segunda-feira, 21 de julho de 2025

As portas se fecham para os brasileiros

 


Por Stephen Kanitz

Quem tem muito dinheiro, já foi embora. Quem ficou, ficará para sempre. Os últimos a saírem ainda conseguiram um visto italiano, português, americano. Os que zombaram da política, que votaram “no que fala pouco”, agora vão entender o preço da omissão.

No Brasil do futuro – que já começou – você somente obedecerá. Obedecerá calado. Pagará impostos cada vez mais pesados, aceitará uma saúde pública em colapso, verá seus filhos estudarem em escolas sucateadas. E ainda agradecerá, pois reclamar será crime.

Desde o fim do regime militar, único período de crescimento sustentado, nossa renda per capita foi cortada pela metade. Dado escondido pelo IBGE, abafado pela imprensa.

Caímos do 40º onde hoje está a Grécia, para o 81º lugar no ranking global de renda. Sim, caímos – e acreditamos todo este tempo estar subindo. Foram 40 anos de doutrinação. Nossos jornalistas, intelectuais e professores venceram: conseguiram fazer o país regredir em nome de justiça social – uma justiça que só distribui miséria.

Como ex-professor universitário, afirmo: nunca ouvi na USP uma conversa séria sobre crescimento. Só sobre distribuição. Nunca discutimos eficiência. Só aumento de gastos. Nunca produtividade. Só aumento de salários do funcionalismo.

Agora, quando o Brasil se tornar verdadeiramente inviável, Flórida e Portugal não estarão com os braços abertos para nos receber. Estarão com os portões trancados. E com razão.

A esperança de que Tarcísio, Caiado, Jorginho ou Ratinho, poderão mudar tudo isso sozinhos, é uma ingenuidade atroz. Como se trocar o piloto mudasse o avião em queda.

A verdade é amarga: 1,5 milhão de brasileiros irresponsáveis, somados aos 12 milhões que anularam o voto, colocaram no poder um condenado em três instâncias. Mesmo que a primeira instância fosse falha, a segunda e a terceira confirmaram e isso ainda não foi contestado.

Prepare-se.

O Brasil caminha para mais 50 anos de estagnação, comandado por políticos e economistas que vivem do que você produz, sem entregar nada em troca. Mas ainda há tempo para reagir. Comece se educando, politicamente e economicamente. Exija reformas, desmascare as mentiras, confronte o discurso único. Ensine seus filhos a pensar e não a repetir slogans.

Denuncie o populismo, o aparelhamento, a corrupção sistêmica. Vote com coragem, com lucidez, com memória. O futuro do Brasil não será diferente enquanto os brasileiros forem os mesmos. Mude. Agora.

Ou se conforme em assistir o país definhar, por sua culpa.

*Consultor de empresas, conferencista, professor na USP, mestre em Administração de Empresas da Harvard Business School e bacharel em Contabilidade pela Universidade de São Paulo.

 

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