sábado, 28 de junho de 2025

‘Bolsonarismo é uma concepção odienta que ainda resiste’, diz Mineiro

 


O deputado federal Fernando Mineiro (PT) afirmou que, embora Jair Bolsonaro (PL) tenha sido derrotado nas urnas em 2022, o bolsonarismo segue vivo como uma concepção de mundo que ainda encontra eco em parte da sociedade brasileira. Durante entrevista à 94 FM, Mineiro avaliou que o bolsonarismo vai além de um personagem político e representa uma cultura autoritária, excludente e baseada na disseminação do ódio.

“Derrotamos Bolsonaro, mas não derrotamos o bolsonarismo. Ele é uma concepção de mundo homofóbica, racista e odienta, que encontra pessoas na rua e, em vez de cumprimentar, sai gritando com você. Isso é um absurdo na política”, declarou o deputado. Para ele, esse comportamento foi estimulado por um projeto político que apostou na mentira, na destruição de políticas públicas e na manipulação das redes sociais para gerar medo e divisão.

Mineiro classificou o governo Bolsonaro como o responsável pela destruição de estruturas essenciais do Estado brasileiro, incluindo educação, saúde, ciência e infraestrutura. “Me mostre uma grande obra estruturante daquele governo. Não existe. O que fizeram foi espalhar calçamento com orçamento secreto para eleger aliados”, disse. Ele também criticou a política externa adotada por Bolsonaro. “Era motivo de vergonha internacional. Quando saía para um evento, ficava isolado.”

Apesar disso, Mineiro reconhece que esse projeto segue com apoio relevante. “O conservadorismo está na sociedade e ainda tem força. Mas a política feita com ódio, sem propósito, baseada em fake news, cansa. E cada vez mais gente está percebendo isso”, afirmou.

Segundo o parlamentar, o desafio do governo Lula e das forças progressistas é não apenas reconstruir o que foi desmontado, mas também demonstrar que a política pode ser feita com empatia e compromisso real com as pessoas. “É mais difícil reconstruir do que construir. O governo anterior destruiu o que tínhamos de políticas públicas. E reconstruir exige tempo, exige reconstruir confiança, equipes, estruturas”, disse.

Mineiro finalizou reforçando que, mesmo diante da lentidão e da pressão social por resultados imediatos, é preciso defender o projeto político que acredita: “É muito difícil atender tudo com a velocidade que o povo deseja, mas o que está sendo feito agora é com responsabilidade. E estamos atentos aos avanços, aos erros e ao que ainda precisa melhorar”.

Disputa do Senado

Na entrevista, Mineiro voltou a defender o nome da governadora Fátima Bezerra (PT) para a disputa do Senado em 2026. Sobre o segundo nome, afirmou que só votará em alguém que esteja no projeto político liderado pelo PT. “Eu, pessoalmente, só vou votar no segundo voto para o Senado em quem estiver no nosso projeto. Quem não estiver, não terá meu apoio”, declarou, ao se referir à senadora Zenaide Maia (PSD), que ainda não confirmou se estará aliada do PT em 2026.

Mineiro elogiou a atuação de Zenaide em Brasília, reconhecendo que ela tem colaborado com a sustentação do governo Lula no Senado e retribuído o apoio que recebeu do PT nas eleições de 2018. No entanto, o deputado fez questão de diferenciar esse reconhecimento de uma declaração antecipada de apoio. “Cada um faz suas escolhas e assume as consequências”, disse.

A fala de Mineiro reflete a movimentação em curso nos bastidores da política potiguar. A governadora Fátima deve deixar o governo em abril de 2026 para ficar apta a disputar o Senado. Além disso, o PT trabalha com a candidatura de Cadu Xavier para o Governo, com o MDB do atual vice-governador Walter Alves indicando o vice.

Nesse cenário, ainda há indefinição sobre como o grupo lidará com a segunda vaga ao Senado. Zenaide aparece como uma possibilidade, mas o PT deve condicionar o apoio à fidelidade à chapa completa.

 

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