo de seca e iniciando um novo ciclo que vislumbra, nos próximos 10 anos, um inverno dentro de uma certa regularidade. O decreto estabelece algumas condições diferenciadas como, por exemplo, a continuidade da Operação Carro-pipa nas comunidades rurais e também, no ponto de vista administrativo, alguns procedimentos diferenciados no que diz respeito a projetos que podem ser captados", explica secretário estadual de Desenvolvimento Rural e Agricultura Familiar, Alexandre Lima.

O titular da Sedraf disse que o Governo do Estado considera quatro indicadores básicos para manter a situação de emergência: os índices pluviométricos registrados este ano, o volume de água acumulado nos reservatórios monitorados, a capacidade de acúmulo de água no solo e os fatores sociais das regiões referentes ao acesso à água potável nas comunidades rurais.

O estado garantiu que os 114 municípios que deixaram a lista de emergência pela seca serão atendidos pela Operação Carro-pipa do Exército Brasileiro até 31 de dezembro deste ano. Em Pau dos Ferros, a operação atua em 30 comunidades rurais. São 76 postos de abastecimento que recebem a água vinda da Barragem Santa Cruz, em Apodi. "Na época da chuva, ainda conseguimos diminuir os pontos de abastecimento. Mas agora, com a chegada desse período mais seco, a necessidade de água aumenta", aponta Edilton Honorato, coordenador da Defesa Civil do município. Além do auxílio do Exército, o município também possui um carro-pipa que auxilia na distribuição de água.

Para o sertanejo Raimundo Benevides, se a situação já melhorou esse ano, a esperança é sempre de dias melhores e de um próximo inverno cheio de fartura. "Se Deus quiser, próximo ano vai ser melhor ainda", acredita o agricultor.

 

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