segunda-feira, 10 de novembro de 2025

Viu uma pessoa agonizando, tentou socorrê-la e foi acusado de um crime que não cometeu: “minha vida virou um inferno”

 


Ele só queria ajudar, mas acabou sendo preso por um crime que não cometeu. A vida de Hallison Silva da Costa, conhecido como Hallison Foguete, mudou completamente em 2015, quando ele passava por uma rua em Macaíba (RN) e encontrou um homem agonizando. Tentou socorrer, chamou o Samu, mas, com medo de ser acusado, deixou o local antes da chegada da ambulância. No dia seguinte, veio a tragédia: foi apontado como o autor do homicídio.

Mesmo mantendo contato com a Justiça por todos esses anos, o caso se arrastou até 2025. No último dia 30 de outubro, o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte reconheceu o erro e o inocentou. Foguete passou meses preso em condições precárias, dividindo cela com o dobro da capacidade e dormindo no chão. “Passei quatro meses sem cama, só um banho de sol por mês. O sistema é uma máquina que transforma as pessoas”, lamenta.

Durante o cárcere, resistiu à revolta e às tentações do crime. “Só não me perdi porque tinha apoio da família e da capoeira”, conta. A capoeira, aliás, foi o que salvou sua vida. Em 2015, após pensar em suicídio, ele encontrou o neurocientista Sidarta Ribeiro, que o convidou para treinar na universidade. “Recebi 59 abraços naquele dia. Esqueci da tristeza e voltei a acreditar na vida.”

Com o apelido “Foguete” dado por um mestre de Dubai, pela rapidez com que aprendeu a jogar, Hallison reconstruiu sua trajetória. “Tive um derrame aos 17 anos, fiquei paralisado, mas me curei com mastruz e aprendi capoeira sozinho. Hoje quero ensinar o que aprendi.”

Livre e morando com a irmã em Macaíba, ele planeja fazer o Enem 2026 e cursar Pedagogia. “Quero voltar a trabalhar com educação e manter viva a capoeira, que me salvou.”

Depois de dez anos de luta e dor, Hallison Foguete renasce com um novo propósito: transformar o sofrimento em ensinamento e provar que o bem, mesmo quando é punido injustamente, pode vencer.

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