O ex-presidente da Câmara
dos Deputados, Eduardo Cunha, voltou ao debate político ao criticar
publicamente a forma como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva conduz as
negociações com o Congresso Nacional. Em declarações recentes, Cunha afirmou
que, historicamente, os governos do Partido dos Trabalhadores nunca conseguiram
formar maioria sólida na Câmara dos Deputados.
Segundo ele, ao analisar
os governos petistas — dois mandatos de Lula, dois de Dilma Rousseff e o atual
— é possível observar que a base governista jamais ultrapassou cerca de 140
votos, número insuficiente para garantir governabilidade. “O governo nunca
conseguiu ter maioria na Câmara”, afirmou.
Cunha relembrou que,
diante dessa fragilidade, diferentes mecanismos foram utilizados ao longo do
tempo para ampliar o apoio parlamentar. Ele citou o escândalo do mensalão como
uma tentativa inicial de garantir votos sem a distribuição de cargos.
Posteriormente, segundo ele, houve a ampliação da oferta de cargos políticos,
estratégia que também enfrentou resistência após a criminalização de gestores
públicos.
“Chegou um momento em que
ninguém queria exercer cargos, mesmo quando o governo oferecia”, afirmou.
Diante disso, o foco teria se deslocado para as emendas parlamentares como
principal instrumento de negociação entre Executivo e Legislativo.
Na avaliação de Eduardo
Cunha, o atual embate entre o governo federal e o Congresso gira em torno
justamente das emendas. Para ele, a principal disputa do Planalto hoje seria
reduzir o poder do Legislativo sobre esses recursos. “A grande luta do governo
é acabar com as emendas, inclusive tentando criminalizá-las”, declarou.
As críticas reacendem o
debate sobre os limites da articulação política no presidencialismo de coalizão
e o papel das emendas parlamentares no equilíbrio de forças entre os Poderes.

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