O despejo inadequado de esgoto no Rio Grande do
Norte caiu de 26,6% em 2023 para 15,9% em 2024, segundo dados da Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do IBGE. O índice
registrado no ano passado é o menor do Nordeste, mas ainda está acima da média
nacional, que é de 14,4%. Os demais estados da região com índices mais baixos
foram Pernambuco (20,0%), Bahia (20,4%) e Paraíba (21,1%). Sergipe apresentou a
maior média no Nordeste (39,1%).
De acordo com a pesquisa, cerca de 197 mil
residências no estado ainda despejam esgoto em fossas rudimentares, valas,
rios, lagos ou no mar. No País, aproximadamente 11,7 milhões de domicílios
apresentaram essa situação em 2024. A pesquisa aponta, ainda, uma redução
gradual do esgotamento precário: em 2019, 54,7% dos domicílios potiguares
estavam nessa condição, caindo para 24,1% em 2022 até chegar ao índice mais
recente. A Companhia de Águas e Esgotos do RN (Caern) destacou que está com
obras de esgotamento sanitário em andamento em diversas cidades do Estado para
buscar melhorar ainda mais o quadro.
“Há projetos em andamento em Natal, Caicó, Assú,
Macaíba, além de empreendimentos em parceria com municípios, como é o caso de
Parnamirim. A Companhia está trabalhando em um edital de Parceria
Público-Privada (PPP), com previsão para 2026, para recursos em obras em 48
municípios referentes a esgotamento. A empresa tem trabalhado para atendimento
da meta do Marco Legal de Saneamento, de atingir o percentual de 90% da população
com acesso à coleta e tratamento de esgoto até dezembro de 2033”, explicou a
Caern.
Apesar da melhora, o problema de despejo de esgoto
segue sendo mais crítico em áreas rurais, onde 43,2% dos domicílios ainda
usavam formas inadequadas no ano passado. Nas áreas urbanas, o índice ficou em
10,5%. Para Jean Leite Tavares, coordenador do curso de Engenharia Sanitária e
Ambiental do IFRN, o combate às desigualdades se dará com ações integradas,
conforme prevê o Marco do Saneamento, para garantir aos municípios menores as
condições para fazer os investimentos necessários.
“A gestão integrada trata de concessões por
microrregiões, onde cidades com maior poder de pagamento podem subsidiar
regiões mais afastadas e que têm maiores dificuldades de sustentabilidade
econômica. Isso ajudaria a reduzir as desigualdades urbanas e rurais”, afirma.
Ele defende ainda que haja investimentos na presença de mão de obra
especializada atuando nas áreas onde há maior precariedade de saneamento.
De acordo com a pesquisa, 84,1% das residências no
RN possuem formas de esgotamento consideradas adequadas, um crescimento de 10,7
pontos percentuais em relação a 2023. As soluções mais comuns são a rede geral
ou pluvial (38,1%) e a fossa séptica não ligada à rede (40%), considerada adequada
pelo Plano Nacional de Saneamento Básico. Apenas 6% dos domicílios utilizam
fossa séptica ligada à rede pública.
Nesse aspecto, a pesquisa também evidencia a
desigualdade entre áreas urbanas e rurais: 45% dos domicílios urbanos têm
acesso à rede geral, contra apenas 3,4% nas áreas rurais, onde predomina a
fossa séptica não ligada à rede, presente em 49,8% das residências. Na Região
Metropolitana de Natal, cerca de 55 mil domicílios (10,1%) despejaram esgoto de
forma inadequada em 2024, redução em relação aos 22,5% de 2023.
Na capital, o percentual caiu de 5,6% para 4,1%. Ao
mesmo tempo, 89,9% dos domicílios na Região Metropolitana e 95,9% em Natal
contam com esgotamento adequado, com destaque para o crescimento da rede geral
ou pluvial: de 31,8% para 48,2% na Região e de 52% para 63,7% na capital.
Abastecimento de água
Entre 2023 e 2024, o abastecimento urbano manteve
alta cobertura no RN, embora tenha havido registro de leve queda. O
abastecimento rural, por sua vez, apresentou redução no fornecimento diário, de
52,4% para 39,2%. O uso de poços profundos cresceu em ambas as áreas, enquanto
poços rasos aumentaram na zona urbana e diminuíram na zona rural. Fontes e
nascentes também tiveram aumento nas zonas rurais, indicando mudanças no acesso
à água.
A frequência de fornecimento por um a três dias por
semana aumentou, principalmente na zona rural (de 31,3% para 37,6%), enquanto o
abastecimento de quatro a seis dias diminuiu na zona urbana e cresceu na rural
(9,6% para 16,8%). A Caern esclareceu que atua principalmente na área urbana,
tendo atendimento pontual em algumas zonas rurais, e disse que tem
intensificado esforços para garantir a regularidade do abastecimento nas
cidades atendidas.
“As medidas de monitoramento e melhoria incluem
investimentos em sistemas de telemetria, com a instalação de sensores de
pressão e vazão em pontos estratégicos da rede de distribuição. Essa tecnologia
permite que o Centro de Controle Operacional monitore os sistemas em tempo
real, identificando rapidamente variações de pressão e vazamentos para que o
reparo seja feito de forma ágil, minimizando interrupções no fornecimento. A
Companhia também tem reforçado a fiscalização para combater furtos de água e
ligações clandestinas. Além disso, a empresa tem focado na redução de perdas,
utilizando ferramentas como o georadar”, pontuou a Companhia.
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