quinta-feira, 21 de agosto de 2025

Único centro de tratamento de queimados do RN tem obra parada há 1 ano e pacientes no corredor; 'Fundo do poço', diz coordenador

 


Centro de Tratamento de Queimados (CTQ) do Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel (HWG), a única unidade especializada em pacientes queimados em todo o Rio Grande do Norte, está há um ano com uma obra paralisada, o que causou uma série de problemas.

Sem poder utilizar metade do espaço físico, a unidade precisou ser readaptada e passou a ter uma aglomeração de pacientes, incluindo alguns nos corredores do hospital.

Segundo o médico coordenador do CTQ, Marco Almeida, a unidade chegou "ao fundo do poço", no pior cenário já vivido desde a implantação, em 2006.

"Realmente nós chegamos ao fundo do poço. E por isso que nós estamos literalmente gritando, chamando a sociedade, as entidades de representação dos profissionais e também a Sesap [Secretaria de Estado da Saúde Pública] para que, juntos, nós consigamos encontrar um caminho de celeridade, porque nós demandamos pressa, porque um queimado não pode esperar, ele morre", falou.

A Sesap reconheceu o problema e informou que vai dar início a uma licitação para uma obra emergencial (veja detalhes mais abaixo). Nesta quinta (21), o secretário de Saúde do RN, Alexandre Motta, e representantes de outras entidades fizeram uma visita técnica à unidade.

Outro problema apontado pelo coordenador do Centro de Tratamento de Queimados é a improvisação do ambulatório, que passou a ficar dentro de uma enfermaria.

"Imaginem o aglomerado e a desestruturação entre as várias profissões que trabalham lá dentro, os vários profissionais, já que o atendimento aos queimados é multiprofissional", falou.

"Então vocês imaginem que a gente teve que transformar um setor fechado em um setor escancarado, totalmente aberto, onde nós fizemos do nosso corredor central a sala de espera, de ambulatório, de ambiente de tratamento de terapias, de recuperação, como terapia ocupacional, como fisioterapia. A nossa sala de aula das crianças queimadas, o nosso posto de enfermagem passou a fazer parte de um pequeno pedaço também da desse corredor", completou.

O Centro de Tratamento de Queimados, que utiliza técnicas modernas como o uso de pele substituta temporária, já teve 20 leitos, mas tem atuado recentemente com 16, atendendo pacientes de todo o RN.

O coordenador Marco Almeida falou ainda que a sala de reabilitação foi transformada "em empilhamento de equipamentos" e que estão "se estragando".

"Nossa assistência, que está, literalmente, muito comprometida, precisa ser retomada. Nós temos que resgatar, literalmente, resgatar o CTQ ao que nós conseguimos atingir em termos de qualidade", falou.

Governo: dispensa de licitação para contratar nova empresa

O Governo do RN anunciou nesta quinta-feira (21), após a visita do secretário de Saúde ao Walfredo Gurgel, a autorização para a dispensa de licitação para a contratação de uma nova empresa para retomar a reforma do Centro de Tratamento de Queimados.

A escolha da empresa será feita por contratação direta em até 60 dias, através de um processo aberto em abril passado pelas secretarias de Saúde e da Infraestrutura, segundo o governo.

A medida se deu após a empresa anterior não cumprir os prazos do serviço e o contrato ter sido rompido - a mesma empresa também deixou as obras nos hospitais Tarcísio Maia, em Mossoró, e Santa Catarina.

"Essa empresa, naquela oportunidade ela também fazia a reforma do Tacisio Maia e também fazia e fazia a reforma do Hospital Santa Catarina. A vantagem do Tacisio é que havia uma segunda empresa habilitada que assumiu a obra. Aqui não tinha. Então como não tinha essa habilitação, a obra literalmente parou. Não parou só no CTQ, parou em outras áreas também do hospital", explicou o secretário Alexandre Motta.

A medida foi anunciada pelo secretário de Estado da Saúde Pública Alexandre Motta durante visita técnica ao CTQ. A obra, segundo o secretário, foi desmembrada pela importância do setor - que é único - no RN.

“Tomamos a decisão de desmembrar a obra do centro de queimados de todos os outros serviços previstos justamente para agilizar a execução. Assim que a empresa for selecionada, vamos trabalhar para que o serviço seja concluído o mais rápido possível”, explicou.

A reforma originalmente representa um investimento de R$ 1,8 milhão, com recursos garantidos por meio de emenda parlamentar.

 

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