A poucos dias do início da COP30, em Belém (PA), o
Brasil enfrenta uma onda de críticas que vai de falhas logísticas à incoerência
ambiental do governo federal. A primeira conferência climática da ONU sediada
no país deveria reforçar o protagonismo brasileiro no debate global, mas tem
despertado dúvidas sobre a capacidade de execução da cidade-sede e a
consistência das políticas ambientais anunciadas pelo Palácio do Planalto.
Os principais questionamentos vêm de delegações
estrangeiras, organizações amazônicas e da imprensa internacional, que apontam
obras concluídas às pressas, transporte público insuficiente, serviços
sobrecarregados e custos elevados — sobretudo para hospedagem e deslocamento.
Para especialistas, esse cenário afasta justamente os grupos que deveriam
compor o centro das discussões, como lideranças indígenas, comunidades
territoriais e jovens pesquisadores.
O cientista político Gabriel Amaral afirma que o
risco é a COP30 ser lembrada mais pelos problemas estruturais do que pelos
resultados. Segundo ele, a distância entre o discurso climático do governo Lula
e decisões como a autorização para exploração de petróleo na Margem Equatorial gera
desconfiança no exterior. “Infraestrutura é leitura imediata de capacidade de
execução. Se o país transmite improviso, transmite também fragilidade
institucional”, adverte.
Apesar dos desafios, Amaral avalia que ainda há
espaço para reverter o desgaste. Para isso, o governo precisaria reagir
rapidamente às críticas e transformar o evento em um marco concreto — com metas
verificáveis de combate ao desmatamento, fortalecimento dos órgãos ambientais e
participação efetiva das comunidades amazônicas. Caso contrário, a conferência
corre o risco de se transformar apenas em uma vitrine política com pouco
impacto real.
Com informações do R7

Nenhum comentário:
Postar um comentário