O governo do Rio de Janeiro divulgou, na noite
de domingo (2), o perfil de 115 dos 117 suspeitos
mortos na megaoperação realizada nos complexos do Alemão e da Penha,
na última semana. Segundo a gestão, 95% dos identificados tinham ligação
comprovada com o Comando Vermelho. Apenas dois laudos resultaram em perícias
inconclusivas.
Ao analisar os perfis dos mortos, a polícia concluiu
que 59 tinham mandados de prisão pendentes, 97 apresentavam históricos
criminais relevantes e, dos 17 que não apresentaram histórico criminal, 12
apresentaram indícios de participação no tráfico de drogas em suas redes
sociais. A lista mostra ainda que 62 (cerca de 54%) dos suspeitos eram de fora
do estado, sendo:
- 19
do Pará
- 9
do Amazonas
- 12
da Bahia
- 4
do Ceará
- 2
da Paraíba
- 1
do Maranhão
- 9
de Goiás
- 1
do Mato Grosso
- 3
do Espírito Santo
- 1
de São Paulo
- 1
do Distrito Federal.
De acordo com o secretário da Polícia Civil,
delegado Felipe Curi, a divulgação da lista não encerra o trabalho de
investigação. Todos os resultados serão documentados para garantir a
transparência e legalidade da operação, e os relatórios serão entregues aos
órgãos competentes.
O mesmo foi dito pelo secretário de Polícia Militar,
Coronel Marcelo de Menezes, que ressaltou que os confrontos ocorreram com
criminosos que reagiram à ação policial. “Uma estratégia fundamental adotada
pelas forças de segurança foi empurrar os bandidos para uma área de mata fora
da área habitada, no alto do morro, preservando a segurança da população. Foi
lá onde se deram os maiores embates”, disse.
Operação Contenção
A megaoperação nos
complexos do Alemão e da Penha ocorreu no dia 28 de outubro. Ao todo, a ação,
que teve como objetivo conter o avanço territorial do Comando Vermelho, deixou
121 mortos, incluindo nove chefes da facção criminosa e quatro policiais.
Outros 113 suspeitos foram presos, enquanto 118 armas foram apreendidas, além
de munições, explosivos, drogas e equipamentos militares.
No domingo (2), o ministro Alexandre de Moraes,
do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que o governo do Rio de
Janeiro preserve e documente todas as provas relacionadas à megaoperação. A
medida atende a um pedido da Defensoria Pública do Rio de Janeiro, que visa
garantir a averiguação da ação por parte do Ministério Público, devido ao alto
número de mortos.
“Temos ouvido e acolhido os moradores dos locais
afetados e os familiares das vítimas fatais, buscando assegurar que cada relato
contribua para a necessária resposta institucional à violência estatal nunca
antes vista. Nossas equipes seguem mobilizadas numa força-tarefa para garantir
o respeito às garantias constitucionais, à transparência dos atos estatais e à
proteção de populações vulneráveis”, disse a Defensoria.
Moraes ainda marcou, para quarta-feira (5), uma
audiência conjunta na Primeira Turma do STF para discutir a megaoperação. Devem
participar órgãos e entidades da sociedade civil como o Conselho Nacional de
Direitos Humanos, a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da
Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro e o Instituto Anjos da
Liberdade.

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