O Hospital dos Pescadores, em Natal, enfrentou uma
das semanas mais críticas dos últimos meses. Em apenas dois dias, três
óbitos foram registrados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), em meio a
denúncias de sobrecarga dos profissionais e falhas graves na assistência aos
pacientes. Todos os fatos foram registrados no livro de ocorrências do
hospital.
A gestão das escalas está a cargo da Justiz Terceirização,
empresa contratada para atuar nas unidades da rede municipal de saúde. Desde a
última segunda-feira 1º, quando passou a responder integralmente pelos plantões
dos lotes que venceu em contratação emergencial, a empresa vem sendo
alvo de críticas pela dificuldade em manter equipes completas, situação que
mergulhou o hospital em cenário de colapso.
Segundo relatos, um médico chegou a cumprir
70 horas seguidas de plantão, reflexo da escassez de profissionais e da
desorganização nas escalas. Ainda nesta semana, a UTI ficou sem cobertura
médica das 7h às 23h, período em que pacientes em estado grave permaneceram sem
avaliação de um intensivista. Apesar disso, a empresa insiste em divulgar filas
zeradas e escalas completas — informação que não corresponde à realidade.
Outro ponto de preocupação envolve o médico
responsável pela UTI, que também atua como diarista. Mesmo ocupando posição
estratégica, ele não estaria realizando as visitas diárias aos pacientes
internados, ampliando as lacunas no acompanhamento clínico.
Profissionais relatam exaustão e apontam
risco iminente à vida dos pacientes. O clima no hospital é de
apreensão, e familiares relatam insegurança diante das condições precárias.
A crise expõe, mais uma vez, a fragilidade da empresa
terceirizada, que acumula histórico de escalas incompletas e
de dificuldades em manter um corpo clínico compatível com a demanda.
Crise na saúde
A saúde de Natal atravessa um período de
turbulência. Desde a última segunda-feira, a Cooperativa Médica (Coopmed) foi
substituída pelas empresas Justiz e Proseg no fornecimento de mão de obra
médica para unidades de saúde municipais. As duas empresas foram contratadas
emergencialmente pela Prefeitura por R$ 208 milhões, em contratos com validade
de um ano.
O processo desencadeou forte reação de médicos, que
trabalhavam para a Coopmed e resistem
agora a assinar os contratos oferecidos pelas novas empresas, alegando
cláusulas abusivas. A recusa tem provocado dificuldade no fechamento de escalas
em hospitais e unidades de pronto atendimento.
Nesse contexto, o Sindicato dos Médicos do RN
(Sinmed) e a Secretaria Municipal de Saúde entraram em rota de colisão. O presidente
do Sinmed, Geraldo Ferreira, acusa o secretário Geraldo Pinho de agir em defesa
das terceirizadas e de perseguir profissionais. Já o gestor
rebateu, classificando
Ferreira como “ditador sindical” e sustentando que ele tenta
manter influência após a saída da Coopmed, que presidiu e ajudou a fundar.
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