sexta-feira, 5 de setembro de 2025

Hospital Infantil Varela Santiago nega a retomada de cirurgias eletivas

 


O Hospital Infantil Varela Santiago informou que as cirurgias eletivas seguem suspensas, após a crise que se instalou na rede de saúde de Natal, em virtude de mudanças na contratação de serviços médicos. Em nota divulgada nesta quinta-feira (4), a instituição registrou o cancelamento de 12 procedimentos no dia de hoje e afirmou: “até o presente momento, nenhum cirurgião pediátrico das empresas contratadas se apresentou para dar continuidade aos atendimentos”. O hospital acrescentou que “permanece em busca de soluções junto às autoridades competentes, a fim de restabelecer o mais rápido possível a normalidade dos procedimentos cirúrgicos”.

A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) disse que, em reunião realizada na quarta-feira (3) com representantes das empresas e do Varela, ficou manifestado o interesse em manter os profissionais que já atuam no serviço e a disposição das novas prestadoras em absorvê-los. Em nota, a pasta afirmou: “Os prestadores iniciaram então os ajustes, junto ao corpo clínico do hospital, para a regularização da oferta dos procedimentos”. A SMS declarou ainda que “reforça o compromisso da gestão em buscar soluções para regularizar a situação, principalmente em áreas tão sensíveis quanto as oncológicas”.

A situação ocorre após a contratação emergencial das empresas Justiz Terceirização e Proseg Consultoria, com dispensa de licitação. Os contratos foram alvo de questionamentos na 6ª Vara da Fazenda Pública, que chegou a determinar a suspensão e a republicação do edital. Em segunda instância, o Tribunal de Justiça autorizou o prosseguimento e determinou a conexão das ações. O processo segue sendo discutido na Justiça e deve ser alvo de novo julgamento da Primeira Câmara do Tribunal de Justiça. Segundo a Prefeitura, a medida emergencial — válida por até 12 meses — busca corrigir “irregularidades de repasses feitos sem respaldo legal”. Em paralelo, segue aberto pregão permanente para definir prestadores de longo prazo.

Fiscalização

No mesmo contexto, o Sindicato dos Médicos do RN (Sinmed/RN) solicitou, em ofício assinado nesta quarta (3), que o Conselho Regional de Medicina (Cremern) fiscalize UBSs, UPAs e maternidades da rede municipal. No documento, o presidente do sindicato, Geraldo Ferreira Filho, escreve: “solicita de Vossa Senhoria visita de fiscalização nas UBS, UPAs e Maternidades da Secretaria Municipal de Saúde, diante das denúncias em redes sociais e mídias, da falta de profissionais causadas por uma empresa contratada pela Secretaria de Saúde”.

A SMS reconheceu dificuldades na transição dos contratos e afirmou que os atendimentos estão sendo normalizados gradualmente. Segundo o secretário da pasta, Geraldo Pinho, cerca de 70% dos serviços funcionam normalmente. Ele atribuiu parte dos problemas a uma suposta tentativa de Coopmed e Sinmed de desestimular a adesão de profissionais às novas contratadas — acusação negada pelas entidades.

A TRIBUNA DO NORTE solicitou atualização à SMS sobre a situação dos atendimentos nesta quinta (4) e aguardava retorno até a publicação deste texto.

Coopmed cria comissão para cobrar salários atrasados

A Cooperativa dos Médicos (Coopmed-RN) decidiu formar uma comissão para cobrar respostas da Prefeitura sobre pagamentos em atraso e a abertura de nova licitação. A deliberação ocorreu nesta quinta (4). A entidade afirma que há cinco meses de faturas sem quitação e que, mesmo sem contrato desde setembro de 2023, profissionais continuam sendo chamados para atuar.

“O que vamos fazer é, a partir de amanhã, bater na porta da Prefeitura, já que o secretário até o momento não sinalizou diálogo. Ir no gabinete do prefeito para saber até quando os pagamentos serão efetuados”, disse o presidente da Coopmed, Victor Vinícius de Almeida. Ele acrescentou: “A cooperativa já enviou um ofício para a SMS sobre quando esse repasse será feito, são em média cinco meses de atrasos em nota faturada. Vamos esperar que a SMS nos chame para conversar de forma cordial, como sempre foi”.

Em resposta, a SMS informou que comunicou à Coopmed “a interrupção dos serviços desde o dia 22 de agosto de 2025” e que “honrará integralmente todos os pagamentos devidos pela prestação dos serviços médicos realizados até 31 de agosto de 2025”. A secretaria disse haver um cronograma interno para quitação, mas não divulgou datas. Segundo a cooperativa, a falta de pagamento afeta a continuidade dos serviços e o vínculo dos profissionais com o atendimento à população, com interrupções em cirurgias e serviços emergenciais.

 

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