Aposta alta do governo de Luiz Inácio Lula da Silva
(PT) para baratear o crédito e melhorar a popularidade do presidente, o crédito
consignado com garantia do FGTS começou a operar nas plataformas oficias há uma
semana e chega aos sistemas dos bancos privados só em 25 de abril. Mas o
assunto já está gerando embate nas redes sociais entre governo e oposição, nos
moldes do que ocorreu com a polêmica do PIX.
Primeiro, há críticas até de economistas alinhados
ao governo e de influenciadores de educação financeira, como a Nath Finanças e
o Gil do Vigor, que questionam o próprio uso do FGTS. Muitas vezes, o fundo é a
única coisa que o trabalhador tem como garantia da dívida.
Além disso, os juros ainda estão em um patamar
distante daquele que o governo espera. Em simulações feitas pelo blog da Julia
Duailibi, com valores diferentes, as propostas estão acima de 3% ao mês. O que
ajuda a explicar por que há mais simulações e solicitações de propostas do que
contratos fechados.
Por fim, a ministra Gleisi Hoffman, da Secretaria de
Relações Institucionais, precisou apagar uma postagem nas redes sociais em que
dizia para os endividados pegarem o “empréstimo do Lula”, dando munição à
oposição.
Campanha pedindo cautela
Diante disso, o governo deverá fazer uma campanha de
esclarecimento do novo consignado. Segundo o Palácio do Planalto, o centro da
campanha vai ser dizer à população que a modalidade tem de ser usada com
cautela e principalmente para substituir dívidas que estão rolando com juros
muito maiores — cheque especial, empréstimo direto, cartão de crédito.
A expectativa do governo é de que os juros irão
baixar nas próximas semanas, à medida que os grandes bancos começarem a operar
o sistema. Bradesco, Itaú e Santander ainda não estão operando o novo
consignado, o que só ocorrerá daqui um mês.
Ao blog, o presidente da Caixa, Carlos Antônio
Vieira Fernandes, afirmou que o juro médio do banco está em 2,5%, mas pra
alguns trabalhadores já chega a 1,7%. Ee acredita que é possível praticar um
juro médio de 2%. O banco já disponibilizou R$ 226 milhões em empréstimos do
novo consignado.
No Banco do Brasil, o juro médio hoje é de 2,52% e
já foram emprestados R$ 300 milhões em novos contratos. Até agora, segundo o
governo, as transações desse consignado já somam R$ 1 bilhão.
Outras fontes do governo também afirmaram que o juro
para o trabalhador de grandes empresas será menor do que a média do consignado
tradicional, que é de 2,89%. Essas fontes admitem que, no caso de empresas
menores, em que o risco é maior, o juro médio deve ficar acima de 3% ao mês.
‘Ainda tem uma série de dúvidas’
Segundo do presidente do Banco Central, Gabriel
Galípolo, os efeitos do novo consignado não entraram nas projeções, e a
instituição ainda não avaliou impactos do recurso.
“A gente tem visto desde o início estimativas que
têm variado muito sobre qual deveria ser o impacto, incialmente maiores e agora
menores. Também há muita dúvida sobre o quanto disso representa um fluxo novo
de crédito, o quanto representa uma substituição de dívida velha por uma dívida
nova e também como isso vai se desdobrar no tempo, ainda tem uma série de
dúvidas”.
G1
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