O plano de socorro aos Correios, baseado em um
empréstimo de R$ 20 bilhões com garantia da União, é a principal aposta do
governo Lula para tentar conter uma das piores crises da história da estatal.
Após anos de alerta ignorados, a empresa enfrenta
queda nas receitas, aumento de despesas e passivos bilionários, agravados pela
concorrência e por falhas de gestão.
Crise se aprofundou após 2022
Depois de registrar lucros entre 2017 e 2021,
impulsionados pelo crescimento do e-commerce na pandemia, os Correios voltaram
ao vermelho a partir de 2022.
O cenário piorou com a chamada “taxa das blusinhas”,
que reduziu o volume de encomendas internacionais — uma de suas principais
fontes de receita.
“A nossa empresa não se adaptou de forma ágil a uma
nova realidade”, admitiu o presidente Emmanoel Rondon, destacando
a perda de competitividade e de geração de caixa.
Atrasos, fornecedores e perda de
clientes
O desequilíbrio financeiro levou ao atraso de
pagamentos, provocando a interrupção de serviços e a fuga de clientes
corporativos.
Gigantes como Amazon, Mercado Livre e Magazine Luiza ampliaram suas próprias
redes logísticas, reduzindo a dependência dos Correios.
Hoje, a estatal acumula prejuízo mensal de cerca de
R$ 700 milhões, podendo chegar a R$ 1 bilhão em 2026 se não houver recuperação.
Empréstimo bilionário para “comprar
tempo”
O empréstimo de R$ 20 bilhões funcionará como uma
ponte financeira até 2026, cobrindo:
- Passivos
trabalhistas e judiciais;
- Dívidas
com fornecedores e bancos;
- Custos
operacionais emergenciais.
A estatal também deve quitar um empréstimo anterior
de R$ 1,8 bilhão que vence em 2026.
Segundo técnicos, a ajuda será essencial para evitar paralisações e atraso no
pagamento de salários.
Erros de gestão e aumento de despesas
Mesmo em crise, os Correios aumentaram gastos em 2024:
- Contrataram 3
mil novos funcionários,
- Lançaram
um programa de demissão voluntária (PDV),
- Concederam reajuste
de 4,11% e bônus de 70% sobre férias,
- E
ainda investiram em veículos elétricos e tecnologia, queimando
caixa.
Passivos judiciais e falhas de controle
Outro ponto crítico é o acúmulo de ações
trabalhistas e precatórios.
Auditorias identificaram “fragilidades e inconsistências” no controle jurídico,
o que levou a renegociações emergenciais com bancos e até bloqueio temporário
de contas em setembro de 2025.
Para este ano, o pagamento de precatórios deve somar
R$ 960 milhões. Em 2026, o valor pode chegar a R$ 1,27 bilhão.
Objetivo: estabilizar e recuperar a
confiança
Em nota, os Correios afirmaram que o plano de
reestruturação busca: “Reduzir despesas operacionais, aumentar a
produtividade e garantir estabilidade estrutural”.
A meta é recuperar a confiança do mercado,
diversificar as fontes de receita e voltar ao azul até 2027, caso o plano
avance conforme o previsto.
Com informações de Folha de S. Paulo
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