Com a mira dos bolsonaristas apontada para o Senado
nas eleições de 2026, têm ganhado força dentro do PT conversas para que o atual
ministro da Fazenda, Fernando Haddad, seja candidato a uma das duas cadeiras da
Casa em São Paulo.
Haddad é tido como nome de forte recall eleitoral,
já que foi ex-prefeito da capital e adversário de Tarcísio de Freitas
(Republicanos) no segundo turno em 2022. O objetivo do movimento seria evitar
que ambas as vagas ao Senado no estado fiquem com nomes da direita.
De acordo com interlocutores de Lula, o presidente
tem demonstrado cada vez mais preocupação com a possibilidade de o Senado ser
dominado por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que deve apostar em
nomes fortes para isso — inclusive da família, como sua mulher, Michelle, no
Distrito Federal, e os filhos Eduardo, em São Paulo, e Carlos, em Santa
Catarina.
Caso faça mais da metade do Senado, Bolsonaro teria
um alto poder de pressão sobre o Supremo Tribunal Federal (STF) com a
possibilidade, por exemplo, de abrir processos de cassação de ministros da
Corte. “Se me derem 50% da Câmara e 50% do Senado, eu mudo o destino do Brasil,
nem preciso ser presidente”, disse em ato realizado na avenida Paulista no
último domingo (29/6).
Embora esteja na “fritura” em meio à recente crise
com o Congresso Nacional devido às discussões do IOF, o endosso de Lula às
propostas de Haddad tem sido encarado pelo entorno como um sinal de força
política do ministro.
Possibilidades para o PT
Segundo petistas ouvidos pelo Metrópoles, para fazer
frente à ofensiva, há, neste momento, duas possibilidades colocadas na mesa:
uma delas seria uma chapa com Haddad para o governo de São Paulo e o
vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) para o Senado.
Este cenário tem a simpatia de parte significativa
dos correligionários, que acreditam que um nome como o do ministro pode
fortalecer a chapa e alavancar o voto de candidatos à Câmara dos Deputados,
além de ter mais chances de garantir um palanque a Lula no segundo turno em São
Paulo. A outra possibilidade é colocar Haddad para a disputa do Senado e apoiar
o ministro do Empreendedorismo e da Microempresa, Márcio França (PSB), para o
Palácio dos Bandeirantes.
Nesta configuração, a avaliação é de que, embora
Haddad represente um obstáculo para a vitória de dois nomes da direita para o
Senado, há o risco de não garantir um palanque para Lula no segundo turno, com
França considerado um nome de menor apelo, além de sinalizar uma falta de
prioridade do PT para o governo paulista.
Os nomes mais cotados para disputar o Senado no
campo bolsonarista são os do secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite
(PP), e o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL), que está nos
Estados Unidos. Outros que correm por fora são o ex-ministro do Meio Ambiente,
Ricardo Salles (Novo), e o deputado federal Marco Feliciano (PL).
Neste fim de semana, o PT realiza eleição interna para
eleger o novo presidente, além da composição dos diretórios estaduais e
municipais. Segundo petistas, as articulações sobre os nomes para a disputa da
eleição de 2026 devem se intensificar após a conclusão do Processo de Eleição
Direta (PED).
Metrópoles
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