O governo Lula busca empréstimo de R$ 20 bilhões do
Banco do Brasil, da Caixa e de instituições privadas aos Correios. A operação
deve ter garantias da União e estar condicionada a medidas para sanear a gestão
da estatal para recompor as perdas dos últimos três exercícios e dos dois
primeiros trimestres deste ano — o prejuízo foi de R$ 2,6 bilhões de abril a
junho.
Procurada pelo Estadão, a direção dos Correios não
se manifestou.
Esses recursos provenientes de crédito serviriam
para viabilizar medidas como um programa de demissões voluntárias e o
cumprimento de dívidas junto a fornecedores, além de investimentos com vistas
ao ganho de eficiência. A informação foi publicada pela Folha de S. Paulo e
confirmada pelo Estadão.
Em setembro, o novo presidente da estatal, Emmanoel
Schmidt Rondon, um funcionário de carreira do Banco do Brasil, assumiu o cargo
no lugar de Fabiano da Silva, conforme antecipou o Estadão. A gestão anterior
se queixava de medidas do Ministério da Fazenda, como a chamada “taxa das
blusinhas”, que fechou o cerco contra a importação de produtos de pequenos
valores sem pagamento de tributos.
A dificuldade financeira dos Correios gerou
cobranças por parte de fornecedores, que na Justiça recorreram de pagamentos em
atraso. Há ainda compromissos já assumidos com bancos privados, entre os quais
o BTG Pactual, um dos possíveis credores nesse novo socorro articulado pelo
Palácio do Planalto.
Prejuízos em série
Desde 2022, os Correios vêm apresentando prejuízos,
mas o resultado negativo vem piorando semestre a semestre. Naquele ano, a
empresa fechou no vermelho em R$ 767 milhões, com pequena melhora para um
prejuízo de R$ 596 milhões, em 2023. Em 2024, contudo, o rombo chegou a R$ 2,59
bilhões.
No início de setembro, a empresa anunciou um
prejuízo de R$ 4,37 bilhões no primeiro semestre de 2025 — um aumento de 222%
(triplo) em relação ao prejuízo de R$ 1,35 bilhão registrado no mesmo período
do ano anterior.
No segundo trimestre, o prejuízo chegou a R$ 2,64 bilhões
— um aumento de quase cinco vezes em relação ao rombo de R$ 553 milhões do
mesmo período de 2024.
Na divulgação do balanço, a empresa afirmou que
“enfrenta restrições financeiras decorrentes de fatores conjunturais externos
que impactaram diretamente a geração de receitas.”
“Entre os principais motivos, destaca-se a retração
significativa do segmento internacional, em razão de alterações regulatórias
relevantes nas compras de produtos importados, que provocaram a queda do volume
de postagens e o aumento da concorrência, resultando na redução das receitas
vinculadas a esse segmento”, diz a empresa, referindo-se de forma indireta à
“taxa das blusinhas”, implementada pelo governo Lula.
Em entrevista ao Estadão, em meados de julho, a
ministra da Gestão e Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck, reconheceu os
problemas financeiros da estatal e afirmou que a solução para reverter o quadro
passa por cortes de custos e aumento de receitas.
“Tem de cortar custos de um lado e buscar receita de
outro. Essa é a solução para os Correios, e num setor que está passando por
transformação”, disse Dweck.
Ela afirmou que os Correios perderam o monopólio de
entregas no País, ao mesmo tempo que permaneceu com a obrigação de garantir
fornecer o serviços para todo o território nacional, incluindo áreas remotas e
pouco lucrativas.
Estadão
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