Metade dos motociclistas que circulam pelas ruas de
Natal não possui habilitação, segundo a secretária municipal de Mobilidade
Urbana, Jódia Melo. Em entrevista à rádio 94 FM, ela destacou a gravidade do
problema. “Temos um número muito alto de motociclistas sem habilitação. É um
problema que coloca em risco a vida deles e a de outras pessoas”, afirmou.
A informação reforça a urgência da campanha
"Juntos Pela Vida", que busca reduzir acidentes envolvendo
motociclistas. A Secretaria de Mobilidade Urbana (STTU) pretende atuar
diretamente na formação de condutores que utilizam a moto como ferramenta de
trabalho. A partir de abril, serão oferecidos cursos gratuitos de pilotagem,
exclusivos para motociclistas habilitados.
Os cursos serão voltados especialmente para motofretistas,
entregadores e trabalhadores que dependem da moto para locomoção. “Muitos
acidentes não envolvem apenas o condutor. Afetam toda a estrutura familiar
quando a pessoa não pode mais trabalhar”, explicou a secretária. A iniciativa
pretende aumentar a capacitação técnica e reduzir práticas perigosas, como
manobras ilegais.
Redução de óbitos não evita superlotação
no Walfredo Gurgel
Apesar da queda no número de mortes de motociclistas
em Natal, o Hospital Walfredo Gurgel continua operando acima da capacidade. Em
2021, foram registradas 30 mortes de condutores de moto na capital. Em 2023, o
número caiu para 25, e em 2024, até agora, são 18. Ainda assim, o hospital
segue sendo o principal destino para vítimas de acidentes graves, muitas delas
vindas da região metropolitana.
A promotora Danielle Veras, do Ministério Público do
Rio Grande do Norte, atribui o problema a um contexto regional. “Há uma redução
nos óbitos em Natal, sim. Mas a gravidade dos acidentes ainda é muito alta. E
quem se acidenta nos municípios vizinhos vem para cá. Isso explica por que o
Walfredo não esvazia”, afirmou.
A promotora destacou que o Ministério Público atua
em diferentes frentes, como coleta e compartilhamento de dados estatísticos,
campanhas educativas, requalificação de vias e fiscalização. Entre os locais
mais preocupantes, estão a avenida João Medeiros Filho, sob responsabilidade
estadual, a BR-101 Sul, de jurisdição federal, e bairros como Lagoa Nova, que
registram alta incidência de acidentes.
Um dos desafios apontados por Danielle Veras é a
consolidação de dados. Atualmente, boletins de ocorrência só são registrados
pela STTU e CPRE quando há vítimas. Acidentes sem lesão são documentados apenas
via delegacia virtual, o que dificulta o mapeamento das áreas críticas e atrasa
a implementação de soluções. “Sem dados integrados entre saúde, trânsito e
segurança, a resposta fica incompleta”, ressaltou.
Entre as medidas em curso, estão intervenções
urbanas em pontos de risco. A STTU já tem projetos aprovados para
requalificação de avenidas como Nevaldo Rocha e Jaguarari, visando melhorar a
fluidez do tráfego e reduzir colisões. Para a promotora, é essencial continuar
reduzindo a quantidade de acidentes graves e garantir que casos menos complexos
sejam absorvidos por outras unidades de saúde fora da capital. “A queda nos
óbitos é positiva, mas não resolve o colapso se não houver apoio regional”,
concluiu.
Portal 96

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