Felipe Salustino
Repórter
O escoamento de sal pelo Porto-ilha de Areia Branca, no litoral Norte do RN,
movimentou 376 mil toneladas em abril deste ano, um aumento de 56,9% em relação
a abril de 2024, quando foram escoadas 239 mil toneladas do produto pelo mesmo
terminal. Os dados são da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) e
incluem as saídas por movimentação de longo curso (navios) e operações por
cabotagem e barcaças.
A agência também aponta que o terminal de Areia
Branca apresentou o maior crescimento percentual de movimentação de cargas do
Nordeste, com 436 mil toneladas em abril de 2025, 82,3% a mais que no mesmo mês
do ano passado. O recorte em questão envolve, além do escoamento do sal, o
transporte de carga de apoio.
Das 376 mil toneladas escoadas de sal em abril,
199.068 deixaram o terminal em operações de longo curso, enquanto 237.240
integraram operações por atracação de barcaça.
O terminal de Areia Branca foi arrendado ao
Consórcio Intersal em 2022. Segundo fontes ouvidas pela reportagem, esse é um
dos fatores responsáveis pelo bom desempenho registrado. Aírton Torres,
presidente do Sindicato das Indústrias de Extração de Sal do Estado do Rio
Grande do Norte (Siesal-RN), explicou que o arrendamento à iniciativa privada
permitiu maior eficiência ao equipamento, o que influencia no escoamento de
sal. “Do ponto de vista operacional, o porto trabalha muito bem hoje em dia,
sem passar por interrupções por falta de manutenção”, pontua.
Para Roberto Serquiz, presidente da Federação das
Indústrias do RN (Fiern), os investimentos realizados pelo consórcio Intersal
têm impulsionado a atividade salineira, resultando nos números do escoamento.
“Esse crescimento impacta diretamente a economia estadual ao gerar
aproximadamente 7 mil empregos diretos e indiretos e se aproximar de R$ 1,1
bilhão do PIB Industrial (em 2023), com injeção de R$ 220 milhões em massa
salarial concentrada no Oeste Potiguar”, comenta Serquiz.
Outro aspecto que tem melhorado a operação, de
acordo com Aírton Torres, do Siesal, são incentivos como o Programa de
Estímulos ao Desenvolvimento Industrial (Proedi). “Diante disso, as condições
para aumento de volume de escoamento estão criadas”, conta.
O Proedi concede descontos no ICMS para empresas que se instalam ou querem
ampliar as próprias instalações em território potiguar. A isenção pode chegar a
95%, a depender de aspectos como o município onde a empresa está localizada, a
quantidade de empregos diretos ofertada e o segmento ao qual pertence o
empreendimento.
O programa foi implementado no final de 2019 pela
Secretaria de Desenvolvimento Econômico do RN (Sedec). Alan Silveira,
secretário da pasta, também atribuiu a alta no escoamento à política de
incentivos do Estado. “O aumento dessa e de outras produções no Rio Grande do
Norte se deve, em parte, ao Proedi, uma vez que as empresas salineiras entraram
recentemente no programa”, diz o secretário.
Roberto Serquiz destaca que o Porto de Areia Branca,
o principal polo de escoamento do sal potiguar, tem passado por uma
diversificação de atividades, com estrutura que vai além das demandas da
produção salineira e voltada ao apoio das futuras atividades eólicas offshore.
Para garantir a sustentabilidade e a competitividade do Porto, Serquiz defende
uma colaboração entre o setor produtivo e o governo, que pode ser materializada
por meio de investimentos contínuos de infraestrutura, como obras de dragagem,
melhorias nos acessos terrestres e modernização dos terminais portuários.
“Além disso, parcerias público-privadas podem atrair
novos recursos e ampliar a capacidade operacional do porto, junto com a adoção
de tecnologias inovadoras para otimizar a gestão portuária e reduzir impactos
ambientais, bem como a implementação de políticas voltadas à proteção ambiental
e à transição energética”, aponta Roberto Serquiz.
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