O Rio Grande do Norte aparece com o maior preço
médio ponderado ao consumidor final (PMPF) do gás natural veicular (GNV) entre
os estados do Nordeste e, em nível nacional, abaixo apenas do Distrito Federal
(R$ 6,78). De acordo com tabela divulgada nesta segunda-feira (25) pelo
Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), o valor de referência do
combustível em território potiguar será de R$ 5,14 por metro cúbico a partir de
1º de setembro. O levantamento considera os dados enviados pelos próprios
estados ao Ministério da Fazenda e serve de base para o cálculo do Imposto
sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), impactando diretamente no
valor repassado ao consumidor.
Na comparação regional, o preço do GNV no RN supera
o do Ceará (R$ 5,13) e da Paraíba (R\$ 5,03). Já Bahia (R$ 3,69), Alagoas (R$
4,66) e Sergipe (R$ 4,98) terão os valores mais baixos. Apenas Alagoas e
Paraíba registraram redução em relação à tabela anterior.
Para o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados
de Petróleo do RN (Sindipostos), o custo elevado do produto tem provocado
retração no consumo e reduzido o interesse por conversões de veículos. “O preço
do GNV muitas vezes fica mais caro que o etanol e muito próximo ao da gasolina.
Isso faz o consumidor migrar para outros combustíveis”, afirmou o presidente da
entidade, Maxsuel Flor.
O dirigente acrescenta que a carga tributária é um
dos fatores que pesam na formação do preço. “Seria necessário adotar uma
alíquota de ICMS que incentivasse mais o consumo, como ocorre em Pernambuco e
na Paraíba, onde é de 12%. Aqui, além disso, tivemos em agosto a mudança da
bandeira tarifária de energia para a vermelha – patamar 2, que é a de maior
custo. A energia pesa muito na composição do preço do GNV”, destacou.
Em nota, a Companhia Potiguar de Gás (Potigás)
explicou que o PMPF – preço médio ponderado ao consumidor final – não reflete
diretamente a tarifa praticada pela empresa, mas sim os valores efetivamente
cobrados nos postos de combustíveis. Atualmente, a estatal repassa o metro
cúbico do gás ao valor de R$ 4,04, já incluindo todos os impostos, conforme
tabela homologada pela Agência Reguladora de Serviços Públicos do RN (Arsep).
A companhia afirmou que busca constantemente reduzir
custos para o consumidor. “A Potigás trabalha permanentemente para entregar o
gás natural ao menor preço possível. Realiza chamadas públicas frequentes para
diversificar fornecedores e negocia melhores condições junto aos produtores.
Também desenvolve incentivos, como a tarifa diferenciada para frotistas e
estímulos ao uso do combustível na frota pesada, o que deve gerar ganhos de
escala e contribuir para a redução de preços”, destacou a nota.
Apesar das queixas de competitividade, a empresa
reforça que o GNV ainda representa vantagem para motoristas que rodam com maior
frequência. “De acordo com pesquisa da ANP, até 23 de agosto de 2025, quem
utiliza o GNV economiza em média 40% em relação ao uso de gasolina ou etanol. O
consumidor pode simular essa economia no site da companhia”, acrescentou a
Potigás.
Na prática, a percepção dos motoristas é dividida.
Rafael Bruno, 36 anos, que trabalha como motorista, acredita que o combustível
perdeu parte da atratividade. “O gás em si não vale muito a pena para um carro
1.0 como o meu. Fica quase a mesma coisa que os outros combustíveis. Se
continuar assim, é melhor converter para outro tipo de combustível”, disse.
Já Antônio Rodrigues, 45, abastece diariamente e
ainda percebe economia, mas com ressalvas. “Por enquanto ainda está dando.
Ainda consigo alguma economia, mas se continuar nesse ritmo, acho que não vai
dar mais futuramente”, avaliou.
Para quem roda grandes distâncias, a opção ainda é
vista como vantajosa. É o caso de Davi Xavier, 30, motorista de aplicativo, que
percorre cerca de 150 quilômetros por dia. “Para mim compensa, embora o preço
tenha subido um pouco, porque eu rodo bastante e preciso usar ar-condicionado
no carro. Se fosse com gasolina, não daria. Agora, para uma pessoa que não roda
tanto, eu não recomendo”, alertou.
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