Cirurgias canceladas, UTIs bloqueadas,
desabastecimento generalizado e até morte de criança revelam a crise do sistema
de saúde do Rio Grande do Norte. No Relatório Resumido da Execução Orçamentária
(RREO) do 1º semestre de 2025 a explicação: o Governo do Estado não cumpriu o
limite constitucional de aplicação em saúde e encerrou o período com um déficit
de R$ 379 milhões no orçamento, com menos de 1/3 do que é previsto para o ano
pago até junho.
A análise dos dados mostra um orçamento bilionário,
mas uma execução pífia. Embora o orçamento inicial previsse R$ 3,1 bilhões, o
governo empenhou R$ 2,4 bilhões, liquidou R$ 1,89 bilhão, mas efetivamente
pagou apenas R$ 947 milhões, pouco mais de 30% do total.
Ou seja, grande parte dos recursos anunciados pelo
governo não se traduz em dinheiro chegando efetivamente aos fornecedores,
hospitais e serviços de saúde. Há um descompasso entre empenho e pagamento.
A análise chama atenção para o descumprimento do
limite mínimo constitucional, já que a Constituição e a Lei Complementar
141/2012 obrigam os estados a aplicarem 12% da Receita Corrente Líquida em
saúde. Nesse caso, o relatório mostra que, no semestre, o governo não alcançou
o percentual mínimo exigido e que há uma diferença registrada de R$ 379 milhões
que deveriam ter sido aplicados e não foram.
Acumulados de anos anteriores
Além disso, o Estado acumula R$ 92,8 milhões em
déficits de anos anteriores, revelando um histórico de descumprimento dentro do
exercício do financiamento da saúde. O documento mostra que grande parte da
execução orçamentária depende de restos a pagar (empenhos antigos ainda não
liquidados ou pagos).
Essa maquiagem fiscal mascara a real aplicação dos
recursos, já que valores empenhados em exercícios anteriores continuam sem
quitação. O relatório, inclusive, reconhece que há cancelamentos de restos de
exercícios passados que nunca chegaram a ser pagos.
Enquanto isso a pressão sobre os hospitais cresce
diariamente:
• Atenção Básica: previsão de R$ 4,2 milhões; pagos
até junho, apenas R$ 177 mil.
• Assistência Hospitalar e Ambulatorial: previsão superior a R$ 1,5 bilhão;
pagos até junho, só R$ 308 milhões.
• Vigilância Sanitária e Epidemiológica: execução baixíssima, com valores
irrisórios frente ao orçamento.
• Alimentação e Nutrição: praticamente inexecutada.
Enquanto os investimentos seguem em descompasso
entre valores empenhados e efetivamente pagos, a população sente na pele.
BNews Natal
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