Dias Toffoli vencerá o Masterchef no STF. Está
sozinho no páreo, visto que Alexandre de Moraes falhou miseravelmente nas
pressões para que o Banco Master fosse comprado pelo BRB.
Pressões que Moraes nega, mas que, de todo modo,
nada teriam a ver com o contrato de R$ 129 milhões que o escritório da sua
mulher, a advogada Viviane Barci de Moraes, firmou com o banco de Daniel
Vorcaro.
O ministro explicou, em uma das suas notas seriais
divulgadas antes do Natal, que ela nunca atuou na operação Master-BRB.
Como também não há petição da doutora Barci de
Moraes em nenhum outro grande caso envolvendo o banco que a contratou, pode-se
dizer que a mulher do ministro ganhou na loteria ao levar uma bolada em
honorários jamais imaginada no mundo da advocacia brasileira, quiçá mundial.
Mas uma coisa é ter a mulher como ganhadora na
loteria; outra muito maior é vencer o Masterchef no STF, demonstrando com virtù
(douro a pílula com o conceito de Machiavelli) que a liquidação do banco de
Vorcaro é fruto de conluio entre a banca incomodada com um outsider e o Banco
Central acumpliciado com ela — e que, portanto, é história da carochinha que o
Master perpetrou uma fraude financeira de R$ 12,2 bilhões, a maior já
descoberta no país.
Dias Toffoli segue firme no caminho dessa glória
inaudita. Está mesmo decidido a vingar a derrota do Palmeiras na Libertadores e
fazer com que a torcida do Flamengo engula o grito de “ladrão” endereçado
contra Vorcaro e outros benfeitores do sistema bancário nacional. Não vai
deixar barato a viagem até Lima a bordo do jato de um bilionário amigo, que
também deu carona ao advogado de um ex-diretor do Master. São todos Porco.
Depois de arrogar para si a investigação sobre o
banco, impor sigilo absoluto sobre tudo e ordenar que as inquirições devem ser
autorizadas por ele, o ministro continua botando pra quebrar. Determinou, de
ofício, que se faça uma acareação entre os investigados Vorcaro e Paulo
Henrique Costa, ex-presidente do BRB, e a testemunha Ailton de Aquino Santos,
diretor de fiscalização do Banco Central.
Você há de se perguntar o que foi dito de
contraditório nos depoimentos dos três que tenha levado Dias Toffoli ao extremo
de mandar fazer uma acareação. Não houve depoimento nenhum, bobinho.
Há mais de seis anos, desde a abertura do inquérito
das fake news pelo ministro, o sistema acusatório brasileiro passa por uma
revolução criativa da parte do STF, do qual fazem parte líderes capazes de
conquistar, manter e expandir o seu poder (acabo de explicar o conceito de
virtù).
A acareação, dizem os eternos indignados, não eu,
por favor, que já não me indigno com mais nada, é para intimidar os técnicos do
Banco Central e abrir caminho para a anulação da liquidação do Master. Vorcaro,
assim, voltará ao jogo para o triunfo gozoso de Dias Toffoli nesse eletrizante
Masterchef. Ele sempre foi a melhor aposta na Justiça dos homens, e não restará
qualquer dúvida sobre isso.
PS: Graças também à caneta saneadora de Dias
Toffoli, o ex-diretor da Petrobras Roberto Gonçalves, condenado pela Lava Jato
por receber propina, recuperou R$ 26,5 milhões de reais que estavam depositados
na Suíça. Como disse aquela organização suspeita, a Transparência
Internacional, “o Brasil produziu algo inédito no planeta: a repatriação de
ativos para o condenado por corrupção, não para as vítimas”.
Mario Sabino - Metrópoles

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