As indústrias madeireira, calçadista e de
armamentos, que registram queda nas vendas por causa do tarifaço imposto pelos
Estados Unidos, adotaram férias coletivas como primeira medida para conter
custos. Sem uma reversão das sobretaxas aplicadas pelo presidente Donald Trump
ou a abertura de novos mercados, os setores pedem apoio do governo brasileiro
para evitar demissões em massa.
Empresas do setor de madeira acumulam estoque sem as
vendas para os EUA. A Abimci (Associação Brasileira da Indústria de Madeira
Processada Mecanicamente) — que reúne fabricantes de compensados, pisos,
molduras, pallets e outros — relata que a operação do setor está travada, pois
os contratos de vendas para o mercado norte-americano foram congelados ou
rescindidos. Algumas empresas não têm mais espaço para armazenamento das
mercadorias já fabricadas e que seriam destinadas aos EUA.
Muitas companhias estão tendo que remanejar os
funcionários. Por exemplo: a Millpar, que é a segunda maior empresa do setor no
Brasil e fabrica molduras e partes de portas, primeiro deu férias coletivas aos
funcionários da sua unidade em Quedas do Iguaçu (PR). Com a continuidade da
crise, encerrou as atividades dessa unidade na última terça-feira (19) para
concentrar a produção em Guarapuava (PR). “Estamos tomando decisões
extremamente difíceis, mas necessárias para manter a sustentabilidade do
negócio e preservar parcela significativa dos postos de trabalho”, diz Ettore
Giacomet Basile, presidente da empresa.
Cenário adverso alcançou também empresas
de outros setores
O ramo de calçados decretou férias aos
profissionais. Já a Polimetal, uma subsidiária e fornecedora de peças para a
fabricante de armamentos Taurus, colocou 33 dos 50 funcionários em férias
coletivas em São Leopoldo (RS). Em nota, a Taurus afirma que a providência faz
parte da estratégia de transferir parte da produção para os EUA para “minimizar
os impactos da taxação” imposta às armas nacionais.
Férias coletivas parciais ou totais
representam a ação inicial das empresas
Essa medida ajuda a solucionar o problema imediato,
que são os custos de produção elevados sem vendas, e a pensar com mais calma no
longo prazo. Além disso, barateia as rescisões dos trabalhadores, porque, se
não tiradas, as férias precisam ser pagas em dinheiro quando da demissão.
Próxima etapa é a demissão de
funcionários, dizem os setores
Essa é a saída sem a reversão das tarifas, a abertura
de mercados para escoar as vendas que iriam aos EUA ou medidas do governo como
a autorização para a suspensão temporária dos contratos de trabalho, de acordo
com os empresários. No entanto, trata-se de uma opção que gera grandes custos
trabalhistas com verbas rescisórias e indenizações.
Existe ainda a possibilidade de uso do banco de
horas, de antecipação de feriados e de fechar acordos diretamente com os
sindicatos como alternativas prévias às demissões. A legislação
trabalhista não contempla casos especiais como pandemias ou tarifaços.
Programas de demissão voluntária também
entram no radar
A criação de um planejamento para desligar os
trabalhadores que desejam a mudança evita problemas com a Justiça, porque o
funcionário que assina um PDV não pode ingressar com ação judicial depois.
UOL
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