Após quatro meses à frente da presidência do Supremo
Tribunal Federal (STF), o ministro Edson Fachin tem encontrado dificuldades
para conter o ambiente de tensão que cerca a Corte. Apesar de uma atuação
discreta e focada no diálogo institucional, o magistrado precisou lidar com
sucessivos atritos com o Congresso Nacional e também com desgastes dentro do
próprio tribunal.
Nos bastidores, Fachin tem buscado interlocução
direta com os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado,
Davi Alcolumbre (União-AP), na tentativa de evitar o agravamento de conflitos.
Ele entrou em campo, por exemplo, durante a crise provocada por decisão do
ministro Gilmar Mendes sobre a Lei do Impeachment e em meio a insatisfações do
Legislativo após uma operação autorizada por Flávio Dino envolvendo emendas
parlamentares.
Apesar dessas iniciativas, uma ala do STF avalia que
o presidente da Corte tem falhado em fazer um diagnóstico mais preciso das
crises. Ministros reclamam da condução excessivamente reservada de Fachin e da
falta de escuta interna, o que teria ampliado o mal-estar entre os colegas.
O principal foco de desgaste interno surgiu com o
anúncio da elaboração de um código de conduta para magistrados. A proposta,
tornada pública em um momento delicado para a imagem do tribunal, foi vista por
parte dos ministros como precipitada e mal articulada. O debate ganhou força
justamente quando o STF enfrentava críticas externas, inclusive após a
revelação de viagem do ministro Dias Toffoli em um jato privado ligado a advogado
envolvido no caso do Banco Master.
Internamente, há o temor de que a discussão sobre o
código forneça munição ao Congresso, especialmente num momento em que o Senado
analisa mudanças na Lei do Impeachment. Um levantamento que circula nos
gabinetes do Supremo aponta, inclusive, que não há lacuna jurídica que
justifique um novo código, já que princípios como independência e
imparcialidade estariam garantidos por normas em vigor.
Para tentar reduzir as tensões, Fachin passou a
promover almoços no gabinete da presidência com ministros do STF e
ex-integrantes da Corte. Interlocutores avaliam que o recesso do Judiciário
pode ajudar a esfriar os ânimos e que a proposta do código de conduta deve
ficar em segundo plano por tempo indeterminado, enquanto o presidente do
Supremo tenta recuperar coesão em um tribunal ainda sob forte pressão política.
Com informações do O Globo

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