sábado, 27 de dezembro de 2025

Mario Sabino: Dias Toffoli vencerá o Masterchef no STF

 


Dias Toffoli vencerá o Masterchef no STF. Está sozinho no páreo, visto que Alexandre de Moraes falhou miseravelmente nas pressões para que o Banco Master fosse comprado pelo BRB.

Pressões que Moraes nega, mas que, de todo modo, nada teriam a ver com o contrato de R$ 129 milhões que o escritório da sua mulher, a advogada Viviane Barci de Moraes, firmou com o banco de Daniel Vorcaro.

O ministro explicou, em uma das suas notas seriais divulgadas antes do Natal, que ela nunca atuou na operação Master-BRB.

Como também não há petição da doutora Barci de Moraes em nenhum outro grande caso envolvendo o banco que a contratou, pode-se dizer que a mulher do ministro ganhou na loteria ao levar uma bolada em honorários jamais imaginada no mundo da advocacia brasileira, quiçá mundial.

Mas uma coisa é ter a mulher como ganhadora na loteria; outra muito maior é vencer o Masterchef no STF, demonstrando com virtù (douro a pílula com o conceito de Machiavelli) que a liquidação do banco de Vorcaro é fruto de conluio entre a banca incomodada com um outsider e o Banco Central acumpliciado com ela — e que, portanto, é história da carochinha que o Master perpetrou uma fraude financeira de R$ 12,2 bilhões, a maior já descoberta no país.

Dias Toffoli segue firme no caminho dessa glória inaudita. Está mesmo decidido a vingar a derrota do Palmeiras na Libertadores e fazer com que a torcida do Flamengo engula o grito de “ladrão” endereçado contra Vorcaro e outros benfeitores do sistema bancário nacional. Não vai deixar barato a viagem até Lima a bordo do jato de um bilionário amigo, que também deu carona ao advogado de um ex-diretor do Master. São todos Porco.

Depois de arrogar para si a investigação sobre o banco, impor sigilo absoluto sobre tudo e ordenar que as inquirições devem ser autorizadas por ele, o ministro continua botando pra quebrar. Determinou, de ofício, que se faça uma acareação entre os investigados Vorcaro e Paulo Henrique Costa, ex-presidente do BRB, e a testemunha Ailton de Aquino Santos, diretor de fiscalização do Banco Central.

Você há de se perguntar o que foi dito de contraditório nos depoimentos dos três que tenha levado Dias Toffoli ao extremo de mandar fazer uma acareação. Não houve depoimento nenhum, bobinho.

Há mais de seis anos, desde a abertura do inquérito das fake news pelo ministro, o sistema acusatório brasileiro passa por uma revolução criativa da parte do STF, do qual fazem parte líderes capazes de conquistar, manter e expandir o seu poder (acabo de explicar o conceito de virtù).

A acareação, dizem os eternos indignados, não eu, por favor, que já não me indigno com mais nada, é para intimidar os técnicos do Banco Central e abrir caminho para a anulação da liquidação do Master. Vorcaro, assim, voltará ao jogo para o triunfo gozoso de Dias Toffoli nesse eletrizante Masterchef. Ele sempre foi a melhor aposta na Justiça dos homens, e não restará qualquer dúvida sobre isso.

PS: Graças também à caneta saneadora de Dias Toffoli, o ex-diretor da Petrobras Roberto Gonçalves, condenado pela Lava Jato por receber propina, recuperou R$ 26,5 milhões de reais que estavam depositados na Suíça. Como disse aquela organização suspeita, a Transparência Internacional, “o Brasil produziu algo inédito no planeta: a repatriação de ativos para o condenado por corrupção, não para as vítimas”.

Mario Sabino - Metrópoles

 

 

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