A possível saída de Ricardo Lewandowski do
Ministério da Justiça e Segurança Pública abriu mais um flanco sensível para o
governo Lula em uma área considerada estratégica para 2026. O ministro
comunicou ao presidente o desejo de deixar o cargo, alegando missão cumprida, e
agora o Planalto se vê diante de duas decisões complexas: definir um substituto
capaz de sustentar a agenda política da pasta e decidir se avança, ou não, com
a prometida divisão do ministério para criar uma estrutura exclusiva de Segurança
Pública.
A ideia de fatiar a pasta voltou ao debate interno
como tentativa de reforçar o combate ao crime organizado, tema explorado pela
oposição e que desgasta sucessivos governos do PT. Embora Lula condicione a
mudança à aprovação da PEC da Segurança no Congresso, aliados divergem sobre o
custo político de implementar a reestruturação a menos de um ano da eleição.
Parte do entorno presidencial defende adiar a decisão para um eventual novo
mandato, evitando turbulência administrativa em pleno ano eleitoral.
Nos bastidores, há resistência inclusive à saída de
Lewandowski. Auxiliares tentam convencê-lo a permanecer, avaliando que a troca
agora ampliaria a sensação de instabilidade. Caso a permanência não se
confirme, surgem nomes como o do ministro da CGU, Vinicius de Carvalho, e do
ex-presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Ambos, porém, adotam postura
cautelosa: Carvalho nega articulações e Pacheco não demonstra interesse em
migrar para o Executivo, sobretudo após ruídos com o Planalto na disputa por
uma vaga no STF.
A indefinição se soma a outro ponto de atrito: quem
comandaria uma eventual nova pasta da Segurança. O nome do diretor-geral da
Polícia Federal, Andrei Rodrigues, circula entre aliados de Lula, mas enfrenta
resistência no Congresso, incomodado com investigações que atingem
parlamentares. O cenário reforça o desafio do presidente: reorganizar a
principal vitrine do discurso de ordem e segurança sem ampliar tensões
políticas nem transmitir fragilidade às vésperas da disputa pela reeleição.
Com informações do O Globo

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