quarta-feira, 24 de dezembro de 2025

Frutas somam quase 74% dos US$ 275 milhões exportados do RN à Europa

 


Entre janeiro e novembro de 2025, a fruticultura potiguar respondeu por US$ 153,9 milhões em exportações para a União Europeia (UE), com destaque para melões, melancias, mamões, mangas e bananas. Esse desempenho representa cerca de 73,7% de toda a pauta exportadora do Rio Grande do Norte destinada ao bloco europeu, dado que reforça o papel estratégico do agronegócio estadual na geração de divisas e emprego. Os números são da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do RN (Sedec), que aponta a UE como protagonista nas relações com o estado, cuja corrente de comércio com os países europeus ultrapassou US$ 275 milhões, com superávit de US$ 140,3 milhões a favor do RN.

Além da fruticultura, a pauta exportadora do estado para a União Europeia também inclui produtos como outros óleos combustíveis (US$ 33,9 milhões), querosene de aviação (US$ 5,2 milhões), minérios de tungstênio e concentrados (US$ 3,2 milhões) e granito (US$ 1,1 milhão). Segundo a Sedec, os dados refletem uma base produtiva diversificada e com potencial de ampliação de valor agregado.

O secretário Guilherme Saldanha, de Agricultura, Pecuária e Pesca do RN (Sape), destacou que o estado é atualmente o maior exportador de frutas do Brasil, com recordes frequentes de vendas. Segundo ele, a expectativa é de que o agro potiguar feche o ano com um volume próximo aos US$ 200 milhões em exportações. Já o pescado deve bater os US$ 300 milhões, conforme estimativas do secretário. “Tudo isso tem uma importância na geração de emprego e renda. Temos conseguido tornar o RN favorável a investimentos e a prova disso é a produção cada vez maior em áreas como o Distrito Baixo-Açu”, pontuou Saldanha.

Para Fábio Queiroga, presidente do Comitê Executivo de Fruticultura do RN (Coex), os números relativos ao envio de frutas ao continente europeu têm a ver com os esforços para manter a qualidade dos produtos. Ele também citou o bom momento da safra potiguar como um dos fatores para os resultados.

“Passamos pela pandemia, que provocou um travamento do nosso crescimento por limitações de logística marítima, em especial, mas estamos em plena safra, com um volume de fruta realmente expressivo para a comunidade europeia”, afirmou Queiroga, ao mencionar que as relações com o mercado americano, afetadas pelo tarifaço aplicado pelo governo de Donald Trump, também influenciam no cenário. “Esperamos fechar o ano com chave de ouro, nos preparando para um 2026 ainda mais promissor”, acrescentou Fábio Queiroga.

José Álvares Vieira, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do RN (Faern), analisa que o desempenho da fruticultura em 2025 reafirma o setor como a âncora estratégica do comércio exterior potiguar. “Mas é preciso lembrar que o balanço anual ainda não está concluído e a atividade é regida por uma forte sazonalidade, com volumes que dependem crucialmente do desempenho da safra neste último trimestre. A percepção da Federação é de que o setor opera hoje em seu limite operacional e financeiro”, falou Vieira.

Segundo ele, este ano o produtor tem enfrentado uma combinação severa de pressões, como a elevação dos custos de produção, exigências fitossanitárias europeias e gargalos logísticos em portos e estradas. “São urgentes políticas públicas que garantam segurança jurídica, infraestrutura eficiente e ampliação do acesso ao crédito para garantir que o RN mantenha competitividade diante de um mercado global cada vez mais rigoroso”, afirmou o presidente da Faern.

Países Baixos lideram ranking de parceiros

De acordo com a Sedec, os Países Baixos lideram o ranking de parceiros comerciais do RN dentro do bloco, com US$ 127,2 milhões em importações de produtos potiguares, seguidos por Espanha (US$ 53,0 milhões), Portugal (US$ 15,8 milhões), Itália (US$ 4,8 milhões) e Alemanha (US$ 3,1 milhões). Juntos, esses cinco países concentraram aproximadamente 97,2% do total exportado pelo estado à União Europeia no período analisado.

No sentido inverso, as importações provenientes da União Europeia demonstram, segundo a pasta, a relevância do bloco como fornecedor de bens estratégicos para o Rio Grande do Norte. Espanha (US$ 17,3 milhões), Alemanha (US$ 14,9 milhões) e Países Baixos (US$ 11,8 milhões) lideraram as vendas ao estado, com destaque para itens como as gasolinas (exceto para aviação), com US$ 11,2 milhões. Em seguida, figuram as caixas de papel ou cartão (US$ 5,0 milhões), os redutores, multiplicadores e caixas de transmissão (US$ 3,7 milhões) e as máquinas e aparelhos para encher caixas ou sacos com pó ou grãos (US$ 3,2 milhões).

Também se sobressaem as outras máquinas de moldar borracha ou plástico (US$ 2,5 milhões), o azeite de oliva extra virgem (US$ 2,1 milhões) e as partes de outros motores, geradores e grupos eletrogeradores (US$ 2,0 milhões), compondo o conjunto dos principais itens importados pelo estado a partir do bloco europeu. O desempenho observado ao longo de 2025, conforme a Sedec, indica perspectivas positivas para a manutenção e ampliação das trocas comerciais entre o RN e a União Europeia, sustentadas pela regularidade das exportações, pela consolidação de mercados já atendidos e pela crescente demanda daquele continente por alimentos, energia e matérias-primas de origem confiável.

“Nesse contexto, o fortalecimento da base produtiva, o ganho de eficiência logística e a agregação de valor aos produtos potiguares tendem a ampliar a participação do estado no comércio internacional, independentemente da formalização de novos instrumentos institucionais. Os resultados reforçam a importância de políticas públicas voltadas à promoção comercial, à inteligência de mercado e ao apoio aos setores exportadores, contribuindo para a continuidade do resultado positivo e para o desenvolvimento sustentável da economia potiguar no cenário global”, disse a Sedec.

 

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