O Centro de Tratamento de Queimados (CTQ) do
Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel (HWG), a única unidade especializada em
pacientes queimados em todo o Rio Grande do Norte, está há um ano com uma
obra paralisada, o que causou uma série de problemas.
Sem poder utilizar metade do espaço físico, a
unidade precisou ser readaptada e passou a ter uma aglomeração de
pacientes, incluindo alguns nos corredores do hospital.
Segundo o médico coordenador do CTQ, Marco Almeida,
a unidade chegou "ao fundo do poço", no pior cenário já vivido desde
a implantação, em 2006.
"Realmente nós chegamos ao fundo do
poço. E por isso que nós estamos literalmente gritando, chamando a sociedade,
as entidades de representação dos profissionais e também a Sesap [Secretaria de
Estado da Saúde Pública] para que, juntos, nós consigamos encontrar um caminho
de celeridade, porque nós demandamos pressa, porque um queimado não pode
esperar, ele morre", falou.
A Sesap reconheceu o problema e informou que vai dar
início a uma licitação para uma obra emergencial (veja detalhes mais
abaixo). Nesta quinta (21), o secretário de Saúde do RN, Alexandre
Motta, e representantes de outras entidades fizeram uma visita técnica à
unidade.
Outro problema apontado pelo coordenador do Centro
de Tratamento de Queimados é a improvisação do ambulatório, que passou a ficar
dentro de uma enfermaria.
"Imaginem o aglomerado e a desestruturação
entre as várias profissões que trabalham lá dentro, os vários profissionais, já
que o atendimento aos queimados é multiprofissional", falou.
"Então vocês imaginem que a gente
teve que transformar um setor fechado em um setor escancarado, totalmente
aberto, onde nós fizemos do nosso corredor central a sala de espera, de
ambulatório, de ambiente de tratamento de terapias, de recuperação, como
terapia ocupacional, como fisioterapia. A nossa sala de aula das crianças
queimadas, o nosso posto de enfermagem passou a fazer parte de um pequeno
pedaço também da desse corredor", completou.
O Centro de Tratamento de Queimados, que utiliza
técnicas modernas como o uso de pele substituta temporária, já teve 20 leitos,
mas tem atuado recentemente com 16, atendendo pacientes de todo o RN.
O coordenador Marco Almeida falou ainda que a sala
de reabilitação foi transformada "em empilhamento de equipamentos" e
que estão "se estragando".
"Nossa assistência, que está, literalmente,
muito comprometida, precisa ser retomada. Nós temos que resgatar, literalmente,
resgatar o CTQ ao que nós conseguimos atingir em termos de qualidade",
falou.
Governo: dispensa de licitação para
contratar nova empresa
O Governo do RN anunciou nesta quinta-feira (21),
após a visita do secretário de Saúde ao Walfredo Gurgel, a autorização
para a dispensa de licitação para a contratação de uma nova empresa
para retomar a reforma do Centro de Tratamento de Queimados.
A escolha da empresa será feita por contratação
direta em até 60 dias, através de um processo aberto em abril passado pelas
secretarias de Saúde e da Infraestrutura, segundo o governo.
A medida se deu após a empresa anterior não cumprir
os prazos do serviço e o contrato ter sido rompido - a mesma empresa também
deixou as obras nos hospitais Tarcísio Maia, em Mossoró, e Santa Catarina.
"Essa empresa, naquela oportunidade ela também
fazia a reforma do Tacisio Maia e também fazia e fazia a reforma do Hospital
Santa Catarina. A vantagem do Tacisio é que havia uma segunda empresa
habilitada que assumiu a obra. Aqui não tinha. Então como não tinha essa
habilitação, a obra literalmente parou. Não parou só no CTQ, parou em outras
áreas também do hospital", explicou o secretário Alexandre Motta.
A medida foi anunciada pelo secretário de Estado da
Saúde Pública Alexandre Motta durante visita técnica ao CTQ. A obra, segundo o
secretário, foi desmembrada pela importância do setor - que é único - no RN.
“Tomamos a decisão de desmembrar a obra do centro de
queimados de todos os outros serviços previstos justamente para agilizar a
execução. Assim que a empresa for selecionada, vamos trabalhar para que o
serviço seja concluído o mais rápido possível”, explicou.
A reforma originalmente representa um investimento
de R$ 1,8 milhão, com recursos garantidos por meio de emenda parlamentar.
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