O Projeto Rota 22 realizado de fevereiro a agosto
deste ano apresentou um diagnóstico preocupante sobre a atual situação do Rio
Grande do Norte. Os dados revelam queda acentuada nos indicadores de
competitividade, além de fragilidades em áreas estratégicas como educação,
saúde, infraestrutura, segurança e saneamento.
Segundo o Centro de Liderança Pública (CLP), o estado
ocupa hoje a 24ª posição no ranking nacional de competitividade, uma queda de
oito lugares em relação a 2018, quando estava em 16º. No recorte regional, o
cenário é ainda mais grave: o Rio Grande do Norte figura como o último colocado
do Nordeste, caindo do 4º para o 9º lugar em sete anos.
Baixo investimento e infraestrutura precária
O RN é apontado como o estado que menos investe no
Brasil, ocupando a 27ª posição no ranking nacional de investimentos públicos. A
malha rodoviária estadual também é considerada crítica: 69,43% das estradas
estão em estado “péssimo”, segundo a Confederação Nacional do Transporte (CNT).
Empresários relataram que até polos industriais da Grande Natal enfrentam
problemas de logística tão graves que chegam a depender de tratores para escoar
mercadorias durante o período chuvoso.
Despesas públicas e gestão
O levantamento mostra que os potiguares arcam com o
custo mais alto de despesas com pessoal per capita em todo o Nordeste: R$
3.958,24 ao ano, contra uma média regional de R$ 2.762,09. Apesar disso, a
eficiência da máquina pública está entre as piores do país, ocupando a 27ª
posição no ranking nacional.
Educação em crise
Na educação, o estado amarga o 27º lugar no Índice
de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). O seminário destacou críticas à
política estadual de progressão automática de alunos, mesmo em casos de
reprovação em até seis disciplinas. Para especialistas, a prática “nivela por
baixo” e desestimula a meritocracia no sistema de ensino.
Saúde sobrecarregada
O sistema de saúde foi outro ponto de alerta.
Relatos apontam hospitais regionais precários e superlotados, o que obriga
moradores a percorrer até 400 km em busca de cirurgias. A proposta discutida no
seminário foi a criação de consórcios intermunicipais para fortalecer os
serviços básicos e aliviar a rede estadual.
Segurança pública insuficiente
Na área da segurança, o efetivo policial é
considerado insuficiente, chegando a ser descrito como cinco vezes menor do que
o necessário. Além disso, o combate às drogas não é tratado como política
multidisciplinar, o que, segundo os participantes, compromete a efetividade das
ações.
Saneamento e abastecimento
O cenário de saneamento básico também preocupa.
Natal caiu 16 posições no ranking do Instituto Trata Brasil, sendo uma das três
cidades com pior desempenho entre as 100 maiores do país. A cobertura de esgoto
caiu de 53,79% para 43,66%, enquanto as perdas de água atingem 52,2%, colocando
o RN como o segundo estado nordestino com maior índice de desperdício. A Companhia
de Águas e Esgotos do RN (Caern) foi apontada como ineficiente, com sugestões
de desestatização.
Panorama socioeconômico
A Região Metropolitana de Natal concentra 43,1% da
população potiguar (1,42 milhão de habitantes) e 47,2% do PIB estadual. Apesar
disso, a renda per capita regional (R$ 26,6 mil) ainda é inferior à média do
Brasil (R$ 55 mil). Além disso, 32,9% da população do estado recebe Bolsa
Família, índice que foi alvo de debates sobre o impacto do programa na
desqualificação da mão de obra.
Mobilização social
O Rota 22 realizou 21 oficinas em municípios do RN e
cinco seminários regionais, envolvendo mais de 52 horas de debates com a
população. Ao todo, foram levantadas 299 propostas para enfrentar os desafios
locais. Entre os principais eixos destacados estão: empreendedorismo, educação,
saúde, segurança, saneamento, infraestrutura, cidadania e governança pública.
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